Estudantes discutem a relação do Direito com a sociedade

Pedro Barros - estudante de jornalismo 

Na manhã da sexta-feira, 2 de maio, debaixo de muita chuva, estudantes de faculdades do nordeste foram ao auditório da Reitoria da Universidade Federal de Alagoas, no Campus A. C. Simões, discutir o "Direito à Cidade e Higienização Social". A palestra foi uma das discussões do 27º Encontro Regional dos Estudantes de Direito (Ered), que começou na quinta-feira, 1º de maio, e seguiu até domingo, 4, em Maceió. 

O evento é um dos três encontros estudantis realizados neste fim de semana, no campus. Com o tema "Direito e Estado de Exceção: a criminalização da rebeldia em tempos de crise", o ERED incluiu paineis, debates, oficinas, minicursos, apresentações de trabalhos, plenárias e grupos de discussão. Entre os temas discutidos, estiveram as manifestações políticas nas ruas, a formação jurídica, a exploração e o turismo sexual, os mega-eventos no Brasil e suas implicações sociais. 

No segundo dia, compuseram a mesa o professor Túlio Vianna, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a professora Alessandra Marchioni, do curso de Direito da Ufal e a coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Débora Nunes. 

A professora Alessandra falou da necessidade de se relacionar o Direito com as demais Ciências Sociais, como a Sociologia. "O Direito não pode se fechar em si mesmo, ele deve responder às demandas da sociedade real; servir para promover o equilíbrio e não, como tem sido, para manter a dominação", explicou a especialista. Segundo ela, a segregação social da população da periferia não é apenas uma descentralização geográfica, mas reflete a falta de foco da Justiça sobre essas pessoas. 

Para a estudante de Direito, Clau Soares, da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) de Arapiraca, a proposta de inserir a reflexão social dentro das ciências jurídicas é uma demanda importante no mundo contemporâneo. "O curso de direito é tido muitas vezes como elitista. Nós, como futuros profissionais da ordem, temos de nos colocar no lugar do outro e assim pensar numa mudança social", comentou.