Estudantes começam a se preparar para intercâmbio em países latino-americanos
México e Argentina são os destinos de cinco graduandas selecionadas pelo Bolsas Santander
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Jhonathan Pino - jornalista
Cinco estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) já estão se preparando para estudar fora do país. Karen Daniele, Ana Carolina Rebêlo, Marina Caroline Santos, Jade Sarmento e Eliane da Silva assinaram o Termo de Adesão do Programa de Bolsas Ibero-Americanas 2015, no dia 18 de junho, e devem partir para as universidades no primeiro semestre de 2016.
Eliane, por exemplo, é aluna de Letra Espanhol do Polo de Santana de Ipanema, na modalidade de Educação a Distância (EAD), e vai para a Universidad Nacional de Córdoba, na Argentina. Oriunda de São José da Tapera, ela relatou que o curso foi essencial para a sua seleção no programa. “Posso afirmar que a minha preparação vem do curso que faço, ou seja, da graduação: Letras/espanhol EAD. Temos excelentes professores, os quais, nos proporcionam uma aprendizagem de qualidade. O ensino EAD é maravilhoso. Possui qualidade. Posso afirmar que, só não aprende quem na realidade não se dedica ao curso. Na realidade foi uma preparação assídua e contínua no decorrer desses cinco períodos de graduação. Tenho orgulho em dizer que sou aluna da Ufal”, salientou a discente.
Quem também vem de um curso do interior é Marina, aluna de Serviço Social da Unidade de Palmeira dos Índios. Moradora de Lagoa da Canoa, A estudante escolheu a Universidad Autonoma de Yucatán (UADY), localizada na cidade de Mérida, capital do estado de Yucatán, México, para viver por um semestre acadêmico. “Inicialmente, escolhi uma universidade no México porque sempre sonhei em conhecer esse país e sua cultura, aprender o idioma e também sempre soube que com apenas uma viagem de férias, por exemplo, não seria suficiente para o que eu quero e pretendo desse país. Quando recebi o email informando sobre a bolsa de estudos Ibero-Americanas logo vi que seria a minha oportunidade. Outro motivo pelo qual escolhi especificamente a UADY, foi o fato da linha de estudo da Universidade se encaminhar pela área da saúde que é a área na qual eu me dedico desde que entrei no curso de Serviço Social”, relatou a estudante.
A instituição será a mesmo que Ana Carolina, do curso de Ciências Econômicas, do Campus A.C Simões. Há tempos ela vem se preparando para uma experiência em um país de língua espanhola. “Eu estudo espanhol há dois anos e meio, sem dúvida, isso foi fundamental na seleção. Eu sabia que essa seria minha grande oportunidade de estudar no exterior, então, passei a me dedicar muito mais. Ler livros, revistas, matérias e assistir reportagens em espanhol era a minha rotina. Não tive nenhuma orientação sobre como me preparar para a seleção, porém estava claro para mim que não bastava apenas falar o idioma, eu deveria ser uma aluna de destaque. Sempre me preocupei com minhas notas na graduação, em manter um bom rendimento e em contribuir, de algum modo, com a universidade. Passei a trabalhar em publicação de artigos, também participei de vários eventos, apresentações de trabalhos e cursos em minha área de atuação”, lembrou Ana Carolina.
Jade irá para a Universidad Nacional de Córdoba, na Argentina. Para a estudante de Psicologia, o intercâmbio será um passo a mais para o mestrado. “A ideia de seguir carreira acadêmica me dá um pouco de medo, mas também me encanta. Acredito que ao estudar na Universidad Nacional de Córdoba estarei bem pertinho desse mestrado desejado e desse possível futuro como professora, além de ser uma experiência que contribuirá significativamente para uma 'maior' formação de qualidade”, acreditou.
A cidade de Córdoba também será a nova moradia de Karen. A estudante de Direito conta que o que a envolveu na hora de tomar a decisão pela instituição foi a história recente de reformas universitárias "que a renovou e a tornou mais democrática e participativa para os estudantes”, e mais, “minha perspectiva é de poder estudar o Sistema Interamericano de Direito, conhecendo a realidade de um país vizinho tão importante quanto a Argentina e trazer as experiências de volta para o Brasil”, planejou Karen.
Processo de seleção
Quando se é selecionado, as coisas parecem bem mais fáceis de relatar, no entanto sabe-se que são poucos os estudantes que tiveram a oportunidade de intercâmbios durante a graduação. As distâncias, os custos, a concorrência sempre deixa o sonho mais longe, mas as dicas dessas cinco garotas podem nos ajudar a entender quais são os passos que devem ser tomados para estudar fora do país.
Tudo começa com o edital que sempre é publicado com antecedência pela Assessoria de Intercâmbio Internacional (ASI). Os programas mais comuns são o Ciências Sem Fronteiras (CsF), Erasmos Mundus, além das Bolsas Santander, como o Luso-brasileiro, o Top China, o Top México e Formula Santander. No caso das Ibero-americanas, o último edital foi lançado no dia 17 de março.
Ana Carolina falou um pouco sobre suas impressões, “o processo de seleção foi prático, tudo estava devidamente explicado no edital, divulgado no site da Ufal”. O Portal da Ufal foi essencial para todos eles, e muitas vezes se torna o único recurso para quem é da EAD, como é o caso de Eliane, “sou assídua ao site. Todos os dias o acesso”, relatou a estudante de São José da Tapera.
Além de se inscrever no site da ASI, elas tiveram que passar por três etapas, a primeira, onde os colegiados dos cursos fazem a seleção para o envio de um aluno que melhor atenda os critérios do Edital, como bom rendimento acadêmico, domínio do idioma, ou ter realizado o mínimo de 20% do curso.
A segunda etapa é realizada na ASI, onde a entrevista, as provas orais e escritas de idioma, o desempenho acadêmico e a convivialidade social são levados em conta. Os resultados são enviados para as instituições receptoras dos alunos, que, conforme seus critérios, realizam o aceite do aluno, finalizando assim a terceira etapa.
Marina Caroline nos relata como se preparou. “Eu estudo espanhol desde criança, me inscrevi em um instituto de línguas, mas não cheguei a concluí-lo, a maior parte do que aprendi foi em casa, com a leitura de textos e escutando músicas diariamente. No período da seleção me inscrevi em um curso de línguas, busquei informação com relação a prova com alguns colegas que já haviam participado do mesmo programa e realizei muitos testes de proficiência em espanhol”, disse a graduanda de Serviço Social.
Para ela, a grande dificuldade foi controlar o nervosismo na hora dos testes “e a ansiedade pós-testes, na espera pelo resultado, sentimentos que a meu ver são naturais pra quem deseja muito, algo”, frisou Caroline.
Jade não precisou de muita coisa. “Revisei algo da gramática num livro de espanhol do curso de idiomas. Uma amiga minha me falou um pouco sobre como era a prova escrita e oral”, falou a graduanda de Psicologia.
Mas quem parece ter se preocupado mais com o processo foi Karen, que apesar de tudo, disse que não houve dificuldades, “todas as fases foram respeitadas e feitas no prazo correto, seguindo os critérios elencados no edital”, e acrescenta “minha preparação foi seguir todas as orientações do edital, preparar bem o currículo lattes e a documentação necessária. Para a fase da prova de espanhol, me preparei com antecedência, revisando pontos importantes que poderiam ser abordados sobre o conhecimento da língua estrangeira. Recebi orientação de amigos que já foram contemplados pela Bolsa Santander e da professora de Direito Internacional, minha orientadora”.
Expectativas para o próximo ano
Com exceção da Jade, o intercâmbio será uma coisa inédita na história das famílias de todas essas estudantes. No entanto, elas se assemelham numa coisa, as expectativas para 2016. “Minha meta é usufruir o máximo possível do conhecimento que estiver ao meu alcance e o melhor de tudo, estarei em meio a falantes nativos da língua espanhola com suas peculiaridades das variações linguísticas e suas culturas. Será uma aprendizagem inesquecível e encantadora”, acreditou Eliane.
“Busco aprimorar o idioma e, sobretudo, adquirir mais conhecimento na área econômica, me tornando uma profissional de destaque no mercado. Com toda certeza, essa experiência irá contribuir tanto para o meu crescimento profissional como pessoal”, acrescentou Ana Carolina.
Marina Caroline planeja aproveitar ao máximo, tanto pessoal, quanto profissionalmente. “Espero conhecer as vertentes da minha profissão nesse país, os campos de atuação, de que maneira funciona as políticas sociais e como o profissional do Serviço Social atua frente as expressões da questão social que mais se visualizam”.
Para realizar os intercâmbios, as alunas receberão bolsas de 3 mil euros para os gastos com passagens, hospedagem, deslocamentos, seguro-saúde e demais custos com os consulados.