Doutorandos da Ufal participam de projeto internacional na África
Atividade de campo durou nove dias e visitou 13 comunidades
- Atualizado em
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) foram à Ilha de São Tomé, na África, para realizar atividade de campo referente ao projeto “Avaliação do valor cultural das Áreas Protegidas das Ilhas São Tomé e Príncipe”.
Os pesquisadores Thainá Lessa, Evelynne Barros e Felipe Santos são discentes de doutorado do Programa de Pós-graduação em Diversidade Biológica e Conservação dos Trópicos, e foram liderados pela pós-doutoranda Chiara Bragagnolo. Em campo, ainda estavam presentes a técnica de campo do Projeto Tropibio, da Universidade de Porto, Patrícia Guedes, e a equipe das ONGs Birdlife International, Oikos e Zatona Adil.
A viagem de campo ocorreu entre os dias 9 de julho e 4 de agosto passado e foi financiada pelo projeto Tropibio e a ONG Birdlife de São Tomé. Foram realizadas diversas atividades, entre elas, reuniões com gestores e representantes de órgãos ambientais locais; workshop com a presença de pesquisadores, ONGs e gestores para apresentação da metodologia proposta (Framework de Assets em Áreas Protegidas), e para atividade de mapeamento dos locais de valor do Parque Natural do Obô, e identificação das principais ameaças aos valores; e finalmente, foi realizado trabalho de campo, que consistiram em entrevistas com a comunidade local que viviam dentro ou no entorno do Parque Natural do Obô - uma Área Protegida que cobre 30% da Ilha de São Tomé.
As entrevistas duraram nove dias, onde foram visitadas 13 comunidades. Ao todo foram realizados inquéritos com 213 moradores. O principal objetivo dos questionários era entender como as comunidades da Ilha de São Tomé percebem os benefícios das áreas protegidas, no caso, o Parque Natural do Obô, para o bem-estar humano, desenvolvimento econômico e identidade cultural.
Durante os inquéritos era perguntada qual a relação das pessoas com o Parque, quais as atividades que realizavam, quais os recursos que utilizavam e com que frequência, e finalmente, se as pessoas conheciam ou sabiam da importância do Parque. Estas perguntam são importantes para nortear planos de gestão e investimentos dos valores (assets) das Áreas Protegidas, de forma a proteger a natureza, diversificar os modos de uso e garantir uma utilização sustentável dos recursos pelos moradores.
A metodologia realizada na ilha de São Tomé foi desenvolvida na Ufal, por alunos e professores sob coordenação dos professores Richard Ladle e Ana Malhado, em parceria com a Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Em Alagoas, a metodologia foi aplicada nas oito Áreas de Proteção Ambiental (APAs) do Estado de Alagoas, com financiamento da Fapeal. Foram realizadas avaliações dos assets das APAs por dados secundários (planos de manejo, artigos científicos, websites, fotos e imagens de satélite) e por entrevistas online com os gestores das APAs. Infelizmente, devido a pandemia do covid-19, não foi possível realizar as atividades de campo, ou seja, as entrevistas com moradores locais. Mesmo assim, em um segundo momento, foram apresentados aos gestores das APAs os resultados encontrados, e um plano de gestão e investimento para tornar os valores das APAs mais evidentes aos diferentes setores da sociedade.
Os doutorandos do ICBS contam que a “vivência na ilha de São Tomé foi inigualável, em diferentes aspectos. Em primeiro lugar, a Ilha tem uma beleza cênica exuberante, com diversas paisagens, ora montanhas e picos, ora savanas e mangues (E Baobás!), ora floresta primitiva e praias paradisíacas, sem falar sobre o canto dos pássaros entre as árvores. O ar fresco do Parque Natural do Obô é reconhecido por todos, desde visitantes aos moradores. O ar da floresta era tão fresco que muitos falavam “é o ar condicionado natural”.
Eles seguem destacando a experiência, “a base da alimentação em São Tomé é frutos do mar, os peixes sempre bem servidos, muito frescos e saborosos. Os acompanhamentos eram o que mais tinha espalhado na Ilha: Banana e Fruta-pão. Grande parte das pessoas era muito simpática, embora existia diferenças socioculturais.
As crianças são o doce da Ilha, sorridentes, curiosas e brincalhonas. Como em todo lugar, também existe o lado ruim, e os problemas ambientais são visíveis, como animais domésticos soltos, lixo e queimadas, especialmente em época de gravana (seca), e por isso o trabalho de pesquisadores e ONGs é importante, para sensibilizar a população sobre os cuidados com a natureza, e para fortalecer as ações de conservação junto aos governantes e organizações”.
As atividades na Ilha de São Tomé não param, após a análise de dados os pesquisadores pretendem voltar à ilha para dar um retorno às comunidades e planejar ações que beneficiem as comunidades, as instituições, e principalmente, a conservação do Parque Natural do Obô.