Estudantes visitam Aldeia Indígena Kariri-Xocó para aula de campo
Grupo da Ufal Campus do Sertão passou por experiências diferentes em dois dias de atividades
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Nos dias 18 e 19 de setembro, os alunos do 5º período do curso do curso de Geografia Licenciatura, do Campus do Sertão da Ufal visitaram a Aldeia Indígena Kariri-Xocó, em Paulo Afonso/BA,, acompanhados do professor Lucas Lima. O grupo também conheceu acampamentos e assentamentos de reforma agrária no município de Delmiro Gouveia.
A visita integra o trabalho de campo da disciplina Geografia Agrária e, de acordo com o professor, teve como propósito estabelecer uma interlocução entre os conteúdos programáticos e a realidade vivenciada por indígenas e camponeses da região.
Na Aldeia, os estudantes foram recepcionados pelas lideranças indígenas Kariri-Xocó, que relataram a luta pela permanência em seu território. No primeiro semestre de 2017 os indígenas foram vítimas de um despejo, resultado de uma liminar de reintegração de posse, provocado por uma empresa de construção civil. Passaram, então, a viver numa escola municipal abandonada. “Depois da luta empreendida, que contou com o apoio de diversos segmentos da sociedade civil, a terra, objeto da disputa judicial, foi concebida como terra da União, possibilitando o retorno dos indígenas ao seu tradicional território. Os indígenas contam que essa área possui um imenso valor cultural e simbólico para a etnia, pois era o lugar onde viveram seus antepassados e onde estava a cachoeira sagrada do Rio São Francisco”, explicou Lima.
No acampamento Eleonora e no assentamento Maria Bonita, as lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) recepcionaram o grupo e falaram sobre a desafiadora luta pela reforma agrária em Alagoas, em particular no Sertão, onde a ausência de uma disponibilidade hídrica permanente é um agravante. “Com muita paixão, os camponeses descreviam o cuidado com a agricultura e com a produção de alimentos saudáveis, isentos de agroquímicos. Os estudantes puderam percorrer a área do acampamento Eleonora, visualizando a diversidade de gêneros semeados, como feijão, milho, mandioca, tomate, alface, cebolinha, amendoim, dentre tantos outros”, relatou o professor que proporcionou a visita.
Já no assentamento Maria Bonita foi apresentada a experiência do viveiro de mudas, que assegura a multiplicação e oferta de diversas espécies, como frutíferas, cactáceas e árvores da caatinga. Lucas ressaltou que a maioria dos discentes nunca haviam visitado terras indígenas ou áreas de acampados e assentados de reforma agrária. “Seguramente, foram dois dias de reflexão e interação de saberes. Uma contribuição inestimável à formação desses futuros professores”, concluiu.