Criador do app de postura corporal pretende colocar o produto no mercado

Felipe Marlon desenvolveu o aplicativo IAmLine que foi vencedor do Tech Sertão no Circuito Alagoano de Startups

Por Lenilda Luna - jornalista
- Atualizado em
Equipe vencedora do Tech Sertão
Equipe vencedora do Tech Sertão

No final de abril, o estudante Felipe Marlon, do curso de Engenharia de Produção, do Campus do Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), embarcou em uma maratona criativa numa das etapas do Circuito Alagoano de Startups, o Tech Sertão, em Delmiro Gouveia, levando uma proposta de aplicativo para corrigir a postura e reduzir assim as dores lombares. Lá ele formou uma equipe para apresentar o projeto e conquistou o primeiro lugar. O aplicativo foi apresentado como IAmLine - Saúde e Negócios Alinhados.

A vitória no Circuito é um estímulo a mais numa trajetória estudantil de esforço e dedicação. Felipe Marlon da Silva é membro do Programa de Educação Tutorial (PET Engenharias) e pesquisador do Group of Ergonomics and New Tools (Gent/Ufal). “A ideia do aplicativo foi desenvolvida em parceria com o professor Jonhatan Magno Norte da Silva, doutor em Engenharia de Produção e especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, que está como Tutor do PET Engenharias e Líder do Gent”, informou o estudante.

Felipe conta que, ao cursar a disciplina de Ergonomia, ministrada pelo professor Jonhatan Magno, teve a oportunidade de conhecer métodos de análise postural. “Contudo, esses métodos analisavam fotografias dos trabalhadores, desconsiderando que o trabalho é algo dinâmico e não uma atividade estática. Tivemos a ideia de utilizar um algoritmo de inteligência artificial que pudesse analisar as situações de trabalho em tempo real, captando os movimentos do trabalhador e avaliando o risco postural”, explicou o discente.

O estudante começou a desenvolver o projeto de como monitorar a postura de um trabalhador e prevenir os problemas causados pela má postura. “Adicionalmente, o algoritmo cronometra e registra o tempo que o trabalhador adota boas e más posturas. Ao permanecer em uma má postura por algum tempo, é emitido um sinal sonoro ou luminoso avisando ao trabalhador que este deve corrigir sua postura. Tal ação é importante para preservar a saúde do trabalhador, pois não é, necessariamente, a adoção de uma má postura que causa as doenças osteomusculares, mas sim sua manutenção acumulada no tempo”, detalhou Felipe Marlon.

Desde então, o algoritmo tornou-se o projeto de Iniciação Científica de Felipe. "Passamos a avaliar as posturas de forma mais precisa, sendo incorporada uma série de procedimentos matemáticos e parâmetros relacionados aos métodos clássicos de avaliação postural. O protótipo do analisador postural já foi previamente apresentado aos alunos das escolas públicas do Sertão alagoano em duas ações de extensão, a ETEC+, organizada pelo PET Engenharias, e a Ufal de Portas Abertas, organizada pela Direção do Campus do Sertão”, relatou o estudante pesquisador.

O teste do protótipo do analisador postural também foi publicado como artigo científico nos Anais da 8ª Semana de Engenharia (Semenge), que foi realizada de 18 a 20 de abril deste ano, sendo premiado em 3° lugar pela Comissão Científica do evento. “Ao final da Semenge, os avaliadores elogiaram o protótipo apresentado e afirmaram haver possibilidade de se tornar um produto com ampla utilização”, contou Felipe, que agora está se preparando para essa etapa de apresentar o aplicativo para o mercado.

A participação no Tech Sertão

O Tech Sertão, realizado no Campus do Sertão da Ufal, em Delmiro Gouveia, nos dias 28, 29 e 30 de abril, foi uma das etapas do Circuito Alagoano de Startups, que tem como coordenadores os professores Renata Mota e Hérmani Magalhães. Os organizadores apresentam o Circuito como “uma maratona de inovação com o objetivo sensibilizar e promover uma cultura de inovação e empreendedorismo no ecossistema universitário, por meio do desenvolvimento de ideias para desafios do interior de Alagoas”.

Felipe Marlon ficou sabendo da realização do Tech Sertão por uma publicação nas redes sociais. “O evento foi amplamente divulgado nos perfis dos alunos e órgãos da Ufal. A professora Renata Mota não mediu esforços para que o evento fosse um sucesso desde a sua divulgação, algo que mobilizou um conjunto de alunos, bolsistas e voluntários a se engajar no Tech Sertão. A minha principal motivação foi poder lapidar o analisador postural com auxílio das oficinas e mentorias que o evento proporciona, além de trocar saberes com todos que estavam participando”, relatou o estudante.

A formação da equipe ocorreu durante o evento como sugestão da própria organização do Tech Sertão. Foi lá que Felipe e o parceiro de pesquisa, Hildson Moreira, conheceram as estudantes de Medicina do Campus Arapiraca: Andrielly Varjão, Mariana Araújo e Beatriz Daflon. “A ideia delas era desenvolver uma borracha de vedação para bolsas de colostomia. Como minha equipe só tinha dois membros, e a equipe das discentes de Medicina três membros, optamos por juntar as equipes. Após conversar em grupo, escolhemos usar o analisador postural no evento”, contou Felipe.

As estudantes de Medicina contribuíram com a busca de informações em materiais acadêmicos que justificassem a importância do aplicativo de avaliação postural, para auxiliar na apresentação da ideia. Elas não contribuíram ao nível de produto ou código, mas na parte de estratégia de apresentação do projeto direcionado ao público-alvo escolhido, que foram as empresas interessadas em evitar afastamentos de trabalhadores por conta de dores nas costas. Ou seja, elas contribuíram com informações da área de estudo delas, da Saúde.

Felipe Marlon está trabalhando a ideia do analisador postural há um ano. Nesse tempo foram desenvolvidos códigos computacionais que já foram testados. “Estamos na fase de elevar a precisão das análises e incorporar mais métodos de avaliação postural. A primeira versão do algoritmo será incorporada em um aplicativo com interface amigável, interativa e comunicativa. Trata-se de um produto comercial que estará disponível para o mercado em breve. Mas, a priori, buscaremos todo o apoio institucional fornecido pela Ufal para assegurar a propriedade intelectual do aplicativo”, cocluiu o estudante.