Ufal recebe quatro novos estudantes africanos pelo programa PEC-G

A recepção aconteceu no dia 30 de janeiro na Pró-reitoria de Graduação

Por Lenilda Luna - jornalista
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No início desta semana, dia 30 de janeiro, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) recepcionou quatro novos estudantes vindos do continente africano por meio do Programa de estudantes- Convênio de Graduação (PEC-G). Eles são da República do Congo e Nigéria e vieram cursar Engenharia Civil, Direito, Ciência Biológicas e Letras. Os estudantes veteranos do programa, também participaram da acolhida.

Na recepção, realizada na Pró-reitoria de Graduação (Prograd), também foi empossado o estudante Ebreu Nanque, de Guiné-Bissau, como representante dos estudantes PEC-G na Ufal. “A Prograd e a Pró-reitoria Estudantil (Proest) nos acompanham muito bem, principalmente nessa fase de adaptação, quando precisamos tirar documentos, apresentar o visto, alugar apartamento, aprender a se deslocar na cidade, além dos auxílios e refeições no Restaurante Universitário (RU). É muito importante contar com esse apoio”, destaca Nanque.

Atualmente, a Ufal tem 37 estudantes estrangeiros vinculados ao PEC-G, a maioria africanos. Eles estão presentes em vários cursos. “Alguns fazem Medicina, Biologia, Administração, entre outros. São diferentes áreas. A escolha é feita na seleção que acontece no país de origem. O estudante pode solicitar mudança, caso não se adapte ao curso ou encontre uma opção que mais se identifique. A Universidade também acompanha isso”, destaca o estudante.

Em Maceió, os estudantes procuram se instalar da melhor maneira possível. “São várias situações. Tem estudantes que, além dos auxílios do programa, recebem ajuda financeira das famílias. Então, cada um procura sua moradia da forma que mais se adeque às suas condições. Os estudantes africanos podem dividir apartamento entre si ou com colegas brasileiros. Tem quem more em localidades como Santos Dumont, perto da Ufal, outros estão mais distantes”, relata Nanque.

Participaram da acolhida Cristina Castro, gerente de Programas da Prograd, Willamys Cristiano, coordenador de desenvolvimento pedagógico, e Lucélia Gomes, psicóloga da Proest. “Passamos as orientações referentes ao decreto e a Portaria que regulamentam o PEC-G, a importância de se integrar à universidade e participar dos projetos de ensino, pesquisa e extensão. Foi um momento de acolhimento, de dirimir dúvidas, apresentar a Universidade e os demais colegas PEC-G”, informa Cristina.

Apoio psicológico

Lucélia Gomes, psicóloga que acompanha os estudantes do PEC-G destaca que essa migração exige muito esforço na adaptação e, portanto,  o acompanhamento psicológico é fundamental. “São questões diversas como a saída do local de origem e distância da rede de apoio, o aprendizado de uma nova língua ou e a vivência com novos costumes, a inserção no Ensino Superior e as aprendizagens necessárias do ser universitário, a formação de novas relações, questões financeiras, etc”, relaciona a psicóloga.

Segundo ela, se não houver o acompanhamento, a inserção pode ser bem mais difícil. “No entanto, cada caso é um caso, e nem sempre esse processo se torna um problema para o estudante. Durante a formação, demandas outras podem se apresentar e exigir suporte e orientação em saúde mental. Nesse caso, a Proest disponibiliza o acolhimento psicológico”, informa Lucélia.

Segundo ela, a escuta psicológica pontual está disponível para todos os estudantes de graduação e busca compreender e intervir nas demandas apresentadas pelo graduando e que podem afetar na permanência na universidade. Para agendar é preciso procurar a secretaria da Proest ou marcar pelo telefone 3214-1081 e verificar disponibilidade na agenda dos profissionais.

Antes da pandemia, também acontecia o grupo de reflexão com estudantes do Pec-g, mediados pela psicóloga da Proest.  “Encontros mensais que visavam discutir e refletir temáticas relacionadas à vivência dos estudantes estrangeiros. Tais temáticas partiam das discussões grupais ou demandas que se apresentavam. A atividade era bem acolhida pelos estudantes”, ressalta ela.

A psicóloga defende a retomada desse trabalho. “É fundamental ter espaços coletivos de escuta mediados por profissional habilitado, que possibilitem a circulação da palavra, o compartilhamento de experiências e estratégias entre os pares, facilite o estabelecimento de vínculo e criação de rede de apoio, bem como amplie o capital informacional dos estudantes. É uma ferramenta de cuidado em saúde mental para o estudante no espaço acadêmico”, destaca Lucélia.

Sobre o PEC-G

Segundo informa a página do Ministério das Relações Exteriores, “o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação - PEC-G destina-se à formação e qualificação de estudantes estrangeiros por meio de oferta de vagas gratuitas em cursos de graduação em Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras”

O PEC-G constitui “um conjunto de atividades e procedimentos de cooperação educacional internacional, preferencialmente com os países em desenvolvimento, com base em acordos bilaterais vigentes e caracteriza-se pela formação do estudante estrangeiro em curso de graduação no Brasil e seu retorno ao país de origem ao final do curso”.

O Programa é administrado pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Divisão de Temas Educacionais, e pelo Ministério da Educação, em parceria com Instituições de Ensino Superior em todo o país. Foi criado oficialmente em 1965 e revisado em 2013, por meio de decreto presidencial. O objetivo é contribuir “para a internacionalização das instituições participantes e para a difusão das perspectivas brasileiras pelo mundo”.

Tem quem fique

Embora o principal objetivo seja a internacionalização e o retorno de profissionais qualificados aos países de origem, existem casos em que a instituição e a região ganham mais um cidadão ou cidadã. Na Ufal, temos um exemplo bem conhecido: Vagner Bijagó chegou em Alagoas, em 2003, para cursar Ciências Sociais, e ficou. Hoje é professor do Campus do Sertão.

A posse do professor Bijagó, em 2012, foi marcada por muita emoção. Na ocasião, ele falou sobre a difícil decisão de permanecer no Brasil. “Nós saímos de nossos países com o compromisso de cumprir a finalidade do programa, buscar qualificação e voltar para contribuir com o desenvolvimento do nosso local de origem”, ressaltou no dia da posse.

Durante o período da graduação em Ciências Sociais, Bijagó participou ativamente da vida acadêmica e do movimento estudantil. Era considerado o embaixador dos estudantes estrangeiros da Ufal, reivindicando melhorias para a permanência de estudantes de outros países. A Ufal ganhou muito com a permanência de Bijagó. Atualmente, o professor está envolvido em vários projetos de pesquisa e atua no Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) do Campus do Sertão

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