Performance artística engaja comunidade universitária em atividades do curso de Teatro
Apresentações levaram os espectadores a ocupar o espaço do Ichca e as redes sociais
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Profissionais de várias áreas tiveram que se adaptar às redes sociais e, agora, ao advento da Inteligência Artificial. Os artistas não ficaram de fora dessa reflexão e readequação às novas tecnologias e linguagens. Essas questões foram expostas na primeira Mostra Grátis Performativa (MGP), realizada na manhã desta quarta-feira (12), no Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
Foram oito performances curtas realizadas por estudantes da pós-graduação em Arte e Sociedade, sob orientação do professor David Farias, diretor da Escola Técnica de Artes (ETA) da Ufal e professor na pós-graduação. “A performance já nasce dessa necessidade de romper as fronteiras entre a arte e a vida. O que propomos aqui foi essa junção de várias manifestações artísticas e também de novas mídias”, destacou o professor.
Durante a apresentação artística, que começou na parte externa do Instituto e percorreu corredores e jardins até chegar na sala de aula, os espectadores envolveram-se nas ações realizadas, pintando, repetindo falas, interagindo com os artistas e transmitindo o que estava acontecendo ao vivo, em suas redes sociais. “A performance é política, porque é um manifesto, propaga uma ideologia. O desafio para os estudantes foi transformar projetos teóricos em arte e ainda expor não só para o público presente e participante, mas também para os comentários dos internautas”, refletiu David.
A estudante Beatriz Oliveira elaborou e atuou em uma das performances. Ela trouxe um momento recente e dramático da conjuntura política brasileira que foi a invasão à Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano. “O que me impressionou, e quis trazer aqui, é que os vândalos atacaram de forma contundente o patrimônio artístico brasileiro. Por isso, interroguei: isso foi em nome da Pátria?! Destruir obras de arte foi um foco deles. Por que? Desprezo pela cultura e memória? Precisamos questionar. Eles esfaquearam As mulatas, de Di Cavalcanti. Por que esse ataque?”, questionou a estudante.
A professora do curso de licenciatura em Teatro, Ana Flávia Ferraz, coordenadora da pós-graduação, destaca que a especialização propõe essa análise de produções artísticas, de momentos históricos e movimentos estéticos artísticos no Brasil e no mundo. “Já significa muito para o curso de Teatro da Ufal ter conquistado essa especialização e passar a realizar as atividades aqui no Campus A.C. Simões, mais integrados às outras graduações. Hoje, encerrando a primeira disciplina com estas performances, nos sentimos mais fortalecidos para incentivar as produções artísticas e pesquisas”, comemorou Ana Flávia.
Quem acompanhou todas as performances atentamente e se emocionou com as reflexões propostas pelos estudantes, foi o professor Otávio Cabral. Veterano do teatro alagoano, pós-doutor em Literatura Dramática pela Universidade de Brasília, Cabral defendeu recentemente o Memorial Acadêmico para professor titular da Ufal e mantém essa disposição de colaborar na formação de novos pesquisadores e artistas. “Como professor, estou muito feliz com esse resultado. Esse é um primeiro passo para criar o nosso programa de pós-graduação em Arte e Sociedade”, finalizou Otávio Cabral.