Jogo ajuda alunos do ensino médio a compreender circuitos elétricos

Ferramenta desenvolvida por aluno da Ufal vai ser aplicada nas redes públicas de ensino de São Paulo

Por Manuella Soares - jornalista
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Dois dados, três tabuleiros e 30 cartas formam o produto educacional criado pelo professor Paulo José, com financiamento da Capes, ao concluir o mestrado profissional em Ensino de Física, na Universidade Federal de Alagoas. O jogo de tabuleiro se tornou uma ferramenta didática para ser utilizada em sala de aula deixando o ensino da disciplina mais dinâmico e compreensível.

O que se pretende é ajudar os alunos do ensino médio a aprender o nome dos principais componentes presentes num circuito elétrico, como resistores e capacitores, e dos instrumentos de medidas, o amperímetro e o voltímetro. Os participantes também aprendem como estes instrumentos devem ser conectados num circuito elétrico e trabalhar com a associação de componentes em série, em paralelo e misto.

“Desenvolvemos um jogo que é relativamente rápido, que pode ser jogado numa aula de 50 minutos, e é barato, pois basta que o professor imprima. Assim, acreditamos que ele será uma ferramenta didática muito útil, tanto para ser aplicado nas escolas particulares como nas públicas estaduais. Esperamos também que, nas turmas onde este jogo venha a ser utilizado, possa aumentar o gosto dos alunos pela Física”, ressaltou Paulo José na apresentação no trabalho, concluído em 2020, no programa nacional que é realizado em rede e tem a Ufal como um dos 67 polos.

O produto já ganhou espaço nas salas de aula por aí. O próprio professor Paulo aplica o jogo na escola onde leciona, em Sergipe, e a didática do jogo despertou interesse da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que pediu autorização para utilizar nas redes públicas municipais e estadual.

“A gente já tinha recebido umas três solicitações individuais de pessoas querendo usar o jogo e essa notícia mostra a importância desses produtos educacionais que são produzidos pelos alunos. Uma secretaria grande como a do estado de São Paulo querer usar é muito bacana”, comentou o professor Wagner, orientador do trabalho.

O material está sendo apresentado durante as aulas do Centro de Mídias da Educação de São Paulo (CMSP), que foi criado para apoiar os alunos na continuidade dos estudos durante a pandemia e que, agora, funciona na modalidade híbrida, com aulas mediadas por tecnologia e estudantes já na escola interagindo com professores no estúdio.

O CMSP atende cerca de 3,5 milhões de alunos e 250 mil profissionais das redes públicas. Com a autorização, o jogo criado na Ufal pode ser uma importante ferramenta de ensino para milhares de pessoas, de forma gratuita.

Os princípios da jogada

A ideia é acabar com a falácia “não gosto” ou “não entendo”. No jogo, os três tabuleiros representam cada tipo de associação: série, paralelo e misto. As cartas são colocadas nos locais indicados no tabuleiro, à medida que cada elemento do circuito vai ganhando-as durante a execução do jogo. Vence quem completar o seu respectivo circuito primeiro.

O jogo deve ter a participação de, no mínimo, duas pessoas, e cada uma usará um tabuleiro com uma determinada configuração de circuito. Mas nas aulas os alunos podem ser divididos em até três grupos.

No trabalho de conclusão do mestrado, disponível no anexo abaixo, é possível conhecer o passo a passo para as partidas. Os desafios são completar seu próprio circuito e atrasar a montagem do circuito do colega, para que, assim, ele não termine primeiro e venha a vencer. Com estratégias e agilidade os estudantes aprendem, se divertem e promovem o trabalho em equipe.

“Podemos ver que eles gostaram bastante da proposta de usar o jogo. Isso endossa o fato de que, se bem planejado, os jogos podem ser uma ótima ferramenta de apoio nas aulas de física”, descreveu Paulo sobre o questionário de satisfação aplicado com os estudantes que testaram o jogo, quando 90% declararam ser ótimo ou bom.

No mesmo questionário, disponível nas análises da dissertação do mestrado, 71% dos entrevistados afirmaram que a ferramenta ajudou muito a entender melhor o conteúdo ministrado.

“Para checar, de fato, o entendimento do aluno sobre o quanto ele aprendeu a mais sobre o conteúdo por causa do jogo é preciso outros tipos de abordagens. Mas, mesmo assim, a resposta serve de forma qualitativa para mostrar que em algum grau, o jogo impactou a forma
como o conteúdo foi apresentado para eles”, destacou Paulo.