Mestrando da Ufal ocupa cargo em multinacional na área de banco de dados
Durval Pereira destaca que formação na Ufal foi decisiva para aprimorar suas habilidades na área de programação
- Atualizado em
A habilidade na área fez com que Durval Pereira, de forma autodidata, começasse a programar desde os 14 anos. O estudante de mestrado do Instituto de Ciências de Computação (IC) da Universidade Federal de Alagoas representa bem uma geração que já nasceu familiarizada com a linguagem computacional. O talento era tanto que logo ele ingressou no mercado de trabalho e já soma 18 anos de experiência, conciliando com os estudos da graduação e, recentemente, do mestrado. Em mais um passo na carreira, o jovem conquistou uma colocação de destaque em uma empresa multinacional e se tornou um dos oito consultores seniors de engenharia, para toda a América Latina, da empresa MongoDB, uma das cinco maiores na área de banco de dados do mundo na atualidade.
Entre suas atribuições, Durval conta que atende as empresas de alto nível do mercado para certificar que continuam utilizando as melhores práticas e produtos fornecidos pela multinacional. “Até o momento, creio que sou o primeiro aluno do IC da Ufal a trabalhar na empresa e numa posição de importância, já que somos o cargo mais alto hierarquicamente de consultoria de engenharia e tecnologia em toda a América Latina e respondemos diretamente à sede da empresa situada em Nova Iorque”, relatou.
Mas essa posição de destaque não foi galgada repentinamente. O currículo do jovem profissional, com 32 anos de idade, formado pela Ufal começou a ser trabalhado desde cedo. Nele, há registros de colaboração para grandes empresas. “Esse cedo início me possibilitou trabalhar com inúmeros projetos, de pequenos a grandes”, recordou, ao complementar: “Já trabalhei com Ambev, Danone, Banco do Brasil, Itaú, além de gigantes do mercado internacional como Samsung, Disney, Toyota, Epson, NFL, entre outros”.
Por causa dessas experiências, o mestrando da Ufal comenta que são recorrentes as propostas de trabalho de empresas internacionais. “A MongoDB foi para mim a de mais alta relevância e que me levou a aceitar a proposta. O processo de seleção nessas grandes empresas é muito extenso e complexo. De milhares de pessoas, apenas umas 100 foram pré-selecionadas para enfrentar este processo e, destas, apenas três passaram, eu e mais dois”, lembrou.
A responsabilidade é grande, uma vez que lida com dados de grandes empresas, mas o estudante do IC se vale da experiência particular e dos aprendizados na Universidade para realizar a função com confiança. “O engenheiro entra como um especialista que não executa nenhum serviço nem operação direta para o cliente, mas realiza uma consultoria ponto a ponto com a equipe de tecnologia responsável para que possa auditar e diagnosticar exatamente quais são as falhas atuais nos processos e estruturas de bancos de dados existentes e ditar como corrigi-las, além de sugestões e recomendações de como melhorá-las”, afirmou o mestrando, ao explicar um pouco sobre a rotina de seu trabalho.
O talento de Durval encontrou na Ufal uma variada gama de oportunidades para aprimorar suas habilidades. “A Ufal é um celeiro de tudo que há de bom no oceano de uma graduação: projetos de pesquisa científica e tecnológica, parcerias com empresas e mercado, parcerias com o setor público, projetos de extensão para conhecer e participar de comunidades. Isso é o que verdadeiramente faz da Ufal, uma instituição formadora de bons profissionais”, ressaltou.
E reforça: “Juntar uma dúzia de bons professores capazes de lecionar qualquer outra instituição pode fazer, mas prover toda essa gama de atividades extracurriculares que são os diferenciais na formação de um profissional do presente e do futuro, que possui soft skills [habilidades interpessoais] como: comunicação, liderança, gestão, solução de problemas, transparência, apenas a nossa Ufal faz verdadeiramente muito bem, não só em Alagoas mas também sendo referência no Nordeste.”
Aproveitar as oportunidades que a Ufal oferece
Aptidão para realizar um trabalho é importante, mas, no atual contexto do mundo do trabalho, marcado pela abundância de informação e possibilidades, os conhecimentos adquiridos em cursos técnicos e de nível superior são fundamentais para se manter atualizado, conquistar uma boa posição e se manter em atividade.
E a história de Durval exemplifica bem essa realidade. Iniciado desde cedo no mundo dos negócios, ele não se identificou com o ambiente acadêmico e pensou que não seria necessário cursar uma graduação. “Ao entrar na graduação de Ciência da Computação no meu querido IC, em 2009, não me senti confortável com aquilo e achava que a universidade e a graduação não seriam necessários, mas me deparei com várias questões que me mostraram o contrário num período de três anos em que estive ausente, pois, apesar de me matricular, não frequentava as aulas, sempre subestimando a graduação”, contou.
A “virada de chave”, diz ele, ocorreu em 2013 quando decidiu, de fato, dedicar-se ao curso. “Entrei de cabeça na graduação, nos contextos de pesquisa e inovação. Participei do Pibiti [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação] e Pibic [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica], fui monitor, fundei e presidi o Diretório Acadêmico de Computação (Diacom)”, relatou.
Para concluir o curso, Durval conta que foram 12 anos no total. Para não ser jubilado, teve que fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) novamente e aproveitar o rendimento das disciplinas que foram concluídas em 2017. A entrega do trabalho de conclusão de curso (TCC) foi apenas em janeiro de 2021. “Na época, já me encontrava bem posicionado no mercado e totalmente imerso nele, por isso, não separei tempo para esse último grande passo”, disse.
Na Ufal, o estudante também participou de pesquisas que uniam academia e mercado. O Tech Center da BlackBerry (saiba mais aqui) e um projeto com a empresa Epson (clique aqui), ambos coordenados pelo docente Leandro Sales, são algumas das iniciativas das quais participou. O trabalho deu tão certo que o professor se tornou amigo e sócio.
O gosto pela vida acadêmica também o conquistou e ele está em vias de concluir o mestrado. Apesar de não ter relação imediata com o seu cargo na multinacional, Durval compreende que o conhecimento amplia continuamente as possibilidades de trabalho. Habituado ao ambiente corporativo, ele se desafiou e elegeu como objeto de pesquisa um assunto de teor estritamente acadêmico e concentrado na área de Inteligência Artificial aplicada à Engenharia de Software, mostrando que o fazer e o pensar podem caminhar lado a lado.
“Meu orientador é o professor Baldoino Fonseca, ao qual tenho muito carinho e devo muito a ele em relação a esse novo título que oficialmente me será dado nas próximas semanas. Além de termos uma relação de apoio desde o período de graduação, Badu, como carinhosamente o chamamos, é um formador de ciência de alto nível no âmbito de Engenharia de Software, sendo citado por pesquisadores por todo o mundo. Meu orientador nesta área não poderia ser outro senão ele”, confirmou.
Durval recorda sua trajetória e comenta que pode servir de exemplo para muitos estudantes que, assim como ele, apresentam dificuldades para concluir a graduação. “Geralmente, acham que, por não estarem sendo um aluno exemplar no contexto nota curricular, não conseguirão adequação devida no mercado nem alcançar uma carreira de sucesso”, disse.
O conselho que ele dá é de não desistir do curso. “Conclua sua graduação usando os meios disponíveis que possui, mas não desista, pois o que importa é a jornada em si e a sua resiliência. Tenho muito orgulho do meu diploma da Ufal, que está pendurado em meu escritório, e estou aguardando ansioso para pendurar o meu de mestre”, destacou.
Mesmo com toda sua habilidade para transitar na iniciativa privada muito antes de se graduar, Durval salienta que estudar na Universidade foi um divisor de águas na vida dele. “Os anos em que realmente fui ativo, entre 2013 e 2017, quando estudei e realizei, fizeram-me o profissional que hoje eu sou, com certeza. Digo sempre a todos que ainda estão navegando nesta jornada que não foquem apenas nas notas mais altas possíveis, pois a graduação em si não é feita apenas das cargas horárias das matérias, isto é apenas a gota d'água para um graduando”, aconselhou, ao chamar atenção para as outras possibilidades que a vivência universitária na Ufal possibilita.