Mutirão garante o tão sonhado diploma a estudantes de Jornalismo

Levantamento identificou 74 estudantes retidos em trabalhos de conclusão de curso. Vinte e cinco corriam risco de jubilamento

Por Diana Monteiro - jornalismo
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Apresentação do TCC de Keila Oliveira, de blusa amarela
Apresentação do TCC de Keila Oliveira, de blusa amarela

Como fazer para incentivar estudantes de Jornalismo da Ufal a finalizarem a graduação e tornar realidade a conquista do tão sonhado diploma? A saída foi promover um mutirão para que mais de 70 concluintes conseguissem apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O êxito da iniciativa é comemorado pela comunidade acadêmica e administrativa do curso e contou com a parceria do Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DRCA) e da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), que foi fundamental para o sucesso da ação institucional que agilizou a situação emergencial de alunos retidos no TCC.

Dotado de equipe técnica e acadêmica, em sua primeira etapa, o mutirão identificou a existência de 74 estudantes com pendência nos TCCs, dos quais 25 já estavam com risco de jubilamento. Esforços foram empreendidos para agilizar mudança dessa realidade e, assim, fechar um importante ciclo de vida acadêmica dos graduandos, além de proporcionar novas etapas de realização pessoal e profissional. Contatos diretos com estudantes alvos do mutirão, reuniões, articulação com o corpo docente para orientação e agilização dos trabalhos também fizeram parte do processo e foram determinantes para o êxito da ação acadêmica institucional.

“Houve um feedback de 70 por cento dos alunos ao chamamento da coordenação, avaliadas as situações individuais e estabelecida uma data limite, conforme os prazos institucionais. Vimos que 25 alunos precisariam concluir o mais rápido possível o curso e, inclusive, articulamos orientadores para eles. Na data limite estabelecida, ou seja, um mês após o início do semestre, todas as apresentações dos que se encontravam em situação emergencial e atenderam à convocação ocorreram até 22 de julho”, destacou a coordenadora de Jornalismo, Raquel do Monte, acrescentando que as apresentações ocorreram de forma on-line, seguindo os protocolos.

Sobre a importância do mutirão para reverter o máximo possível a situação, Raquel faz um destaque para os obstáculos identificados pela equipe para o andamento dos TCCs: "Problemas pessoais e de realidade de vida dos estudantes, acentuados pela pandemia desde março de 2020, provocaram mudanças na rotina acadêmica e administrativa".

A coordenadora aproveita para destacar também como um dos obstáculos, a desvinculação dos alunos da universidade: “A desvinculação, não formalmente, contribuiu, até então, para a não conclusão do processo de finalização do curso. A maioria também desconhecia as normas acadêmicas, pois pelo PPC [Projeto Pedagógico do Curso] e diretrizes do Ministério da Educação há um prazo de até 14 semestres para a conclusão da graduação. No contexto de pandemia, tudo ficou mais difícil. O que fizemos foi dar todas as condições para finalizarem o TCC e concluírem o curso. Fomos muito bem-sucedidos. Temos total interesse que os alunos concluam essa etapa de formação e ingressem no mercado de trabalho”, comemorou Raquel.

A técnica em assuntos Educacionais Josenilda Almeida Cavalcante trabalhou em parceria com Thiago Marinho e, ambos, conseguiram fazer o levantamento que identificou os estudantes retidos. Ela considerou o mutirão uma ação motivadora para a inserção dos jovens no mercado de trabalho, mesmo com tantos desafios, principalmente no estado de Alagoas, com preocupantes indicadores sociais. Em sua opinião, diante dessa realidade, o diploma de nível superior tem grande relevância, faz uma enorme diferença. “Todos saem ganhando, reforçando para os jovens que educação é uma ferramenta importantíssima, se não a mais importante para a mudança de realidades. A Ufal faz parte dessa conquista”, comemorou, enaltecendo o papel da instituição na sociedade alagoana.

O perfil dos estudantes do curso de Jornalismo é bastante diferenciado, e uma grande maioria, pela diversidade de atuação do comunicador, a partir do 3º período, já começa a ter vínculos com estágios remunerados. Além de se constituírem como oportunidade de desempenho de atividades na área, a remuneração serve para colaborar com despesas familiares. “Esse vínculo, além de outros fatores, acentuados também pela pandemia, termina fazendo a retenção de estudantes e interfere na conclusão da graduação”, disse.

A ideia da realização do mutirão é parabenizada pela professora Magnólia Santos, coordenadora de TCCs do curso de Jornalismo, junto com o professor Ronaldo Bispo. A positividade da ação acadêmica, com a convocação feita aos estudantes pendentes, e a boa receptividade são destacadas pela professora que aproveita para dizer que a situação foi motivo de preocupação. “Desde a decretação da quarentena, há um ano, criamos um grupo de trabalho para lidar com a questão humana dos alunos, devido a várias dificuldades. A professora Raquel, sempre esteve atenta a essa realidade e a ideia do mutirão veio para a mudança da situação emergencial. Para os estudantes, a convocação de urgência foi uma boa surpresa e um alento por sentirem que estávamos atentos e preocupados para que concluíssem o ciclo acadêmico”, registrou.

Magnólia fala da importância da parceria do DRCA, desde o fornecimento da listagem dos 74 estudantes retidos nos TCCs e para os trâmites institucionais, além da sensibilidade demonstrada pela direção do setor, para entender situações específicas. Segundo a coordenadora, fundamental no relacionamento com a coordenação do curso e com os alunos. “O papel do DRCA, como mediador, de administrar a vida acadêmica de fato, também administrar um relacionamento com todas as dimensões que nós temos da vida acadêmica, quanto no nível administrativo, docente e estudantil, foram determinantes para o êxito do mutirão”, acrescentou.

Acompanhamento e orientações

Ao falar sobre o mutirão que beneficiou estudantes do curso de Jornalismo, a diretora do DRCA Rosana Sarita de Araújo, destaca que as Resoluções 13/17 e 60/17 aprovadas no Conselho Universitário (Consuni), oportunizam muitos alunos retomarem e concluírem a graduação e que vários cursos já fazem esse movimento na instituição.

Ela aproveita para dar algumas orientações: “É fundamental que a coordenação de cada curso tenha o cuidado em acompanhar a situação dos alunos concluintes em relação à produção do TCC e os trâmites de conclusão de curso. Cada aluno tem necessidades específicas, de modo que, com este acompanhamento, eles recebem as devidas orientações sem que percam prazos, bem como, seguem o caminho institucional mais apropriado nos encaminhamentos. Foi exatamente isso que o COS [Comunicação Social] fez com auxílio do DRCA, ou seja, um levantamento individual da situação de cada aluno e direcionamento para integralização do curso.”

À frente de um trabalho com a consciência da importância que representa para trâmites institucionais em conexão com as demandas acadêmicas, Sarita reforça a parceria do setor no estímulo à área de atuação: “No contexto atual, junto com a Pró-reitoria de Graduação, acreditamos na importância de ações permanentes de incentivo e acompanhamento dos alunos com o objetivo de conclusão e a tão sonhada formatura”, disse animada, ao tempo em que parabeniza o primeiro mutirão realizado pelo curso de Jornalismo da instituição.

Conquista e vitória

O ingresso num segundo curso de graduação da Ufal, logo após a conclusão em Relações Públicas, em 2013, não representou para Keila Katiane Gomes de Oliveira apenas a vontade de mais um diploma de nível superior, mas, sim, a ampliação de conhecimento a uma área que tem total conexão e prazer de atuar, a de Comunicação. Mas inserir-se no mercado de trabalho, conquistar independência financeira e viabilizar projetos pessoais também foram priorizados por Keila e, segundo ela, caminhou ao lado do ritmo acadêmico de sua segunda graduação. Beneficiada pelo mutirão, aproveita para explicar quais os obstáculos encontrados para também graduar-se em Jornalismo, dentro do tempo estabelecido:

“Eu comecei a estudar para concurso. Já havia terminado as matérias do curso e até começado a produzir o TCC, mas não finalizado por justamente me dedicar aos estudos para concursos. Quando surgiu o da Policia Militar de Alagoas me dediquei bastante e acabei deixando o trabalho acadêmico de lado. Fui aprovada no concurso e de julho de 2018 a fevereiro de 2019 foi o período do curso de formação já para atuar na área. Retomei aos poucos o TCC, mas a pandemia atrapalhou um pouco o meu ritmo e me levou à desmotivação. Até pensei em desistir, mas recebi total estímulo e incentivo para conclusão da professora Sandra Nunes, orientadora do meu trabalho, além de amigos e professores".

Keila apresentou o TCC no dia 22 de julho e destaca o papel do mutirão para finalizar a graduação. “Fazer o mutirão e acompanhar todo o processo para a apresentação foram iniciativas muito importantes, estimulantes, deram mais segurança e agilidade ao processo”, comemorou Keila, reconhecendo o positivo trabalho realizado pela equipe envolvida. Investir em suas duas áreas de formação faz parte dos planos de Keila, e como não poderia ser diferente, uma pós-graduação em Comunicação pela relações públicas e jornalista graduada pela Ufal.

Alívio

Também beneficiado pelo mutirão, Thyeres Medeiros comemora a conquista do diploma da graduação e, com o ciclo acadêmico concluído, diz sentir-se aliviado. Sobre os obstáculos impeditivos para que finalizasse o curso no tempo regular, o de estar inserido no mercado de trabalho, enquanto graduando, foi para ele, o maior empecilho. “Não só no consumo do tempo, mas naturalmente vamos deixando a vida acadêmica de lado. Perde-se até o ritmo para a produção científica e essa dificuldade acaba virando uma bola de neve”, enfatizou.

Atuante no mercado de trabalho com foco em redes sociais e produção de conteúdo digital, Thyeres diz que a pandemia também atrapalhou a sua vida acadêmica, por ainda ficar mais absorvido no campo profissional: “Como ano passado trabalhava na Comunicação da Prefeitura de Maceió, acabei lidando com o problema profissional no combate a pandemia na busca e divulgação de informações, além das preocupações com a minha própria saúde”.

Da positividade do mutirão, considera o apoio recebido determinante para a conclusão, assim como a agilidade empreendida em todo o processo. “Acho que o mutirão facilitou os prazos mais curtos para os avaliadores, para que os trabalhos pudessem ser apresentados e avaliados sem perder na qualidade dos projetos finalizados. A conquista do diploma de nível superior significa para mim, finalmente, fechar um ciclo de muitos anos”, assegurou.

Tendo como orientadora a professora Manoella Neves, Thyeres apresentou o TCC no dia 19 de julho e como atuante profissional da área disse estar em fase de finalização contratual para assumir a assessoria de um órgão público em Alagoas.