Universitários levam alegria e esperança a crianças hospitalizadas em Alagoas

Através do projeto Sorriso de Plantão, voluntários tem feito a diferença na vida de muitas crianças


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Grupo de voluntários do Sorriso de Plantão em atuação
Grupo de voluntários do Sorriso de Plantão em atuação

Rosiane Martins – estudante de Jornalismo

Você já deve ter ouvido falar neles. Os palhaços-doutores diferentemente dos doutores convencionais são, digamos, um pouco diferentes. Possuem nomes tanto quanto criativos como Dr. Raio de sol, Dr. Labafero, Dr. Pixú, usam roupas coloridas e criativas, dão verdadeiras injeções de ânimos e levam a sério o compromisso de levar solidariedade, alegria e sorrisos às crianças.

Os doutores da alegria levam doses de esperança aos pequenos e a toda sua família, permitindo a crianças que estão passando por um tratamento doloroso e cheio de restrições reencontrarem motivos para sorrir por meio do projeto Sorriso de Plantão, que teve início em 2002. A princípio, era realizado unicamente na Enfermaria Pediátrica do Hospital Universitário Alberto Antunes (HUPAA), logo depois a atuação foi expandida a todas as enfermarias e setores do Hospital.

Atualmente, o projeto atua no Hospital Geral do Estado (HGE) e também no Hospital de Doenças Tropicais (HDT).

Como funciona

Composto por alunos de várias áreas de formação (saúde, humanas e exatas), de faculdades do Estado e de cursos tecnológicos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) os voluntários fazem visitas periódicas ao HUPAA, HGE e HDT sempre aos sábados no turno vespertino. O Sorriso de Plantão interage na enfermaria pediátrica dos hospitais durante 3 horas, através de atividades em grupo e individuais.

Os alunos participantes pintam o rosto, usam adereços, entre eles o fundamental nariz vermelho e o jaleco branco. Usando de muita criatividade, realizam várias atividades, tais como brincadeiras, histórias, apresentação de filmes, peças teatrais, fantoches, adaptações das datas comemorativas, pintura, desenho, bolas de sabão, terapia da energia (através do poder do toque – calor humano), massas de modelar e até corridas de cadeira de rodas.

O voluntário

Todos os anos o projeto faz uma seleção para escolher novos palhaços-doutores, os candidatos fazem prova escrita, entrevista e apresentação artística (individual ou em grupo). Na última seleção, realizada em março deste ano, foram aprovados 60 candidatos, que começarão a atuar nos hospitais no final de maio, pois antes todos terão que passar por algumas capacitações.

Para exercerem as atividades no projeto os jovens precisam ter noção em musicoterapia, Ludoterapia e Arte de Clown, para isso eles contam com o apoio de profissionais da área que se disponibilizam a orientar voluntariamente os novos doutores, geralmente são profissionais que conhecem ou já fizeram parte do projeto. Pouco antes do início do plantão os doutores também procuram saber maiores informações sobre o estado geral do paciente e as questões psicológicas das crianças e de seus acompanhantes.

Segundo a voluntária Nerissa Fortes, a seleção é feita de forma extensa e minuciosa para que não haja erro na escolha, pois acontece de muitos quererem participar apenas pela carga horária. “Nós queremos pessoas que tenham como prioridade as crianças, por isso a seleção é um pouca extensa, queremos apenas aqueles que amam de verdade o principal objetivo do projeto que é alegrar os pequenos,” ressalta.

Além dos 60 voluntários, o Sorriso de Plantão conta com mais 20 pessoas que entraram no projeto nos anos anteriores e permanecem até hoje, assim o projeto conta com o total de 80 pessoas engajadas diretamente em suas atividades.

A experiência

Não são poucas as histórias vivenciadas durante esses 12 anos de existência do projeto que, com certeza, já fez dezenas de crianças um pouco mais felizes. Recém-formada em enfermagem, Nerissa Fontes está no projeto desde 2012 quando participou da seleção e entrou como integrante. No ano seguinte, foi líder do grupo do HGE e este ano virou coordenadora. “Pessoalmente só tive a ganhar, depois de cada plantão eu me sentia revigorada, cresci como pessoa e como profissional, aprendi a dar mais valor a minha vida e a minha família, me tornei uma pessoa mais humanizada”, destaca.

Para ela, o projeto é importante porque leva alegria a crianças que estão em situações tristes. “Os palhaços-doutores amenizam a dor, o sofrimento. Assim, a gente consegue compartilhar alguns momentos de alegria e isso é o mais importante, é comprovado que brincando as crianças podem sim melhorar.”

Nerissa ainda aproveitou o momento para relembrar uma das experiências que a emocionou durante o projeto. "Chegamos ao hospital fazendo barulho, cantando, transformando aquele branco em colorido, arrancando sorrisos pelos corredores. As crianças nos ouvem e já abrem as portas dos quartos, os olhos brilhando, um sorriso enorme no rosto. Teve uma criança que me marcou bastante, o chamava de Branquelo. Quando cheguei ele estava muito doente, bem debilitado, nem conseguia sentar-se sem ajuda. Durante os sábados seguintes, pude acompanhar sua melhora , passaram-se dois meses com ele internado no hospital até que em um sábado, quando cheguei, ele estava em pé e me esperava na porta, quase não acreditei. O projeto Sorriso de Plantão transforma a dor, o choro e a angústia em felicidade, alegria e sorrisos. A experiência e a sensação de saber que, de alguma forma, você ajudou no tratamento daquela criança é mágica e vê-la recuperada não tem preço”, concluiu.