Pesquisa analisa uso de fibra para remoção de derramamento de óleo
Trabalho do CTEC descobriu que as fibras da América do Sul, especificamente do Nordeste brasileiro, apresentam um desempenho de sorção quase duas vezes superior às asiáticas
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Do Centro de Tecnologia (Ctec) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) para o mundo. A tese sobre o uso de fibra natural para remoção de derramamento de óleo, foi desenvolvida pelo estudante de doutorado Leonardo Oliveira, sob a orientação do docente Lucas Meili, e foi publicada no Journal of Cleaner Production, revista qualis A1 em matéria de sustentabilidade, meio ambiente e produção limpa.
“A ideia veio do fato de se ter inúmeros derramamentos de óleo, principalmente derivados de petróleo na forma de diesel, que são pouco noticiados”, afirma Leonardo, que também diz que apesar dos danos que provocam, esses derramamentos ainda são pouco noticiados. A pesquisa avaliou que a fibra analisada teve capacidade de remover 40 vezes o seu próprio peso em óleo diesel, em um tempo de até 10 segundos. De acordo com Leonardo, isso ocorreu devido à elevada afinidade a óleo da superfície da fibra da paina e por causa “da estrutura fibrosa altamente porosa”.
O resultado é relevante “porque mostra que as fibras oriundas da América do Sul, especificamente do Nordeste brasileiro, apresentam um desempenho de sorção quase duas vezes superior àquelas mais comuns comercialmente, as asiáticas”, explica Leonardo.
Sobre a publicação de sua pesquisa no Journal of Cleaner Production, Leonardo diz que se sente apenas cumprindo com seu dever de professor e pesquisador, “ficando na esperança de que o conhecimento leve a tomadas de decisão rápidas e precisas quando se mostrar necessário”.
O trabalho
A tese Caracterização e avaliação das fibras de paina (Ceiba pentandra (L.) Gaertn) do Nordeste brasileiro na sorção de óleo diesel teve sua pesquisa desenvolvida no Laboratório de Processos (Lapro) do Ctec, onde foi analisado a capacidade de remoção de derramamento de óleo diesel usando a fibra da paina. O material foi identificado sob diversos aspectos, indo da morfologia até as funcionalidades superficiais. Também foi testada a capacidade de sorção do óleo em várias condições.
“Este trabalho testou as fibras de paina aplicando-as em contato direto com o óleo durante tempos estabelecidos e, após a retirada e a perda do excesso de óleo superficial, isto é, o gotejamento, aferiu-se o quanto de óleo o material sorveu por diferença entre a massa inicial e final”, explica Leonardo.
Sob co-orientação da professora Livia Ribeiro, do Ctec, o trabalho também envolveu pesquisadores do Grupo de Óptica e Nanoscopia (GON) do Instituto de Física (IF), sob a liderança dos docentes Eduardo Fonseca, João Inácio, do Laboratório de Sistemas de Separação e Otimização de Processos (Lassop), do Ctec, e José Leandro, do Laboratório de Eletroquímica Aplicada (Leap) do Instituto de Química e Biotecnologia (IQB). A obtenção das fibras foi feita com a ajuda do professor João Inácio, enquanto as caracterizações e interpretações dos resultados ficou por conta do professor Leonardo.
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