Etnografia visual de mulheres se destaca em concurso da Anpocs
Trabalho de Tayná Almeida também foi premiado na Ufal
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Um trabalho da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) que mostra em imagens a representação feminina foi destaque durante o Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), realizado no último mês de outubro, em Campinas-SP. A dissertação de Tayná Almeida de Paula, da Pós-graduação em Antropologia Social (PPGAS) despontou na seleta lista de finalistas do Concurso Brasileiro Anpocs de Teses e Dissertações.
Orientado pela professora Fernanda Rechenberg, o trabalho intitulado A autorrepresentação de mulheres como prática fotográfica: uma etnografia visual da cena contemporânea em Maceió/AL foi selecionado um dos 15 melhores, entre todos os inscritos do país.
“Essa experiência é de grande contentamento e potencializa a entrega pessoal que tenho tido ao longo da minha trajetória acadêmica”, destacou Tayná. Sua orientadora se orgulha do resultado e reforça o que foi feito na dissertação da aluna. “Ela constrói um trabalho original, a partir de um problema em torno de fotografia e gênero, trazendo inovações metodológicas e uma forma de tecer e apresentar a pesquisa aprendendo com as interlocutoras, em uma narrativa imagético-textual”, comentou Rechenberg.
O mesmo trabalho também deu à Tayná a indicação ao 1º Prêmio Meninas e Mulheres na Ciência da Ufal, realizado em julho deste ano. Ela foi premiada na categoria Jovem Pesquisadora – mestrado e doutorado.
A pesquisa foi realizada com fotógrafas que possuem atuação artística ou profissional em Maceió, e que surgiu a partir do reconhecimento de assimetrias de gênero na cena local, seja em relação a invisibilização de mulheres fotógrafas, seja em relação a objetificação sexual dos corpos de mulheres fotografadas na produção masculina dominante. Tayná, que é fotógrafa, conta que se interessou “pensar como estas fotógrafas produzem fraturas nesse regime de representação a partir de uma conscientização da prática fotográfica e, consequentemente, a partir da produção de imagens positivas sobre suas próprias existências”.
Ela cursou toda a graduação em Ciências Sociais, e seguiu para o mestrado, em Antropologia Social, na Ufal. Participou do Programa de Iniciação Científica (Pibic) e do Grupo de Estudos Imagens e Feminismos (Gif), recebeu financiamento da Capes, e foi a primeira estudante a desenvolver o TCC no formato “Produto de pesquisa”, com uma produção utilizando termos teórico-metodológicos e um ensaio visual.
“Acredito que uma das principais contribuições para as Ciências Sociais de modo geral, e para a Antropologia de modo específico, foi ser afetada e aprender na prática com as parceiras de pesquisa a como recriar imaginários e visualidades sobre as mulheres – a como me autorrepresentar. Esses aprendizados para além do campo fotográfico, transformaram qualitativamente meu fazer científico”, reforçou Tayná, acrescentando que defende “mais políticas de auxílio possibilitem pesquisadoras mulheres, não-brancas e vindas de escolas públicas tenham acesso ao ensino superior, à produção de conhecimento e possam contribuir nessa revisão do mundo”.
A orientanda da professora Fernanda Rechenberg também é orgulho para o PPGAS, que a cada ano tem deixado sua marca num evento tão importante para a área como o da Anpocs. “A indicação ao maior prêmio brasileiro de trabalhos acadêmicos em Ciências Sociais demonstra a qualidade e o impacto das pesquisas desenvolvidas na Ufal, e a gente espera que as novas gerações de estudantes sejam cada vez mais estimuladas, encorajadas e tenham as condições materiais necessárias para seguirem em suas trajetórias acadêmicas”, finalizou a professora.