Alunos encontram a fórmula certa de multiplicar conhecimento
Universitários levam jogos matemáticos a alunos do ensino médio e fundamental da rede pública
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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo
Frações, equações, criptografia, conjuntos, trigonometria e diversos conceitos da Matemática têm conquistado o interesse de alunos do ensino médio e fundamental do Agreste alagoano. Desde 2010, projeto desenvolvido no Campus Arapiraca articula estudantes e docentes de licenciaturas, para melhorar a qualidade do ensino da região, e transforma uma das disciplinas mais “temidas” pelos jovens em divertimento, com a criação de jogos e ferramentas educacionais.
Modelo de ensino, pesquisa e extensão, o projeto faz parte do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) e está pautado na formação inicial e continuada de professores. Segundo José de Barros, coordenador do projeto, as ações buscam tornar o ensino das exatas mais lúdico e enriquecer a formação dos graduandos em Matemática.
“Os alunos de licenciatura atuam em sala de aula, ao lado dos supervisores, que são professores da rede básica. Nas escolas, eles testam novos jogos, ferramentas e tecnologias interessantes para a melhoria do ensino e da aprendizagem”, explicou professor Barros.
O trabalho, realizado em cinco escolas de Arapiraca, conta com a participação de 40 universitários e beneficia cerca de 300 alunos da rede pública estadual e municipal. Em ações pontuais, como gincanas e eventos científicos, a estimativa é de quatro mil jovens contemplados indiretamente.
Teoria + Prática + Inovação
“Nós queremos que o nosso futuro professor seja melhor do que aquele que o ensinou um dia”, salientou Barros. Para isso, segundo ele, o docente aposta na inovação e em modelos metodológicos diferenciados. “Nosso intuito é fazer com que o aluno da rede básica se envolva com a Matemática de forma mais atrativa – aprender com diversão. O aprendizado só é possível quando o aluno está envolvido com a disciplina”, reforçou.
Passados quatro anos, o projeto começa a apresentar os principais impactos sociais na região. Jovens beneficiados pelas ações do Pibid buscaram na Matemática uma profissão e ingressaram na Universidade Federal de Alagoas; outros, integrantes do programa como bolsistas, enxergam uma oportunidade a mais para a qualificação profissional.
Oficina de saber e transformação
Nas instalações do Campus Arapiraca funcionam o Laboratório de Informática, para a elaboração de softwares, e a oficina de jogos, um espaço destinado ao planejamento e à criação de ferramentas lúdicas para o ensino da Matemática. Entre papelão, cartolina, isopor, caixas, réguas e materiais reciclados, os alunos das licenciaturas desenvolvem produtos que estimulam a prática das operações básicas de multiplicação e divisão; o raciocínio lógico; as resoluções de equações; o estudo de trigonometria; e uma variedade de assuntos relacionados ao universo dos números.
O resultado desse trabalho é um acervo de brinquedos e materiais que têm feito a cabeça da garotada nas aulas de Matemática, na escola básica. O relógio trigonométrico, a pipa geométrica, os jogos de tabuleiro, as bússolas e o teodolito – útil para determinar ângulos e calcular alturas, estão entre preferidos.
Todas essas ferramentas são idealizadas por universitários do curso de Matemática com sede de conhecimento e prontos para multiplicar o saber, como é o caso de Jane Bezerra. Natural de Igaci, município a 28 km de Arapiraca, a estudante revela como a Universidade tem transformado sua vida e a de outras pessoas. “A Ufal não é a nossa segunda casa, é a primeira mesmo. Na maior parte do tempo, a gente está aqui, pesquisando, elaborando atividades ou trocando experiências”, refletiu.
Jane também avalia a importância do Pibid para sua formação. “Eu sempre sonhei em ser professora de Matemática e, hoje, tenho a oportunidade de ir para as salas de aula e receber a supervisão de um profissional. Também estou aprendendo a superar a resistência dos alunos à disciplina, por meio da elaboração de estratégias que aproximem essa garotada dos assuntos abordados. Essas técnicas, a gente leva para as escolas e para a nossa família também”, disse.
De braços abertos para a comunidade
Em Arapiraca, o Pibid tem aberto as portas da Universidade para a população, principalmente para a camada com maior vulnerabilidade socioeconômica. “Além de pagar bolsas para professores da rede básica e universitários, o projeto estreita as relações entre a Ufal e as escolas. Nós contamos com muitas ações planejadas e desenvolvidas nas instituições de ensino da região, trazemos seus alunos para eventos na Universidade e colaboramos com a formação dos futuros professores”, destacou Barros.
Algumas ações desenvolvidas pelo grupo da Ufal já fazem parte dos calendários acadêmicos das escolas beneficiadas pelo projeto, como gincanas e feiras de ciências, e representam o papel transformador da Universidade no interior alagoano.