Reitor recebe DCE para tratar de medidas de segurança no campus da Ufal

Josealdo Tonholo mantém canal de escuta dos estudantes e reforça as ações tomadas para minimizar a situação

Por Simoneide Araújo - jornalista / Fotos Renner Boldrino
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Reitor se reúne com representantes do DCE para discutir problema da segurança no campus
Reitor se reúne com representantes do DCE para discutir problema da segurança no campus

Diante dos dois últimos acontecimentos, com vítimas de assaltos e tentativas de roubo e furto, ocorridos no Campus A.C. Simões, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Alagoas encaminhou documentos com vários questionamentos sobre a situação. A entidade foi recebida pelo reitor Josealdo Tonholo, na última terça-feira (22), e cobrou medidas para garantir mais segurança à comunidade acadêmica, sobretudo aos discentes.

O reitor lamentou o ocorrido e falou da sua preocupação em amparar as pessoas num momento como o vivenciado pelas alunas. Tonholo colocou à disposição o serviço de atenção psicossocial prestado pela Pró-reitoria Estudantil. "Estamos muito preocupados com as pessoas. Então, de imediato, de que forma podemos intervir em favor das vítimas? Disponibilizando a assistência psicossocial necessária. Por isso que a Proest [Pró-reitoria Estudantil] está nesta reunião. Temos de saber quem é a pessoa, se ela quer se identificar. Temos tido essa preocupação de, primeiro, cuidar das pessoas e, depois, tomar as providências necessárias", expôs, ao garantir que essa temática de segurança será pauta de audiência pública na Universidade.

Tonholo reforçou a importância de acionar a Proest e a Superintendência de Infraestrutura (Sinfra), lembrando sempre de preservar a pessoa vítima de assalto ou qualquer tipo de situação violenta. "É preciso ajudar, mas sem deixar as pessoas ainda mais vulneráveis. Além disso, temos tomado algumas providências para melhorar a iluminação no Campus A.C. Simões, mais especificamente nos pontos identificados como de maior vulnerabilidade", disse. 

A reunião também teve a participação das professoras Elaine Pimentel, diretora da Faculdade de Direito, e Maria Cícera Albuquerque, diretora da Escola de Enfermagem, gestores da Sinfra, da Pró-reitoria de Extensão e da Proest. A professora Elaine parabenizou a iniciativa do reitor para esse momento de escuta, de acolhimento à comunidade. "Estamos em busca de encontrar os melhores caminhos. Nesse debate da segurança, eu tenho já uma caminhada por ser meu campo de pesquisa. Inclusive, por dois anos, eu tive projeto no Pibic [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica] sobre segurança no campus, mas não cheguei a publicar. Ouvi tanto as pessoas de Maceió quanto do interior", completou.

E ressalta: "Sempre defendi um diálogo aberto com os órgãos de Segurança Pública. Nós já temos uma concepção de polícia especializada, grupamentos especializados para o diálogo, enfim, já temos um panorama da segurança pública que comporta a dinâmica democrática da Universidade e eles são muito abertos a esse diálogo. Minha pesquisa também abordou isso: ouviu a comunidade para saber o que ela acha da polícia dentro da Ufal."

O representante do DCE, Vitor Soares, também cobrou respostas ao documento encaminhado, contendo vários questionamentos sobre que providências foram adotadas quanto aos assaltos relatados e o que cabe, em termos de responsabilidade, à empresa de segurança contratada pela Ufal. Os estudantes também querem saber que medidas podem ser adotadas, de modo a assegurar a segurança dos estudantes no Campus A.C. Simões. Além de Vitor, também participaram os discentes Danielle dos Santos Silva, Ezis Colaço Honorato, Francielly Valéria dos Santos e Marcos Alessandro Soares Melo.

A Gerência de Segurança Institucional (GSI) da Sinfra, responsável por planejar e implantar as ações de segurança na Ufal, esclareceu que estão sendo adotadas medidas, como aquisição e instalação de mais de 200 refletores nos últimos dois anos, além de contar com a colaboração da Sima na substituição das luminárias dos postes de iluminação pública. Também estão previstos a implementação de novas câmeras de videomonitoramento, o remanejamento dos postos de segurança patrimonial, a intensificação das rondas ostensivas, o contato constante com a Secretaria de Segurança Pública e a formulação da Política de Segurança Institucional, nesse caso, em colaboração com vários setores da instituição.

O superintendente Felipe Paes destaca três fatores que dificultam o enfrentamento da violência na Ufal: "O primeiro refere-se à limitação orçamentária que as universidades têm enfrentado nos últimos anos, impondo uma crise sem precedentes. Além disso, destacamos a vasta extensão territorial do Campus A.C. Simões, que abrange uma área de 2 milhões de metros quadrados [200 hectares], com 6,6 km de extensão de muros ao longo de seus limites perimetrais. Merece destaque, ainda, o fato de o Campus A.C. Simões está inserido em uma região com altos índices de violência, como os bairros Cidade Universitária e Tabuleiro do Martins, posicionados em 3º e 4º lugares, respectivamente, no ranking de bairros mais violentos da capital alagoana em 2022".

Paes garante que a combinação desses três fatores torna a missão de garantir a segurança da comunidade acadêmica bastante complexa. "Mas, asseguro que a administração tem se esforçado para superar esses desafios, com o objetivo de proporcionar um ambiente apropriado ao desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão", revelou.

Tonholo encerra a reunião assumindo o compromisso de realizar audiência pública para discutir a segurança no campus e ressalta que a gestão tem buscado um canal de escuta da comunidade, principalmente nas questões relacionadas aos estudantes. "Estamos retomando esse diálogo e queremos deixar claro que nosso objetivo maior em situação de violência, de insegurança, é amparar as pessoas. Prestar todo apoio necessário, inclusive com atendimento psicossocial. Além disso, a Universidade tem buscado apoio dos órgãos de segurança pública para nos ajudar a conter a violência que nos cerca. A Ufal possui uma comunidade maior que muitos municípios alagoanos. Infelizmente, a violência está lá fora e aqui dentro também, reflexo da desigualdade social que assola nosso estado. Vamos seguir mantendo o Gabinete do Reitor aberto para discutir os problemas enfrentados pela comunidade acadêmica e para buscar soluções", finalizou.