PET Letras completa 35 anos estimulando habilidades dos estudantes da área

Programa de Educação Tutorial da Faculdade de Letras foi o primeiro a ser implantado na Ufal por meio da docente Denilda Moura

Por Ascom Ufal
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O primeiro Programa de Educação Tutorial (PET) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) é vinculado à Faculdade de Letras (Fale), implantando por meio do trabalho da docente Denilda Moura, e completou 35 anos em abril deste ano. Nessas mais de três décadas, o PET Letras vem se destacando como um dos grupos mais atuantes na Ufal.

Atualmente, conta com 14 estudantes, 12 bolsistas e dois voluntários. “O programa visa proporcionar aos estudantes oportunidades para desenvolver suas atividades acadêmicas, de pesquisa e extensão objetivando promover a excelência no ensino de graduação”, destaca o atual coordenador do PET Letras, professor Kall Sales.

De acordo com Kézia Lins, coordenadora discente, o programa proporciona aos petianos um ambiente acadêmico estimulante, incentivando a participação ativa na comunidade acadêmica. “Vários eventos, projetos e experiências têm sido realizados pelo grupo PET Letras ao longo dos anos e cada uma dessas atividades contribuiu significativamente para o desenvolvimento de competências e habilidades visando à construção de uma consciência crítica, criativa e inovadora”, reforça a petiana.

Ela ainda informa que as atividades realizadas pelo grupo seguem a tríade pesquisa, ensino e extensão, e compõem projetos que contribuem para o desenvolvimento de habilidades na área de letras.

A professora Núbia Rabelo Bakker Faria foi tutora do grupo entre 2010 e 2016 e relatou com carinho sua experiência no PET. “Difícil explicar a importância do trabalho deste grupo que coordenei por seis anos e a resumir em uma palavra o que ele significa para mim. Acompanhei 42 bolsistas e aprendi com eles muitas coisas!”, disse ela. E ressaltou: “Aprendi, sobretudo, a apaziguar, a ceder, a respeitar diferentes personalidades e temperamentos, a ouvir, a confiar na capacidade do outro, a delegar e a cobrar responsabilidade, a me deixar surpreender e me emocionar com a vitalidade incansável da juventude, a trabalhar realmente em equipe e a conciliar, finalmente, ensino, pesquisa e extensão”. Núbia finalizou sua fala explicando que o PET foi “acima de tudo uma escola de tolerância”.

Atividades do PET Letras

Para ingressar no PET Letras, os estudantes precisam participar de um processo seletivo. Uma vez selecionados, passam a integrar uma equipe responsável pela organização, ao longo de cada ano, de uma lista extensa de atividades que buscam integrar a comunidade interna e externa da Fale.

“Atualmente, a atuação de maior destaque do PET Letras Ufal está concentrada na Semana de Letras, desenvolvida todo ano, desde 2007, e que visa promover, dentro do espaço da universidade, discussões acerca das grandes áreas da Fale: Linguística e Literatura”, informa o tutor.

Em 2023, a Semana de Letras chega à sua décima quinta edição e será realizada de 18 a 22 de Setembro. O evento reúne docentes, discentes das cinco habilitações que compõem o curso de Letras (Espanhol, Francês, Inglês, Português e Libras) e o Programa de Pós-graduação em Linguística e Literatura (PPGLL), além dos cursos de modalidade a distância (EAD).

Apoio ao Paespe

A equipe do PET Letras também auxilia o Programa de Apoio às Escolas Públicas do Estado (Paespe), um programa de extensão da Ufal voltado para alunos de escolas públicas que pretendem realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conta com apoio de vários grupos PET/Ufal.

A parceria existe desde o início do Paespe, quando os PET Letras e Engenharia Civil atuavam como os únicos colaboradores, por terem sido os primeiros grupos PET da Universidade. Os petianos lecionam aulas de línguas portuguesa, espanhola, inglesa, literatura, redação, além de leitura e produção de texto, ajudando vários jovens a se prepararem para a prova.

Revista Areia

Outra produção de destaque é a Revista Areia, publicação eletrônica anual do PET Letras que publica, exclusivamente, trabalhos de graduandos ou egressos, com até um ano de conclusão do curso, em Letras e áreas afins. A revista tem por objetivo a divulgação de trabalhos relacionados a Estudos Linguísticos, Estudos Literários e da Cultura, Ensino e Aprendizagem de Línguas e Literaturas.

Em abril deste ano, foi lançada a edição n. 7, v. 6, da revista. O evento de lançamento, intitulado “35 anos do PET Letras, nas Areias do tempo” realizado no Miniauditório Heliônia Ceres da Faculdade de Letras, contou com a presença de discentes e docentes.

O momento celebrou, além do lançamento da Revista, os 35 anos do Programa de Educação Tutorial em Letras, que encontra na arte de Walmac Oliveira, designer que assina a identidade visual do evento, a expressão das linhas que compõem as tramas da memória do programa.

“Essa edição da revista marca uma história compartilhada, com retornos, interações, mudanças e, principalmente, o desenrolar acadêmico voltado para as produções de trabalhos. Marca também um novo tempo, a publicização de pensamentos para repercutir no leitor as ideias que façam a gente repensar”, informou Kall Sales.

Professora Denilda Moura, fundadora do PET Letras

Na história do PET Letras e também da Fale, a professora Denilda Moura sempre será lembrada por seu inestimável trabalho. Ela foi a docente responsável pela implantação do primeiro Programa de Educação Tutorial na Ufal.

Foi a docente Denilda que fez o esboço do grupo de Letras na Ufal, em 1987, com o Projeto de Implantação encaminhado à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Uma vez aprovado, ela foi também a primeira tutora do PET Letras.

A primeira equipe surgiu em abril de 1988, inicialmente formada por apenas quatro bolsistas. “Com muita luta, os números foram aumentando até constituir o grupo de 12 bolsistas, segundo a sistemática adotada até então pela Capes e, posteriormente, pelo MEC. Durante esse tempo, o PET foi, e segue sendo, composto por um grupo múltiplo de graduandos nas áreas mais diversas do curso de Letras”, relata Kall Sales.

Ao recuperar trechos da obra Caleidoscópio através das letras, de autoria de Denilda Moura, a qual relata a experiência de surgimento do Programa de Educação Tutorial, a discente Alice Guedes, também coordenadora, ressalta que ela foi “a tutora que primeiro transformou o PET Letras Ufal em lar”.

Ainda se remetendo a trechos do referido livro, a discente conta que “apesar das barreiras que surgiram nas tentativas de implementação do PET em nível nacional, Denilda Moura destaca, o que intitula de ‘grande resistência’ dos grupos, a tentativa plena de lutar contra a extinção dos Programas. A professora elenca, ainda, que o grupo PET Letras da Ufal foi o único que ‘conseguiu manter o número de 12 bolsistas, mesmo na fase mais aguda da crise’, celebrando mais uma vitória para esse grupo que resiste, seguindo os passos da brilhante professora, nesses 35 anos de história”.

Referência na Linguística nacional, professora Denilda Moura faleceu em 2020. Ela trabalhou incessantemente em prol das Letras e Linguística na instituição e muito particularmente pela Fale nas últimas décadas, com reconhecido trabalho na graduação, na pós, na pesquisa e na extensão.

“Ela nunca deixou de lutar pelo Programa de Educação Tutorial e defendia, inclusive, a ampliação dos grupos PET nas universidades brasileiras, por entender que esse Programa é um importante motor para impulsionar uma educação superior de qualidade. Maria Denilda Moura esteve na tutoria do PET Letras Ufal por 21 belíssimos anos. Ela nos deixou um incrível legado de luta e resistência. Nas palavras da eterna tutora: ‘Essa é uma breve história, mas podemos dizer que é uma história extensa’, que não termina por aqui”, conclui a estudante.