Feira Agroecológica leva alimentos de qualidade à população
Iniciativa fortalece a agricultura familiar e auxilia na formação acadêmica
- Atualizado em
A comunidade acadêmica da Universidade Federal já tinha a visita e compras na Feira Agroecológica como atividade rotineira. A feira funcionava às quartas-feiras, na Praça da Paz, com muitas opções de frutas, raízes, doces e tapiocas feitas na hora. Mas com a pandemia da covid-19 e a suspensão das atividades presenciais, a realização da Feira no Campus A.C. Simões foi inviabilizada.
Para driblar essa situação, os feirantes migraram para outro local, a Praça Centenário, próximo ao centro de Maceió, de fácil acesso e passou a acontecer aos domingos, das 6h às 11h, com a intenção de atrair mais pessoas às compras de produtos sem agrotóxicos.
A feira conta com produtores das regiões da zona da mata de Alagoas, como Branquinha e Murici, e também da cidade de Messias, a poucos quilômetros da capital alagoana. A iniciativa agroecológica tem projetos de extensão da Ufal como parceiros e está servindo como ferramenta de aprendizado para alunos do curso de Administração. A parceria foi realizada com o professor Rodrigo Reis, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac), que foi convidado após ministrar alguns cursos na Ufal para integrar os projetos extensionistas que auxiliam na feira.
“Uma ferramenta impressionante de aprendizado e de empoderamento para os estudantes e para os agricultores familiares. Os alunos não só estão aprendendo, como também percebendo o valor do conhecimento que recebem na Feac, já que estão contribuindo para a melhoria de uma realidade prática e orgânica. Digo aos alunos que eles estão contribuindo para melhorar a vida de várias famílias do interior de Alagoas”, explica Reis.
“A criatividade e qualidade dos alunos nos produtos de marketing digital me impressionaram. Fiquei feliz e até emocionado, por exemplo, com o podcast feito com o agricultor Seu Naldo, que falou do orgulho das mãos calejadas e enfaticamente disse ‘se o campo não planta, a cidade não janta’. Conseguimos colocar em prática uma pedagogia da autonomia e uma prática de pesquisa-ação, funcionando e trazendo resultados para alunos, professor e, principalmente, para a agricultura familiar e feirantes de produtos orgânicos dos municípios de Murici, Messias e Branquinha”, comemora o professor.
A fim de agregar mais valor e conhecimento, nesse semestre, o professor envolveu alunos da disciplina de Gestão Mercadológica, do curso de Administração da Ufal, para auxiliar na criação e disseminação de conteúdo relacionados à feira. Os alunos estão produzindo conteúdo, com foco nas redes sociais, por meio do perfil @fagrodacentenario no Instagram.
Alexandre Vital, estudante do 7º período de Administração, não esconde a satisfação em fazer parte dessa empreitada: “para mim, é uma honra participar de um projeto tão relevante como esse. Enquanto Técnico em Meio Ambiente e graduando em Administração, fomentar a agricultura familiar vai além do consumo de alimentos saudáveis. É viabilizar a biodiversidade, promover o autossustento e saúde dos próprios produtores, bem como, reduzir a poluição ambiental e, consequentemente, zelar pela saúde pública”, destaca Alexandre.
Para o professor do Centro de Educação da Ufal, Cézar Nonato, projetos como esse desenvolvido pelos estudantes, sob a coordenação do professor Rodrigo Reis, concretizam de forma direta aspectos virtuosos em várias dimensões:
“A primeira se refere ao fortalecimento da relação que a Ufal vem estabelecendo com os/as agricultores/as vinculados à Feira Agroecológica e Orgânica da Centenário, tendo em vista que vários docentes, técnicos e discentes, através de outras iniciativas também têm apoiado a feira. A segunda dimensão diz respeito à própria formação do corpo discente, que, à medida que estabelece a interação com as pessoas que fazem a feira, cresce não só no campo profissional, mas também enquanto sujeitos/as, pois conseguem compartilhar de saberes e conhecimentos relativos a vida. E a terceira dimensão está no potencial de amplificação que a experiência da Feira pode ter, no sentido da divulgação junto à sociedade com o uso das redes sociais, como o Instagram, exercendo dessa maneira não só um trabalho de difusão, mas também um trabalho educativo, já que funciona como um espaço informativo relacionado à agricultura orgânica e agroecológica, em um serviço ambiental, social e econômico”, destaca o professor Cézar Nonato.
A Feira Agroecológica da Centenário integra o Projeto Colhendo Bons Frutos: nutrição e agroecologia, coordenado pela professora Maria Alice Araújo, da Faculdade de Nutrição (Fanut), e conta com o auxílio do curso de Administração da Ufal e do Campus de Engenharia e Ciências Agrárias (Ceca), localizado em Rio Largo.