Estudante do Ceca é um dos vencedores do prêmio Diversidades Literárias

O estudante do curso de Agroecologia do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca) da Ufal, Roger Aureliano, teve seu livro selecionado para o prêmio Diversidades Literárias Alagoanas, concurso fomentado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult-AL) e financiado pelo edital da Lei Aldir Blanc. Composto de poesias e contos, Mares de Lagoas e Rios, publicado pela editora Casa Livre e que será lançado no próximo dia 19 de março nos formatos impresso e digital, aborda temas como a preservação de animais nativos, desmatamentos, queimadas, lixo descartável e a relação do ser humano com a natureza.

Nascido no Rio de Janeiro e criado entre os estados de São Paulo e Bahia, Roger, que mora na Residência Universitária Alagoana (RUA), conta da emoção de escrever seu primeiro livro e já premiado. “O processo de escrita aconteceu na pandemia, dentro das condições aqui da residência universitária e que foram essenciais para a composição de todo o projeto do livro. Alguns textos já haviam sido escritos em outros momentos, mas a pandemia me proporcionou mais tempo livre para a organização dos textos já escritos e o desenvolvimento dos novos”, revelou.

Os textos de Roger abordam tanto as temáticas regional cultural quanto a ambiental. “Depois da organização e desenvolvimento dos textos procurei parceiros para a composição visual do livro e dois cidadãos alagoanos foram selecionados para compor a capa representando a cidade de Maceió. Um é o Galego do Veneno, ícone do mercado da produção de Maceió, nascido em Boca da Mata. O outro é o Seu Edmilson Mendes, artista de rua cego do centro da cidade de Maceió. As ilustrações dos cidadãos foram feitas por mim e compõem o projeto de capa. O livro conta com a participação de artistas ilustradores alagoanos e de fora. A equipe composta por Felipe Ayres, Beatriz Barros, Magda Braz, Pé de Planta, Pai da mata (eu mesmo), Tessa, RMO, Rony Anatta”, explicou o escritor.

A obra

Mares de rios e lagoas é um compilado de poesias e contos ficcionais, totalizando 32 textos. O livro foi construído dentro de dois eixos temáticos: meio ambiente e cultura regional. “Nos textos sobre o meio ambiente, falo sobre alguns animais regionais em processo de extinção como Choquinha-de-alagoas e outros em recuperação como o Mutum-de-alagoas (que foi inserido de volta à natureza depois de reproduzido em cativeiro) entre outros da caatinga como a Gralha cancã. Também falo dos rios e lagoas de Maceió e do Estado, Lagoa Mundaú, Lagoa do Roteiro, Rio dos Remédios, Rio Santo Antônio, Rio Mundaú, Inhaúma e Canhoto, APA do Catolé”, disse Roger.

O objetivo desse eixo temático é a conscientização dos leitores sobre o meio ambiente, dando voz aos animais, salientando as belezas naturais sempre em conjunto com a preservação das praias, rios, matas e também ressalta a importância da manutenção de áreas de proteção ambiental como a APA do Catolé.

Já nos textos sobre a cultura, são abordados hábitos e lugares alagoanos, desde as comidas típicas, como a macaxeira, o quarenta de fubá, a cachaça, como também o coronelismo e a cana-de-açúcar. O objetivo deste eixo é ressaltar as qualidades culturais da região, evidenciando também as injustiças e a pobreza.

O autor

Roger Henrique Santos Aurelino, tem 31 anos e cursa o quinto período do curso de Agroecologia. Para ele, que chegou a cursar quatro períodos de Administração, mas fez a reopção de curso por não se identificar com as disciplinas cursadas, o gosto por escrever veio desde a infância.

“Quando eu era pequeno gostava de fazer gibis improvisados, então eu e meu irmão desenhávamos e depois fazíamos as falas, montando pequenas histórias sem muito engajamento. Sempre gostei de ler poesias, comecei escrevendo músicas e, depois, alguns contos e pequenas dramaturgias, mas nunca publiquei nada impresso. Desde 2014 escrevo no recanto das letras, um site para escritores divulgarem seus textos. Meus autores preferidos de poesia são: Marcus Accioly, Fernando Pessoa, Castro Alves, Carlos Drummond, Cecília Meireles e Manoel de Barros”, revelou.

Roger conta que desde a vinda de São José do Rio Preto, onde era motoboy, até o curso na Ufal, passou por muitas dificuldades. “Quando decidi vir pra cá estudar sem conhecer ninguém não foi fácil, passei muito aperto, também já fui artista de rua no Centro aqui em Maceió, graças ao programa da Residência Universitária da Ufal eu tenho condições psicológicas e estruturais para me desenvolver. O que sou hoje é fruto desta maravilhosa instituição. Sou muito grato à Ufal e também aos gestores da Proest, sem esta oportunidade de viver na residência eu jamais teria conseguido continuar os meus estudos. Meu objetivo é chegar no doutorado”, anunciou.

O prêmio

O edital Aldir Blanc, de emergência cultural, fomentado pela Secretaria de Cultura de Alagoas, abrangeu o prêmio Diversidades Literárias. O livro de Roger foi contemplado na categoria fomento à leitura, publicação de livros inéditos e não inéditos. O prêmio diversidades literárias deu apoio financeiro de R$ 15 mil reais para a produção e a publicação do livro.

Ao todo, 17 certames irão investir R$31.107.000,00 em diversos segmentos culturais. São eles: música, artesanato, literatura, cultura e manifestação popular, projetos culturais, pontos, coletivos e espaços culturais, artes visual e digital, artes cênicas, patrimônio e audiovisual. São 1.823 premiações, beneficiando grupos e artistas individuais.

Os livros serão vendidos nas plataformas de livros virtuais, Amazom Kdp e Clube de Autores. Também será vendido impresso através do Instagram do autor @toulejourart. No dia do lançamento a Secretaria de Cultura fará a distribuição de exemplares para as bibliotecas municipais de Maceió.