Aluno do Instituto de Matemática vai fazer doutorado sanduíche em Princeton

Abraão superou dificuldades e agora vai estudar numa das mais conceituadas universidades do mundo


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Professor Marcos Petrúcio, de branco, ao lado do aluno Abraão
Professor Marcos Petrúcio, de branco, ao lado do aluno Abraão

Lenilda Luna - jornalista 

São bem conhecidos os indicadores negativos da educação básica em Alagoas. O Estado ainda precisa investir muito para melhorar a colocação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Na avaliação divulgada este ano, mais uma vez as redes públicas ficaram abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Educação. 

Por causa dessas deficiências tão conhecidas, que incluem carência de professores, principalmente na área de Ciências Exatas, e falta de estrutura das escolas, quando um aluno se destaca, essas conquistas chamam a atenção, porque certamente são fruto de uma história de superação e dedicação aos estudos. 

É o caso do aluno Abraão Mendes do Rêgo, que estudou o ensino fundamental e médio em escolas públicas do bairro onde mora, o Benedito Bentes, na parte alta de Maceió. O ex-aluno da escola estadual Dom Otávio Brandão começou a se envolver em atividades do Instituto de Matemática da Ufal quando estava no 9º ano do ensino fundamental, ao 17 anos, quer dizer, fora da faixa etária para essa série. 

Mas o período de atraso nos estudos foi superado quando ele se apaixonou pela matemática e se tornou bolsista no Programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (Bic Jr), criado pelo Governo Federal para inserir estudantes do ensino fundamental e médio em atividades de pesquisa científica, com o objetivo de estimular o interesse pelo estudo. 

A proposta funcionou muito bem em relação a Abraão, porque com o Bic Jr ele encontrou apoio para correr atrás do prejuízo, fazer supletivo para acelerar os estudos e ingressar na Ufal, no curso de bacharelado em Matemática, começando os estudos em 2007. Assim que concluiu a graduação, em 2011, Abraão já foi aprovado para o mestrado em Matemática e, em seguida, para o doutorado, iniciado em janeiro de 2013. 

O orientador de Abraão, professor Marcos Petrúcio de Almeida Cavalcante, fica entusiasmado com a dedicação do aluno. "Abraão se esforçou bastante, tem uma história exemplar de superação e agora foi selecionado para passar um ano em uma das universidades mais conceituadas do mundo na área de Matemática, onde vai ser orientado por outro pesquisador alagoano, renomado internacionalmente, que é o professor Fernando Codá", ressaltou o orientador. 

Abraão vai para Princeton, passar um ano em doutorado sanduíche, a partir de fevereiro de 2015. "Estou bastante otimista, principalmente por trabalhar com Fernando Codá, que é um matemático reconhecido internacionalmente. A Universidade de Princeton é um celeiro de grandes matemáticos, muitos deles agraciados com a medalha Fields. É a realização de um sonho para um matemático em início de carreira, como eu", declarou Abraão Mendes. 

Para Alagoas, a conquista do aluno também vai ter reflexos positivos, porque ele pretende voltar e contribuir com a melhoria da qualidade do ensino no Estado, cujas deficiências ele conhece bem, por experiência própria. "Meu plano é voltar para Maceió, porque amo minha cidade. Quero fazer concurso público, para contribuir não só com o ensino superior, mas com a melhoria da qualidade do ensino de Matemática na educação básica", comprometeu-se o pesquisador.