Incubadora na área de Economia Solidária transforma a vida de comunidades no agreste alagoano
Iniciativa de professores e alunos do curso de Administração Pública do Campus Arapiraca realiza projetos de inclusão, geração de emprego e renda
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Janaina Alves – relações públicas
A chegada do professor Leonardo Leal ao curso de Administração Pública do Campus Arapiraca marcou o início de uma série de iniciativas voltadas ao fortalecimento da extensão universitária no campo da Economia Social e Solidária, área de pesquisa e de experiência profissional do docente.
Em 2015, ele foi responsável pela construção do projeto da Incubadora Tecnológica de Economia Solidária (Ites), cujo objetivo é assessorar, acompanhar e apoiar o desenvolvimento tecnológico e de pesquisa com empreendimentos econômico-solidários da região do agreste alagoano.
Iniciado o processo de planejamento, o grupo, formado por professores e alunos do curso de Administração Pública e Administração, começou a mapear as ações existentes nos municípios da região metropolitana de Arapiraca que receberiam esse suporte por parte da incubadora.
Nesse diagnóstico do grupo encontrou um terreno fértil na cidade de Igaci, a cerca de 30km do Campus Arapiraca. Lá, a Ites se deparou com uma associação de agricultores alternativos envolvidos com o tema da agroecologia e do desenvolvimento local sustentável. Uma realidade tão próxima e que ao mesmo tempo era desconhecida, até então, pelos próprios estudantes.
O próximo passo seria mapear as experiências locais que serviriam de campo de estudo para a incubadora. E assim, estabeleceram parcerias com cooperativas de crédito, associações de agricultores, entre outras entidades.
Resultados alcançados
O grupo conseguiu, por meio do trabalho, vencer o edital do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares (Proninc), por meio do qual foi possível prestar assessoria a duas cooperativas de crédito da região. Além disso, o grupo também incubou um Banco Comunitário, uma experiência inovadora, que tem como finalidade aportar microcrédito em moeda real e em moeda social, uma técnica própria para monetizar comunidades empobrecidas.
A gama de projetos abraçados pela Ites não para de crescer. Atualmente a incubadora também é responsável pela Feira de Produtores Orgânicos, que acontece em Igaci todas as sextas-feiras.
Todos esses esforços culminam para o alcance de quatro objetivos principais: o primeiro deles é fortalecer a comunidade, do ponto de vista socioeconômico; em segundo lugar, formar os estudantes nessa temática da economia social e solidária; em terceiro, trazer o tema para dentro da universidade, por meio de debates, eventos, palestras, cursos com pessoas de dentro e de fora do ambiente acadêmico; e, por fim, produzir pesquisa, produção científica, por meio da produção de artigos e de produção audiovisual que divulguem a temática.
De acordo com o professor Leal, o trabalho que a incubadora desenvolve serve, principalmente, para dinamizar o ensino e a pesquisa dentro da Universidade. “O trabalho que a gente tem feito de extensão tem um objetivo muito claro que é de fortalecer as experiências de organização coletiva de economia solidária aqui na região do agreste alagoano. Ele precisa gerar resultados para essas comunidades. A gente tem o compromisso de que essas iniciativas tenham êxito”, reforça.
Ideias para Economia Solidária
Um dos materiais produzido pelo grupo é a série audiovisual Ideias para Economia Solidária, produzido pela Ites com o objetivo de divulgar o tema e servir como material didático para os professores e alunos dos cursos de Administração e Administração Pública, ou, ainda, para aqueles que tenham afinidade com o assunto.
A série conta com seis filmes curta metragem, no qual especialistas discutem assuntos variados dentro do contexto da economia solidária. O projeto prevê que os vídeos fiquem disponíveis no canal da Incubadora, no Youtube.
Publicações
Toda essa experiência se transforma também em conhecimento acadêmico e retorna para a Universidade sob a forma de artigos científicos. Desde o ano de 2016 até o momento, o grupo publicou quatro artigos em revistas especializadas.
Há também um livro sendo produzido, o qual relata as experiências vividas por alunos, professores e pelas pessoas atendidas pelos projetos da Ites. A publicação está prevista para julho de 2017 e servirá também como recurso metodológico para as aulas. Participam também da produção os professores Marconi Tabosa e Suzane Karla.
As publicações são resultado desse movimento próprio da Universidade de unir ensino, pesquisa e extensão. E o professor Leal reforça: “A ideia é utilizar o nosso material, produzido pela incubadora nas referências bibliográficas das nossas disciplinas, seja o material escrito, seja o audiovisual”, destaca.
Para os alunos envolvidos no projeto, a experiência é encantadora. Alã Santos, aluno do quinto período de Administração, conta que tem aprendido muito com o projeto. “Antes de partir para a prática a gente tem sempre uma oficina de capacitação nas áreas. Então, a gente acaba aprendendo muito mais”, conclui.
Já para Lizandra Araújo e Larissa Oliveira, alunas do terceiro período de Administração, a sensação é a mesma: “Nós sabemos que tudo o que a gente está produzindo agora pode ser usado por nós mesmas no futuro e por nossos colegas de turma. É maravilhoso. Em relação a ida a campo: é algo mágico! Quando você está lá e vê as coisas acontecendo e você se sente responsável por aquela mudança”, destacam.