Intercâmbio amplia o conhecimento acadêmico e a visão de mundo dos estudantes

Carlos Eduardo relata a rica experiência pessoal e acadêmica numa universidade italiana


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Estudantes dos programas de intercâmbio na Itália
Estudantes dos programas de intercâmbio na Itália

Lenilda Luna - jornalista 

No período de 2012 a maio de 2014, a Universidade Federal de Alagoas enviou 401 universitários para estudar no exterior, sendo 364 em programas de intercâmbio como Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal, e 37 nos programas para vários países mantidos pelo Santander Universidade. Em geral, os estudantes de graduação ficam um semestre tendo aulas em outra universidade e recebem bolsa para pagar as despesas de moradia e alimentação. 

As experiências vividas pelos estudantes são descritas como uma grande oportunidade de crescimento acadêmico e pessoal. Em um país desconhecido, eles aprendem a se adaptar ao sistema de ensino e avaliação adotado na universidade que os recebe, fazem novos amigos, conhecem diferentes culturas. Para muitos desses estudantes, é a primeira viagem ao exterior. Uma oportunidade de vivenciar uma rotina completamente diversa da que estão acostumados, estimulando-os a se comunicarem e aprenderem em outra língua, experimentando situações novas, desde a alimentação ao clima. 

O estudante de Engenharia Química Carlos Eduardo de Farias Silva viveu intensamente essa experiência de intercâmbio internacional. Ele cursou dois semestres da graduação, de agosto de 2012 a outubro de 2013, na Universidade de Pádua, na Itália, em intercâmbio pelo Programa Ciência Sem Fronteiras. "Na seleção, fui aceito em três universidades italianas: Universidade de Florença, Universidade de Bologna e Universidade de Pádua. Quando decidi ir para Pádua, tive que me preparar as pressas para a viagem", conta o estudante. 

Carlos Eduardo passou pela ansiedade de todos os alunos que se preparam para o intercâmbio, mas não perdeu o foco. "O que me preocupava era como aproveitar meu intercâmbio não apenas para conhecer um lugar novo, mas para aprender tanto com as aulas como com um estágio ou pesquisa. A adaptação às aulas em língua estrangeira é sempre um desafio para quem faz intercâmbio, mas o Carlos se saiu bem. "No início, senti dificuldade, mas consegui superar com um curso intensivo de um mês. Comecei a ir para as aulas e anotava tudo o que fosse possível, comprei todos os livros e imprimi todas as aulas para poder me dedicar e conseguir as aprovações necessárias que não atrasariam meu curso no Brasil", relatou o estudante. 

Mas o estudante alagoano sentiu uma grande diferença em relação à iniciação científica. Enquanto na Ufal os alunos são estimulados a participar de grupos de pesquisa desde o início da graduação, em muitas universidades europeias os estudantes apenas se dedicam ao aprendizado da disciplina e só depois se preocupam com estágios e pesquisas. Carlos Eduardo tinha essa meta de participar de uma atividade de pesquisa e para isso, insistiu bastante com os professores. "Como o programa era novo, nem todos os professores sabiam que nos podíamos fazer pesquisas em seus laboratórios e isso fez com que eu ouvisse vários nãos ao longo do meu percurso, o que me desanimou bastante", contou o universitário. 

Depois de muita persistência, Carlos Eduardo conseguiu o apoio do professor Alberto Bertucco e foi trabalhar com ele. "Consegui minha tão sonhada experiência cientifica no intercâmbio, mas tive que estudar bastante italiano para fazer as provas e ainda tinha as disciplinas ministradas em inglês.  Mesmo assim, consegui permanecer no estágio com o professor Bertucco, sob a co-orientação da biotecnóloga industrial, Barbara Gris, e Eleonora Sforza, que me ensinaram bastante", contou o estudante. 

Com o aprendizado que o estudante teve no intercâmbio sobre o cultivo de microalgas para aplicação bioenergética, seja na produção de biocombustíveis ou energia através da termeletricidade, ele produziu dois artigos: o primeiro intitulado de "Simulation of a microalgae in a continuous photobioreactor with sedimentation and partial biomass recycle", apresentado em forma oral no XXXVI ENEMP – Congresso Brasilerio de Sistemas Particulados, em Maceió, em outubro de 2013. O segundo, "Effects of light on cultivation of Scenedesmus obliquus in BAT", que será apresentado no IV International Conference on Industrial Biotecnology, em Roma na Itália. 

Ao retornar para o Brasil, o aluno apresentou o relatório de estágio sobre "Cultivo de microalgas em fotobiorreatores: experimentos e simulação" e obteve nota máxima. Carlos Eduardo colou grau em 13 de fevereiro e já participou em seguida de seleções de mestrado, sendo aprovado em segundo lugar em Engenharia Química, além da aprovação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, ambos do Centro de Tecnologia da Ufal.  

A experiência de intercâmbio foi bem aproveitada pelo aluno, tanto do ponto de vista acadêmico quanto pessoal. "Conheci cidades memoráveis nos períodos de folga, como Amsterdã, Berlim, Paris, Barcelona, Marrakech, Rovigno, e as várias cidades italianas localizadas no norte e na parte central. Na faculdade, consegui aproveitar tantos créditos quanto um aluno italiano regular, fiz de duas línguas, participei em pesquisa e aprendi uma nova tecnologia, além de publicar artigos científicos. O Programa Ciência Sem Fronteiras proporcionou-me a oportunidade que sequer existia em meus pensamentos e por isso procurei me esforçar ao máximo", concluiu o agora mestrando, Carlos Eduardo de Farias Silva.