Ex-aluno de Computação da Ufal disponibiliza software para editoração de trabalhos acadêmicos

Yguaratã Cerqueira e dois colegas passaram os quatro últimos anos desenvolvendo o FastFormat


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Yguaratã Cerqueira relata que já existem mais de mil pessoas utilizando o FastFormat
Yguaratã Cerqueira relata que já existem mais de mil pessoas utilizando o FastFormat

Jhonathan Pino – jornalista

Ao perceberem a dificuldade de entender e aplicar as normas de formatação de textos acadêmicos aos softwares de edição existentes, três colegas da pós-graduação em Computação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) viram uma oportunidade de ofertar um software útil para estudantes e professores de todo o país. Yguaratã Cavalcanti, Bruno Melo e Paulo Silveira passaram os últimos quatro anos desenvolvendo FastFormat, disponível há dois meses de forma gratuita para o público.

Atualmente o software é capaz de facilitar a vida de interessados em produzir artigos de conferência e periódicos, trabalhos de conclusão de curso, monografias, dissertações e teses de quaisquer instituições, que tenham como referência a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Ex-aluno de graduação do Instituto de Computação (IC) da Universidade Federal de Alagoas, Yguaratã garante que, com o passar do tempo, as especificidades de cada instituição estão sendo atendidas. Além de universidades, como a Ufal e a Universidade São Paulo (USP), vários periódicos estão sendo contemplados pela iniciativa, como por exemplo, a Revista Acta de Enfermagem, American Psycological Association, e a Sociedade Brasileira de Computação.

Dentro do programa, o usuário trabalha a partir de modelos prontos, chamados templates, que permitem ao usuário a troca de conteúdo, com apenas alguns cliques. “Também tivemos o cuidado de desenvolver o FastFormat de maneira que o usuário não se sinta preso a nossa solução. O documento produzido pelo FastFormat pode ser exportado para vários outros softwares, como Word, Open Office e LaTeX. Isso é um compromisso que assumimos desde o início”, enfatizou Yguaratã, em entrevista concedida à Ascom.

Produção coletiva

Atualmente morando em Florianópolis, Yguaratã relata que a produção do protótipo do programa ocorreu em 2011, quando estava fazendo o doutorado na UFPE. Mas aquela primeira versão não foi disponibilizada ao público, porque exigia conhecimentos avançados em editoração de texto.

“Em meados de 2012, começamos a redesenhar o software para deixá-lo mais amigável e, assim, ajudar a um público maior. Hoje em dia, pouquíssimo conhecimento de editoração de texto é necessário para utilizar o FastFormat. Toda a diagramação do texto e formatação de referências são feitos pelos templates”, detalhou.

As etapas seguintes foram a de validação do protótipo, com o auxílio de pesquisadores e estudantes próximos aos programadores. Após entenderem os desafios, eles desenharam toda a arquitetura do software. “A versão atual do FastFormat também passou por validações antes de chegar ao público em geral. Selecionamos um grupo de pessoas do público-alvo para que utilizassem a ferramenta e, somente após resolver todos os problemas identificados nessa etapa, resolvemos liberar para todos os interessados. O processo para chegar ao ponto em que o FastFormat está foi demorado e cuidadoso, uma vez que o software lida com informação extremamente valiosa”, frisou Yguaratã.

O programador ainda destaca que as dificuldades para realização do software não foram só de ordem tecnológica, mas também exigiu do grupo um gerenciamento de conteúdo e custos para que tivesse fácil manejo. “Fazer qualquer editor de texto para web é uma tarefa complexa. Temos que integrar várias tecnologias, desde linguagens de programação diferentes até produtos de software que precisam trocar mensagens entre si. E, como em qualquer início de projeto, os recursos são limitados, exigindo que nós três tenhamos domínio total de todo o ciclo de vida de desenvolvimento e operação do software”, lembrou.

Serviços em desenvolvimento

O software está temporariamente gratuito para os usuários, mas à medida que ele for sendo desenvolvido, serão estabelecidos preços de acordo com o nível de utilização do usuário. “Estamos constantemente dando manutenção nos templates e inserindo novos. Caso o usuário não encontre um template que satisfaça as suas necessidades, basta solicitar a inclusão de um novo, via funcionalidade do próprio FastFormat. Assim que o template for incluído, o usuário será notificado”, garantiu Yguaratã.

Ele ainda ressalta que outras melhorias estão sendo previstas, como as funcionalidades de revisão de textos e a possibilidade de criação de templates pelos próprios usuários. “Essa última vai demorar um pouco mais para vir a público, pois existem aspectos que tornam a criação automática de templates bastante complexa”.

Também há planos de fornecer cursos e materiais para ajudar o usuário na produção científica. Por hora, os programadores já disponibilizam http://blog.fastformat.co, que fornece tutoriais e dicas de escrita científica.