Estudantes de Engenharia aprendem a reconhecer sinais do Autismo

Importância do diagnóstico precoce e busca pelo melhor tratamento também foram assuntos abordados durante palestra


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Estudantes participam do seminário promovido pelo PET.
Estudantes participam do seminário promovido pelo PET.

Thâmara Gonzaga - jornalista

No lugar dos cálculos matemáticos, estudantes de Engenharia da Universidade Federal de Alagoas reservaram a tarde da última sexta-feira (13) para aprender sobre Transtornos do Espectro Autista (TEA). Mais conhecido como autismo, o distúrbio afeta o desenvolvimento da linguagem, das habilidades sociais e comportamentais.

Numa palestra dinâmica e interativa com a professora do Centro de Educação (Cedu), Ana Carolina Sella, psicóloga com doutorado em Educação Especial, eles tiveram acesso a informações sobre como reconhecer o autismo, a importância do diagnóstico precoce, da busca pelo melhor tratamento e do profissional mais qualificado.

Wanderson Bruno, estudante de Engenharia Civil, aprovou a atividade. “Conheço crianças que receberam o diagnóstico e aqui pude conhecer de forma ampliada o que é o autismo”, disse. Fernanda Araújo, do curso de engenharia ambiental e sanitária, é uma das organizadoras e informa que o evento faz parte dos Ciclos de Seminário de Integração (CSI) promovidos pelos grupos PET de Engenharia Ambiental, de Engenharia Civil e do Ciência e Tecnologia. “Por essa ação, mostramos o quanto é importante adquirir conhecimentos que vão além das matérias de exatas”, defendeu.

Aos participantes, a professora explicou que, além do preconceito e da falta de informação, as famílias de crianças autistas enfrentam sérias dificuldades para conseguir diagnóstico e tratamento adequado, inclusive as que pagam seguradoras de saúde. “Por isso, é importante ficar atento, observar e identificar os principais sinais para agir o mais cedo possível”, alerta.

O ideal, segundo a pesquisadora, é que o diagnóstico ocorra antes dos cinco anos de idade. Dessa forma, com base em pesquisas na área, ela afirma que a terapia e o trabalho contínuo da família podem tornar o autista mais independente, diminuir o estresse parental, além de evitar alterações secundárias, como agressividade, depressão e ansiedade. “Muitos chegam a superar os sintomas e saem do espectro do autismo”, disse.

Ausência de gestos de atenção, como apontar o dedo para as coisas que interessam; falta de linguagem (não dizer as primeiras palavras); desinteresse pelos objetos na hora das brincadeiras e ausência de expressão facial para demonstrar raiva ou alegria são alguns dos sintomas do espectro autista, apontados pela pesquisadora, que podem ser observados nas crianças de 15 a 18 meses. “Se nos primeiros anos de vida, a criança prefere ficar isolada, não fala, não faz questão de chamar atenção dos pais, evita contato físico, não quer brincar, enfim, uma série de ações que é comum para a idade, é preciso procurar ajuda especializada”, alerta.

Segundo Ana carolina, a prevalência é maior em homens e o diagnóstico do autismo pode ser de nível leve, moderado ou grave. “O mais leves precisam de menos apoio. Fazem uso da linguagem, desenvolvem trabalhos e são mais independentes. Há vários engenheiros com grau leve de autismo”, explicou a professora. Já os diagnosticados com graus moderado e grave precisam de mais atenção. “A comunicação deles é muito limitada e são bastante inflexíveis no comportamento”.

Ana Carolina Sella ressaltou o papel da família para o desenvolvimento da criança diagnosticada com TEA. “É muito comum os pais delegarem o seu papel no tratamento para o profissional e até para a babá do filho. Isso não pode ocorrer, é preciso que haja o envolvimento de todos da família”. Ela também defendeu o papel da escola na inserção do autista, possibilitando a ele a interação com outras crianças.