Ufal debate sobre Inteligência Artificial na primeira aula do semestre

Considerado bastante relevante pelos calouros, tema da aula inaugural foi proferido pelo professor Ig Ibert Bittencourt, que está em Havard

Por Lenilda Luna - jornalista
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A semana começou com aquele rebuliço e alegrias típicos da calourada. Esse momento tem muitos ingredientes felizes, como a expectativa dos novatos, a movimentação feita pelos integrantes dos Centros Acadêmicos para localizá-los e orientá-los; e a alegria estampada na fisionomia dos pais que acompanham os filhos. E tudo isso ao som da banda de pífano, Esquenta Muié, de Marechal Deodoro.

Para a gestão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), esse é um momento solene, de celebração. “A Universidade enfrentou momentos difíceis, não só com a pandemia de covid-19, mas também com os cortes no orçamento implementados no governo anterior, que quase paralisaram as atividades. Foram dificuldades que exigiram de toda a nossa equipe muita resistência e comprometimento. Mas estamos aqui para receber uma nova turma e dar continuidade à nossa missão”, destacou o reitor Josealdo Tonholo.

O reitor Josealdo Tonholo motivou os estudantes a vivenciarem tudo o que a Universidade oferece no ambiente acadêmico. “Estudem, participem dos grupos de pesquisa e de extensão, conheçam os grupos literários e de militância social. A universidade é um grande espaço de transformação. Lutamos para que seja cada vez mais acessível e inclusiva, mas esse é ainda um desafio que precisamos enfrentar, porque, atualmente, apenas 13% dos jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior”, ressaltou o reitor da Ufal.

Enquanto esperavam o início da aula magna, os estudantes confraternizaram e se reencontraram. Foi o caso de Ana Beatriz Costa e Anthony Albuquerque, que cursaram juntos o ensino médio na Escola Sesi Alagoas. Ambos estavam animados com a nova fase: “É um alívio ser aprovado assim na primeira chamada. A gente se prepara muito, passa horas estudando e quando vê o nome na lista de aprovados é realmente uma grande alegria”, comemorou Anthony.

Já as amigas Alana Borges e Victoria Alves estudaram em escolas públicas diferentes da parte alta da cidade e acabaram se conhecendo após serem selecionadas para os respectivos cursos. Victória veio da Escola Romeu de Avelar, no Tabuleiro, e está iniciando o curso de Farmácia com a pretensão de ser perita criminal. Alana estudou na Escola Estadual Santos Dumont e passou para Geografia. “Estou com uma grande expectativa em fazer pesquisas de campo. Já soube que o curso tem programas interessantes no estado”, adiantou a futura geógrafa.

Com a aplicação do critério regional, que garante pontos para quem cursou o Ensino Médio em Alagoas, os estudantes que vieram de outros estados não eram maioria na calourada, mas havia alguns. Kauanny Azevedo, por exemplo, estudou em escola pública no Rio de Janeiro e se mudou assim que foi aprovada na primeira chamada. “Estou feliz porque estudei muito e já tinha pesquisado sobre a Ufal, vi que é uma ótima universidade e tem muitas atividades e programas com bolsas. Estou muito animada”, disse a caloura.

A mesa de honra, presidida pelo reitor, foi composta também pela vice-reitora, Eliane Cavalcanti; o pró-reitor de Graduação, Amauri Barros; o pró-reitor de Gestão Institucional, Jarman Aderico; o representante das direções de Unidades Acadêmicas, professor Vladimir Caramori; a representante das coordenações de cursos, professora Manuela Callou; os representantes sindicais, Jailton Lira, da Adufal, e José Marcos Gomes, do Sintufal; e os estudantes Francielly Valéria e Marcos Alessandro, do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Taciana Grigório e Jaqueline Soares fizeram a tradução em Libras.

A Inteligência artificial vai substituir o trabalho humano?

A aula magna, proferida pelo pesquisador Ig Ibert Bittencourt, foi transmitida pelo telão para quem estava no auditório, porque ele está na Universidade de Harvard (EUA), como professor visitante. A apresentação foi feita pela professora Manuela Callou. “Ig Ig Ibert é psicólogo e cientista da Computação, professor Associado da Ufal, bolsista do CNPq, pesquisador visitante da Escola de Educação da Universidade Harvard e ganhador da medalha da Ordem Nacional do Mérito Educativo”, destacou ela.

Ig Ibert alertou para as preocupações dos cientistas, mas também esclareceu aos estudantes sobre alguns dos temores. “É verdade que o desenvolvimento tecnológico extingue alguns postos de trabalho. Isso vem acontecendo desde a revolução industrial. Mas a proposta é que a automação permita aos trabalhadores que se concentrem em tarefas mais complexas e de maior valor agregado, complementando suas habilidades. Por isso a educação e a qualificação são tão fundamentais neste momento”, destacou o palestrante.

O pesquisador esclareceu ainda os novos modelos de aprendizagem. “Por uns período, aprendemos em caixas, nos tornando especialistas em conhecimentos específicos. Mas, a inteligência artificial é um campo multidisciplinar que envolve a criação de sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente requerem inteligência humana. Isso significa também que as nossas pesquisas e o desenvolvimento de habilidades serão cada vez mais colaborativos. A adaptação se torna crucial nesse contexto”, ressaltou Ig Ibert.

Para tranquilizar os estudantes preocupados sobre como a Inteligência Artificial pode afetar o futuro profissional deles, Ig Ibert destacou que a automação pode levar à transformação de empregos, em vez de extingui-los por completo. “À medida que algumas tarefas são automatizadas, novas funções surgem, exigindo habilidades diferentes. A IA pode ser vista como uma ferramenta para melhorar a capacidade humana, em vez de substituí-la. A colaboração entre humanos e máquinas pode levar a soluções mais eficientes e inovadoras, combinando as habilidades cognitivas e criativas dos seres humanos com o poder de processamento e a análise de dados das máquinas”, finalizou o palestrante.

Ig Bittencourt tem se dedicado à educação, trabalhando no design, desenvolvimento e experimentação de tecnologias educacionais inteligentes para promover aprendizagem equitativa e bem-estar. Ele iniciou a palestra criando um exemplo de sistema de aprendizagem de máquina. “Não é nenhuma situação surreal, a máquina aprende com as informações que você coloca. São várias as utilizações da IA no nosso dia a dia”, explicou o pesquisador.