Estudantes participam de Calourada Preta na Ufal
Evento tem objetivo de evidenciar representatividade e atuação dos negros na comunidade universitária
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Na tarde dessa segunda-feira (13), na Praça da Paz do Campus A.C. Simões, foi realizada a abertura da 1ª Calourada Preta, com a Roda de Conversa: afrorepresentatividade, um diálogo de conhecimento. A programação segue até a próxima sexta-feira, 17 de maio, com oficinas, mostra de cinema e debates. O evento é organizado pela Associação de Negros e Negras (ANU) da Ufal e tem o objetivo de realizar uma acolhida especial voltada para a comunidade estudantil negra.
Para o calouro de Design e participante da ANU, Mickael Severo, a recepção é um momento de integração, além de provocar uma reflexão sobre o espaço ocupado por ele. “É muito importante ter um evento que acolhe pessoas negras na universidade, porque também acho que existe muito um sentimento de não pertencimento. Claro, que hoje isso vem mudando com as políticas de cotas e de aceitação, mas às vezes a universidade é um lugar que você não consegue se enxergar como pessoa negra. É muito importante a pessoa se ver como um ser merecedor de onde está”, opina.
Os alunos são atraídos por diversos motivos a participarem do evento que, por vezes, estão associados a trajetórias fora do campus. A recepção acaba apaziguando sentimentos não tão positivos que surgem diante do contexto transformador que o novato passa a conhecer. “São pessoas parecidas comigo, histórias, vivências e tenho comigo que devo valorizar a questão preta, entende? Talvez, alguns anos atrás, eu não visse a importância de uma calourada preta, mas hoje vejo o quanto é. Aqui, o calouro é recebido como uma estrela, alguém esperado, o futuro da universidade, a pessoa se sente inserido. Aquela vontade de ir embora não fica tão forte”, desabafa o calouro de Psicologia, Rafael Prado.
Criação do evento
Uma das organizadoras da Calourada Preta, a estudante Larissa Souza explica que a iniciativa não só recepcionou os novos estudantes, mas também mostrou como os veteranos estão inseridos na Ufal. “Muitas vezes, os alunos ficam deslocados por ser um ambiente novo e por não ter tantas referências sobre os outros alunos negros que estudam na universidade, como eles ocupam esse espaço. As atividades dessa semana foram discutidas em grupo, pensando na atuação dos alunos dentro dos seus respectivos cursos. Muitos deles estão engajados em atividades extracurriculares, produzindo com frequência. Buscamos pautar a representatividade com a atuação deles”, afirma.
O estudante de Ciências Sociais, Israel Silva, também auxiliou a organizar a calourada e explicou que o objetivo da ação foi de aproximar os discentes das questões negras, como também de ouvi-los, para que expressassem dúvidas e opiniões. “Queremos inserir os estudantes no discurso, tornar acessível a eles, como também receber as indagações que a população negra tem. Até porque não só nós temos o que mostrar, mas eles também têm algo a ensinar, é um caminho de duas vias”, expõe.
O primeiro dia foi encerrado com a exibição do filme Abolição (1988), às 19h, no Auditório da Biblioteca Central. Na terça-feira (14), a partir das 14h, também na BC, haverá a exposição da Mostra Enaura de Cinema Preto Alagoano. Já na quarta-feira (15), o debate Psicologia preta: um diálogo sobre saúde mental da população negra será realizado no Instituto de Psicologia (IP), às 15h. As oficinas temáticas serão realizadas na Praça da Paz na quinta-feira (16).
Para saber mais informações sobre a programação acesse as redes sociais da ANU.