Estudante de jornalismo conta como foi trabalhar na cobertura da Copa 2014

Larissa Layane participou como voluntária do Centro de Mídia da Arena Pernambuco, em Recife


- Atualizado em
Larissa Layane trabalhou como voluntária da Copa
Larissa Layane trabalhou como voluntária da Copa

Pedro Barros – estudante de Jornalismo

Para Larissa Layane, fazer parte da história do futebol mundial foi somente um dos significados de ser voluntária na Copa do Mundo 2014. Na entrevista, a estudante do 6º período do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) conta como foi atuar no Centro de Mídia (SMC) da Arena Pernambuco, em Recife, vendo de perto todos os jogos ocorridos na cidade, durante o campeonato. Confira:

Portal do Estudante – Em que você trabalhou como voluntária da Copa?

Larissa – Fui voluntária de operações de imprensa num Centro de Mídia (SMC), setor instalado em todos os estádios da Copa, que é o 'QG' jornalistas e fotógrafos que cobriam o evento. Atuávamos diretamente com a imprensa em todos seus setores e o acompanhamento diário dos bastidores da mídia. Entre as atribuições dos voluntários dessa área estavam: auxiliar no controle das atividades da imprensa no campo e na tribuna; distribuição de escalações, resultados e informativos para os jornalistas; e apoio na preparação das entrevistas coletivas. O SMC inicia suas operações algumas semanas antes do início das partidas, por isso fui para Recife bem antes do começo da Copa.

Por ficar auxiliando na Tribuna de Imprensa, tive a oportunidade de ver as partidas ao vivo. Os dias eram bem iguais: correria antes dos jogos e calmaria durante. Mas a partida México x Croácia foi marcante. A torcida mexicana foi incrível! Muito vibrantes e alegres, trouxeram um ar diferente ao estádio. Aquele não foi “mais um jogo”, foi “o jogo”. E na nossa equipe havia dois mexicanos, então a comoção pelo país foi geral.

Portal do Estudante – Por que processo você passou para ser selecionada?

Larissa – Primeiramente, fiz minha inscrição no site da Fifa em setembro de 2012. O número de inscritos no Brasil foi recorde, então estava desacreditada que seria chamada. Em dezembro, recebi um e-mail com informações para um treinamento online. Pouco mais de um mês depois, recebi a confirmação de que havia sido aprovada na primeira fase. Depois vieram mais algumas fases entre treinamentos presenciais, testes de idiomas e mais treinamentos online. Em abril, finalmente o resultado. Havia sido aprovada para a Copa das Confederações. Depois de um bom trabalho desenvolvido lá, fui chamada de volta para a Copa do Mundo.

Portal do Estudante – O que mais te marcou nessa experiência, tanto para sua vida pessoal quanto profissionalmente?

Larissa – Uma dos fatos que mais me marcaram foi a mistura de povos e culturas. Incrível! Andar no Recife Antigo (local da Fifa Fan Fest) era algo indescritível. Os gringos tomaram as ruas, vindos de países vizinhos ou do outro lado do mundo. Haviam muito voluntários gringos também. Meu grupo de amigos que se reuniam para sair nas horas vagas era composto por latinos e europeus. Passava horas e horas falando apenas em inglês. Aliás, foi uma grande oportunidade para praticar mais e mais os idiomas estrangeiros que falo (inglês, espanhol e francês). Dentro do estádio, a experiência não ficou para trás. Estar perto, convivendo diariamente com os maiores nomes do jornalismo esportivo mundial é impagável! Conversar com eles, escutar suas experiências… Nossa, viveria tudo outra vez!

Portal do Estudante – Você chegou a fazer alguma matéria ou fotografia durante o voluntariado?

Larissa – Não, mas fiz uma crônica, intitulada “A Copa do Mundo no olhar de uma voluntária”

11 de junho de 2014. O despertador tocou cedo. Um dia diferente estava pela frente. Um dia que marcava o começo dos trabalhos na Arena Pernambuco para mim. Eu, uma jovem de 20 anos, fazendo parte da história do futebol mundial.

A Copa do Mundo que tenho assistido nestes dias é bem diferente da que vemos ao ligar sua televisão. É uma Copa do Mundo vista por uma voluntária de operações de mídias. A movimentação de jornalistas do mundo todo no Centro de Mídias, o SMC, a correria em dia de jogos e a alegria imensurável de cada um que ali está.

Achava que iria encontrar uma Arena Pernambuco igual a que deixei em 2013 após a Copa das Confederações, na qual também fui voluntária. Engano meu. Não era apenas o amarelo do ano passado que tinha dado lugar ao azul deste ano. Tudo estava diferente. Notei naquele momento a importância do evento-teste. As falhas do ano passado não se viam mais. E as exigências agora estavam bem mais rígidas.

Chegou então o grande dia. O dia da estreia de Recife na Copa. O dia de dar atenção redobrada a cada detalhe. Desde a água da coletiva de imprensa aos cartões de acesso dos jornalistas às áreas de mídia. Da tribuna de imprensa, vi japoneses – que lotaram as arquibancadas do estádio – cantando a plenos pulmões o hino nipônico, e os marfinenses fazendo a festa, com coreografia e muita alegria. A bola rolou e a Costa do Marfim venceu. Concluímos nossos trabalhos naquele dia com sucesso. Mas ainda era necessário ter cautela. Mais jogos estavam por vir.

O destaque ficou mesmo para o terceiro jogo realizado na Arena Pernambuco. Era México x Croácia. A torcida mexicana foi a mais animada que vimos. Nada se igualava. Eles vinham fantasiados, estavam em todo lugar. Um mar vermelho tomou conta do estádio pernambucano. E mesmo assim a atenção de nós, brasileiros, estava voltada para outro fato. Era dia 23 de junho, 17hs. Isso significava que estávamos prestes a ter um jogo simultâneo com o do Brasil.

E, naquele momento, entendemos a magia da Copa do Mundo. A torcida brasileira que se fez presente no estádio comemorou gols. Mas não foram os dos mexicanos e sim os da seleção canarinho. Euforia e comoção tomavam conta daquele ambiente a cada bola na rede de Neymar e cia. Foi, sem dúvidas, o melhor dia de trabalhos.

E que me perdoem todas as seleções que entraram naquele campo e saíram vitoriosas, porque a maior vitória foi a minha. Vi a Copa no meu quintal, ao vivo e a cores. Obrigada, futebol, por protagonizar uma das maiores alegrias da minha vida.