Paespe constata que cerca de 20% de suas alunas vivenciam pobreza menstrual
Programa defende a dignidade menstrual; em torno de 60% faltaram às atividades escolares no período menstrual
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A falta de acesso a absorventes impacta a educação de meninas e, por isso, o Programa de Apoio aos Estudantes das Escolas Públicas do Estado (Paespe) da Ufal defende a dignidade menstrual. Em levantamento feito este ano, constatou-se que cerca de 20% das suas alunas não têm condições de comprar absorventes e em torno de 60% delas faltaram às atividades escolares no período menstrual.
A pobreza menstrual, também chamada de precariedade menstrual, é o termo dado à falta de acesso a produtos para manter uma boa higiene no período da menstruação e está relacionada à pobreza, bem como à infraestrutura do seu ambiente, especialmente de saneamento.
De acordo com a vice-coordenadora do Paespe, Geiza Gomes, cerca de 70% dos participantes do Programa são do sexo feminino, são jovens em vulnerabilidade socioeconômica que possuem entre 14 e 18 anos de idade. “Ao longo dos anos, nós que fazemos parte do Paespe identificamos que as estudantes do Programa vivenciam a pobreza menstrual. Também sou mentora do Programa Acolher Natura 2021 e, por isso tive contato com a temática durante uma consultoria prestada a um negócio social que conscientiza as meninas sobre saúde menstrual. Logo lembrei do Paespe e imaginei que além do debate sobre a temática podemos buscar parceiros para tornar os absorventes e outros itens mais acessíveis para as extensionistas do Programa, garantindo a elas a dignidade menstrual”, afirmou.
Por isso, a coordenação do Paespe aplicou um questionário com as estudantes das turmas 2021 e identificou que cerca de 20% das estudantes já vivenciaram a pobreza menstrual. Além disso, em torno de 60% faltaram às atividades escolares no período menstrual. “A pobreza menstrual não se limita à falta de acesso de absorventes, a condição social das participantes do Programa torna precário o seu bem-estar nesse período devido também a falta de medicamentos para sanar sintomas nesse período: 31% afirmam não ter acesso a medicamento para cólicas menstruais e 11% não tem acesso a analgésicos para alívio de dores de cabeça”, reforçou
Ao buscar parceiros, os coordenadores do Paespe tomaram ciência do Projeto de Lei da Liberdade para Menstruar (PL 416/21), de autoria de Cibele Moura, deputada estadual associada do Livres em Alagoas, que foi aprovado na Assembleia Legislativa do Estado em 30 de julho deste ano. O dispositivo estabelece a diminuição de impostos de absorventes e inclui o item nas cestas básicas.
No último dia 3 de setembro, a deputada estadual Cibele Moura esteve na sala do Paespe para conhecer o Programa e debater a temática da pobreza menstrual. Segundo a parlamentar, ela tem trabalhado para garantir a distribuição de absorventes nas escolas públicas do de Alagoas, contribuindo para o atendimento de um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o ODS 3 [Saúde e Bem-estar].
Sobre o Programa Paespe
O Programa é uma Tecnologia Social certificada pela Fundação Banco do Brasil (FBB), que atende diretamente ao ODS 4 (Educação de Qualidade). O Programa busca trazer ensino gratuito e de qualidade para alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com o objetivo de ampliar suas oportunidades de ingresso no ensino superior.
Para isso, docentes e universitários da Ufal se doam por meio de serviço voluntário. O grupo de estudantes da Uiversidade é formado por egressos do Programa, discentes dos Programas de Educação Tutorial (PET), do Programa de Iniciação à Docência (Pibid) do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) e de Empresas Juniores do Centro de Tecnologia (Ctec).
Além do pré-vestibular social, são realizadas atividades multidisciplinares, a exemplo, de palestras, oficinas e visitas técnicas, além da Iniciação Científica no ensino médio, fomentando o ingresso desses alunos em Instituições de Ensino Superior (IES). Também faz parte do Programa o curso de Informática Básica para jovens e adultos. A principal atuação se dá por meio dos projetos Paespe Júnior, voltado a alunos das 1ª e 2ª séries do ensino médio; e o Paespe, destinado aos alunos da 3ª série do médio.