Estudante fala sobre sua experiência em Brisbane

Rodrigo Rebouças foi nomeado embaixador-estudantil em abril e participará de evento ligado à reunião do G20


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Cearense de 22 anos, Rodrigo Rebouças foi nomeado embaixador estudantil da cidade de Brisbane, na Austrália
Cearense de 22 anos, Rodrigo Rebouças foi nomeado embaixador estudantil da cidade de Brisbane, na Austrália

Pedro Barros - estudante de Jornalismo 

As 13 horas de diferença e as dezenas de milhares de quilômetros de distância não intimaram o estudante de medicina Rodrigo Rebouças a desbravar um intercâmbio literalmente do outro lado do mundo. Desbravar porque se não bastasse a saudade dos entes queridos e todos os desafios de um intercâmbio, o jovem de 22 anos foi eleito por um ano embaixador estudantil do Brasil em Brisbane, uma das principais cidades da Austrália, que será sede do encontro do G-20. 

Rodrigo, natural do Ceará, ingressou no primeiro semestre de medicina na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em 2011. Já fez um intercâmbio para Israel, por meio do Centro de Estágios e Vivências (CEV) do Centro Acadêmico Sebastião da Hora (Cash), da Faculdade de Medicina da Universidade. Por meio do programa federal Ciência sem Fronteiras, partiu para Brisbane em julho de 2013 e retorna ao fim deste ano. 

Antes de seguir a pé para mais uma aula matinal na Universidade de Queensland (UQ), o estudante concedeu entrevista à Assessoria de Comunicação de sua instituição de origem - enquanto por aqui o céu já estava escuro. A nomeação como embaixador e as diversas atividades voluntárias em que ele se engaja na cidade foram temas da conversa. Confira: 

Ascom - Em abril, você foi apontado como "Brisbane International Student Ambassador". O que significa esse título, como funcionou a seleção e quantos estudantes concorreram? 

Rodrigo - É um programa que seleciona estudantes, um de cada país, para representar a cidade para suas respectivas comunidades, bem como a instituição de ensino do estudante (no meu caso, a Universidade de Queensland). Me candidatei desde o final de 2013, eles deram um longo prazo para vários estudantes se inscreverem. Eu acredito que o fato de já ter tido outras experiências de estudo no exterior, ser engajado em várias atividades na universidade – sobretudo na minha de origem, a Ufal – e de estar participando do programa Ciência sem Fronteiras – o qual já se tornou bastante famoso mesmo entre os outros estudantes internacionais – de certa forma me ajudou a ser escolhido. 

Não sei ao certo quantos estudantes submeteram candidatura, mas creio que foram muitos: a cidade por si já tem 75 mil estudantes internacionais, o programa é muito bom e está ficando cada vez mais conhecido através da gente. Brisbane é um dos destinos mais procurados na Austrália e as universidades estão estre as melhores do mundo. 

Ascom - Você vai participar de alguma atividade do G20? 

Rodrigo - Estou participando de um projeto que faz parte das celebrações do G20. No caso, esse projeto apareceu como um "braço" do que estamos fazendo no programa dos embaixadores. Por ser brasileiro, recebi o convite para ajudar na ideação do que será uma festa para mais de 20 mil pessoas. O nome desse evento é Fiesta Latina. 

Quero deixar claro que é um trabalho voluntário da minha parte e dos outros embaixadores. Não estamos recebendo nada em dinheiro por isso. Estamos nos empenhando porque é nossa cultura que estamos celebrando! Me sinto na obrigação de colocar um toque brasileiro nesse evento. Mas quanto à atender diretamente às reuniões do G20, eu acho difícil, porque há muita segurança envolvida e não sabemos os planos dos líderes de governo. Talvez possamos participar de alguma outra forma... Seria uma honra ter a oportunidade de ver os líderes em pessoa! 

Ascom - Além dessa atividade, de que movimentos na cidade e na UQ você participa? 

Rodrigo - Nós participamos de experiências quinzenais em Brisbane e região, nos engajamos na fomentação de eventos que integram a comunidade estudantil, bem como nos voluntariando durante eventos multiculturais e assistindo na recepção de delegações em visitas oficiais. São muitas atividades. Participei recentemente do Young Leaders' Dinner [jantar dos líderes juvenis] uma cerimônia social com o prefeito de Brisbane. Há umas semanas estava participando da gravação de um comercial sobre segurança pessoal para ser lançado no final do mês. 

Varia muito: desde atividades voltadas ao lazer - jantares, passeios, ofertas de viagens para o entorno de Brisbane - como voltadas ao meio universitário - como participar da semana de abertura das aulas (o-week), eventos como Brisbane Welcome Festival (festa de boas-vindas ao estudantes, que conta com shows e várias apresentações), convites para participar de encontros internacionais que estão acontecendo aqui (como Women of the World Festival, que luta pela igualdade de gêneros e o direito das mulheres no mundo)... 

Ascom - De quem é a iniciativa desses eventos? 

Rodrigo - Como o programa é bem conhecido por várias empresas, associações e instituições, eles contactam o Brisbane Marketing para que façamos alguma atividade com eles.Não acho que há melhor forma de sentir a cidade e de fato viver a vida acadêmica se você não participa de eventos e se envolve na construção deles. Eu sou do tipo que vejo uma oportunidade, já vou bater na porta seja de quem for. Acho que todo mundo tem que ser um pouco assim, minha opinião. O máximo que você perde tentando é ouvir um não. Isso já nem dói mais. [risos] 

Ascom - Por que você escolheu a Austrália? 

Rodrigo - Olhando de agora já parece que foi um tempão, mas lembro que quem me ajudou com o processo e a escolha do país foi o professor Pedro Valentin. Escolhi a Austrália porque já havia feito intercâmbio em Paris e em Israel e eu estava interessado em algo novo, um lugar diferente mas que ainda fosse um bom país para se estudar. Entre Canadá e Austrália, o clima quente daqui [Brisbane] foi um fator bem forte. [risos] 

A Austrália é um pais encantador e muito jovem, no sentido de que há muita coisa para pessoas nesse perfil, como esportes radicais, praias boas para surfe e muita gente jovem. As pessoas são calorosas e animadas... Há um respeito enorme pelas diferenças e ninguém aqui é julgado pela aparência, pela roupa que veste, pela origem, pela condição financeira e nem pela orientação sexual. Todos são iguais.

Já Brisbane está no meu coração desde o primeiro dia! Muito receptiva. Aqui você sempre encontra o que fazer e pessoas para compartilhar bons momentos. A cidade é muito multicultural, tem gente de todos os lugares do mundo! 

Ascom - Como é a rotina na Universidade de Queensland? 

Rodrigo - As aulas de medicina acontecem tanto de manhã, quanto a tarde e à noite. Depende do seu horário. As minhas são de manhã e a tarde. A universidade é maravilhosa, um sonho mesmo. Super bem estruturada, organizada, bem equipada, limpa e segura. Podemos andar no campus a hora que for que não existe perigo algum. 

Ascom - Como foi pra se acostumar com o fuso-horário inverso? 

Rodrigo - Foi muito tranquilo pra mim. É só segurar o sono por um dia inteiro e logo o relógio biológico se adapta. Mas tem gente que demora e fica acordando de madrugada. A coisa mais bizarra nisso é o fato de você acordar de manha desejando "bater" um prato de macarronada. [risos] 

Ascom - Que recado você quer mandar para sua família, amigos, colegas e professores da Ufal, cearenses, alagoanos e brasileiros? 

O sentimento que me vem é o de agradecimento pelo apoio de todos. Não é fácil se lançar nessa jornada para morar em outro país do outro lado do mundo. Mas com o suporte de todos, os desafios da vida longe de casa se tornaram mais "vencíveis". 

Adoro saber notícias da Ufal. Estou morrendo de saudades da minha Ufal! Eu sei que ela tem seus problemas, mas eu me sinto parte dela, entende? Mesmo adorando a UQ, sinto que a Ufal é minha família. Saudade dos professores, dos amigos, do Hospital Universitário, enfim, da rotina de sempre.