Primeiro emprego com carteira assinada e a chance de mudar de vida

Núbia de Lima presta serviço na Ufal e também é aluna do curso de Geografia no Sertão


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Núbia estudou em escola pública, fez o Enem ao terminar o ensino médio e passou no Sisu
Núbia estudou em escola pública, fez o Enem ao terminar o ensino médio e passou no Sisu

Simoneide Araújo – jornalista

Como muitas mães de família, ela cuida da casa, do filho, o pequeno Gustavo, de 6 anos, ajuda nas tarefas da escola, à tarde trabalha na Universidade Federal de Alagoas e, à noite, é aluna do curso de licenciatura em Geografia, no Campus do Sertão. Essa é Núbia de Lima, 25, que teve a vida mudada com a chegada da Ufal à região sertaneja. Além de ter seu primeiro emprego com carteira assinada, ela conseguiu fazer o Enem e passar no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) logo após terminar o ensino médio.

Núbia trabalha há três anos e meio na empresa que presta serviço de limpeza à Universidade e é aluna desde 2014. “Quando eu fui chamada no Sisu senti uma felicidade imensa porque se não fosse a Ufal eu não conseguiria fazer um curso superior. Minha família comemorou muito. Sou a única que conseguiu chegar à Universidade. Meus familiares e parentes mal conseguiram chegar à 5ª série”, desabafou.

Natural de Santana do Ipanema, Núbia mora em Delmiro Gouveia há algum tempo e diz vencer as dificuldades a cada dia. A maratona de Núbia começa cedo e só termina de madrugada. Quando ela chega da aula, vai estudar para provas e trabalhos do curso porque durante o dia não tem tempo. “Minha jornada é pesada, mas estou vencendo. Além de ter sido difícil entrar na Ufal, tenho de conviver com a resistência do meu marido; ele não quer que eu trabalhe nem estude, mas eu sou mulher retada e não desisto do meu sonho. Eu estudei em escola pública e quando terminei o ensino médio fiz o Enem e consegui passar no Sisu. Hoje, já estou no segundo período do meu curso”, contou.

Segundo Núbia, o Campus do Sertão chegou para transformar sonhos em realidade. “A Ufal é uma oportunidade que eu e muitos jovens temos de mudar de vida. Até a Universidade chegar ao Sertão, a gente não tinha esperança de nada, nenhuma perspectiva. Agora, a gente sonha e ver esse sonho concretizado, pensa mais no futuro. Além de aluna eu sou funcionária e estou zelando do campus não só para mim, mas para todos poderem usufruir dele. Há muitas oportunidades não só para mim, mas para meu filho e meus futuros netos, porque considero que só com estudo a gente pode conseguir um futuro diferente e ter uma vida, melhor”, revelou.