Ufal completa seis décadas de evolução, conquistas e muita história

História da maior Universidade de Alagoas é enraizada na vida dos alagoanos

Por Pesquisa: Lenilda Luna - jornalista
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Presente em cada canto do Estado, a Universidade Federal de Alagoas completa 60 anos. Uma história que está enraizada na vida do povo alagoano. Comemoramos esta data com a certeza de que seguimos cumprindo o nosso dever institucional de fazer a diferença para o nosso povo.

A medida da grandeza de uma instituição está em seu potencial de transformar realidades e este potencial desenvolvemos, ao longo das últimas seis décadas, com maestria. Colocamos nossos valores na formação de cada estudante que ingressa nos nossos cursos e trabalhamos exaustivamente para sermos motivo de orgulho para nossa gente. Olhar para Alagoas é perceber que existe um pedacinho da Ufal em cada lugar: estamos presentes do Litoral ao Sertão

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) foi criada por ato do presidente Juscelino Kubitschek, em 25 de janeiro de 1961. Nessas seis décadas, é uma instituição presente em todas as áreas do conhecimento, com relevantes contribuições ao desenvolvimento de Alagoas.

Atualmente, a Ufal está na 11ª gestão, com a posse do professor Josealdo Tonholo em janeiro de 2020. As várias gestões da Universidade atravessaram diferentes momentos históricos. Uma linha do tempo construída coletivamente pela comunidade universitária, intimamente ligada à sociedade alagoana.

Década de 1960

Aristóteles Calazans Simões (1961-1971)

No final do governo de Juscelino Kubitschek, no Palácio da Alvorada, na capital da república recém-transferida para Brasília, o reitor Aristótoles Calazans Simões alcançou a assinatura presidencial para a criação da Universidade Federal de Alagoas. Sobre esse período, disse o reitor: “Num Estado pequeno e pobre como as Alagoas, a instituição e o desenvolvimento de uma Universidade em seu seio trará, não tenhamos dúvida, verdadeira revolução não somente sociocultural mas, ainda, verdadeira revolução econômico-financeira.”

Década de 1970

Nabuco Lopes (1971-1975)

Na gestão do reitor Nabuco Lopes, a Ufal investiu na expansão e qualificação do quadro de servidores docentes e técnico-administrativos. O reitor buscou financiamento para cursos de aperfeiçoamento, especialização, e, inclusive, as primeiras bolsas de mestrado e doutorado. Em seu discurso, na comemoração dos 25 anos da Ufal, Nabuco Lopes relembrou esse esforço: “O programa ensaiou seus primeiros passos favorecendo professores e alunos com estágios de aperfeiçoamento, monitoria e iniciação científica. Na realidade, a maior beneficiária era a própria instituição na medida em que, dessa forma, se contribuía para enriquecer a qualidade das atividades universitárias”.

Manoel Ramalho (1975-1979)

Na gestão do engenheiro Manoel Ramalho como reitor da Ufal, alguns cursos ainda funcionavam no Campus Tamandaré, no Pontal, quando foi implantada a empresa Salgema naquela região. O jornalista e economista Roberto Vilanova, que era estudante nesse período, relatou em seu blog que o reitor, mesmo em tempos de Ditadura Militar, agiu com firmeza e coragem. “O reitor Manoel Ramalho exigiu uma brigada de combate a incêndio do Corpo de Bombeiros e 500 máscaras contra gás, numa permanente atitude de vigilância, para continuar com a área 3 da Ufal no Pontal da Barra”, escreveu o jornalista. Como a exigência não foi atendida, os cursos foram transferidos para o Campus A.C. Simões.

Década de 1980

João Azevedo (1979-1983) - O reitor João Azevedo foi empossado no cargo no período em que se intensificaram as lutas sociais pela abertura política no Brasil. A solenidade de posse foi representativa dessa época histórica, segundo narra o historiador Edberto Ticianeli: “Como a posse do novo reitor, João Azevedo, aconteceria no dia 29 de novembro de 1979, os alunos da Ufal preparam uma ação para impedir o ato, caso não houvesse proposta da Reitoria para as suas reivindicações.

Na quinta-feira (29) à tarde, a Reitoria, que ficava na Praça Sinimbu, foi tomada de assalto por centenas de estudantes. O auditório, onde haveria a transmissão de cargo, foi invadido e ocupado por jovens com faixas que cobravam o direito do representante da UNE falar na solenidade. Houve uma negociação e ficou acertado que Aldo Rebelo, então secretário-geral da entidade nacional dos estudantes, usaria da palavra”.

Fernando Gama (1983-1987)

O primeiro mandato do professor Fernando Gama, ainda por indicação do presidente João Figueiredo, foi marcado pela expansão da Ufal. O reitor buscou recursos para duplicar a estrutura física da Universidade, no Campus A.C. Simões. na Cidade Universitária. No livro dos 50 anos da Ufal, ressalta-se que Gama foi um grande defensor da comunidade universitária, aberto ao diálogo com as entidades estudantis e sindicais. “Para as entidades que congregavam docentes e servidores, o reitor Gama sempre teve a mão estendida, colaborando, inclusive, nas políticas assistenciais e nas condições de funcionamento dos órgãos corporativos”.

Delza Gitaí (1987-1991)

A gestão da professora Delza Gitaí marca a democratização da Universidade, condizente com os tempos de redemocratização do país. O Congresso Acadêmico realizando ainda na gestão do professor Gama aprovou a eleição direta para o cargo de reitor. Delza Gitaí foi a primeira gestão eleita pelo voto da comunidade universitária. Também foi a primeira mulher a ocupar o cargo na Reitoria da Ufal. Na sua gestão, foi inaugurada a nova Reitoria na Cidade Universitária. Na antiga Reitoria, por pressão dos estudantes, que se organizaram e ocuparam parte da sede na praça Sinimbú, foi reaberta a Residência Universitária. Também foi marcante a atuação da Reitora no enfrentamento ao analfabetismo, estabelecendo parcerias com instituições em Alagoas e realizando o 1º Seminário Estadual sobre Alfabetização e Cidadania, com a participação de Paulo Freire.

Década de 1990

Fernando Gama (1991-1995)

Dessa vez, eleito pelo voto direto, o professor Fernando Gama retorna para mais uma gestão como reitor da Ufal. Nessa etapa, enfrentando várias dificuldades, o reitor conseguiu atender a uma demanda por cursos noturnos, para o acesso à Universidade de trabalhadores e trabalhadoras, além de revitalizar a Fazenda São Luiz, em Viçosa, como campo de pesquisa agropecuária. Foi um período também de fortes reivindicações das entidades sindicais representativas dos docentes e técnico-administrativos das universidades brasileiras, que sofreram muitas perdas salariais no período do governo de FHC.

Rogério Pinheiro (1995-1999) - (1999-2003)

O primeiro mandato do reitor Rogério Pinheiro destacou-se pelo planejamento administrativo para adequar as ações da Universidade às condições do orçamento. Registra-se ainda a tramitação para que posteriormente fossem abertos novos mestrados, como o Prodema -mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente. As ações de extensão também foram fortalecidas, com a criação do Núcleo Temático de Assistência Social (Nutas), Núcleo de Educação Ambiental (NEA) e Núcleo de Educação a Distância (Nead), além da revitalização da Editora Universitária (Edufal), com a realização da 1ª Bienal do Livro e da Arte, em 1998. No segundo mandato foi inaugurado o Radar Meteorológico da Ufal.

Década 2000

Ana Dayse Dorea (2003 a 2007) - (2007-2011)

A reitora Ana Dayse Dorea também foi eleita por dois mandatos consecutivos. Neste período, a reitora soube aproveitar ao máximo a política do Governo Lula para a expansão do Ensino Superior. Com recursos federais, a Ufal inaugurou o Campus Arapiraca, em setembro de 2006. Em seguida, a Universidade aderiu ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Com o financiamento do programa, foi possível inaugurar o Campus do Sertão, já no segundo mandato, em 2010. Nessa ocasião muito comemorada, a reitora Ana Dayse disse: ““A universidade brota da pedra e da caatinga. Essa história será contada por vocês, e estejam certos que estamos ajudando a fazer um Brasil diferente, a acabar com indicadores sociais que ainda envergonham o nosso Estado”.

Década 2010

Eurico Lôbo (2011 - 2015)

Em dezembro de 2011, foi empossado o reitor Eurico Lôbo. O desafio dessa gestão foi consolidar a expansão, qualificando os campi do interior, e responder também a uma educação globalizada, com muitas ações de intercâmbio internacional. A Assessoria Internacional da Ufal trabalhou a todo vapor. A Universidade chegou a ter 200 estudantes no exterior no mesmo período. Só pelo programa Ciências sem Fronteiras, em 2012, enquanto cerca de 70 alunos estavam retornando dos intercâmbios realizados no primeiro semestre, aproximadamente 60 estavam arrumando as malas e organizando a documentação para embarcar. Além da internacionalização, a modernização dos sistemas de comunicação, com a implantação da rede lógica, possibilitou uma Universidade em diálogo com o mundo. Nessa gestão, o Hospital Universitário (HU) aderiu à Rede Ebserh -Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, empresa pública de direito privado do Governo Federal.

Valéria Correia (2016-2020)

A gestão da professora Valéria Correia é marcada pela proposta de Universidade socialmente referenciada. A Ufal implantou o Fórum Social Universitário e fortaleceu as parcerias com as entidades da sociedade civil organizada. No seu mandato, Valéria Correia inaugurou o primeiro curso de bacharelado em Agroecologia, promovido pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) em parceria com o Centro de Ciências Agrárias (Ceca), para a formação superior de assentados. Sobre a universidade, Valéria Correia afirmou: “Somos uma organização histórica, com a responsabilidade de responder às demandas da sociedade do presente. Isso nos leva a pensar o contexto político, social, cultural e econômico do nosso tempo. Contexto em que a defesa da universidade pública deve ser reafirmada”

Década de 2020

Essa década é iniciada com a posse do Reitor Josealdo Tonholo, para um mandato que prossegue até 2024. Ao tomar posse, em 28 de janeiro de 2020, o reitor afirmou o papel social, econômico e educacional da Universidade. “A melhor maneira de legitimar tudo isso é aproximá-la dos mais diferentes segmentos e setores da sociedade civil local: na sua dimensão produtivo-econômica, na sua dimensão político-partidária e na dimensão dos movimentos sociais. Nosso desafio é gigantesco, mas é também extremamente estimulante”, disse Tonholo. 

Fontes:

O livro dos 50 anos, organizado por Elcio Verçosa e Simone Cavalcante

Blog do Bob

Blog História de Alagoas

e reportagens/matérias do Portal da Ufal