Campus Arapiraca retoma ação de extensão implantada há 20 anos na Ufal
Inciativa do curso de Educação Física é uma atividade multidisciplinar que pretende otimizar graduação e pós-graduação
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Uma ação de extensão implantada há 20 anos na Universidade Federal de Alagoas, foi retomada no curso de Educação Física do Campus Arapiraca. A proposta é fortalecer e qualificar atividades acadêmicas na licenciatura com uma iniciativa que projetou o pioneirismo da instituição alagoana no Brasil. É multidisciplinar e se destina a alunos da graduação e pós-graduação das diversas áreas do conhecimento, interessados na elaboração de projetos de pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), iniciação científica, mestrado e doutorado.
A atividade atende às exigências técnicas formais e de qualidade das agências de fomento, CNPq, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e fundações estaduais. A iniciativa foi criada na Ufal pelos pesquisadores Sílvio Gamboa e Márcia Chaves, com a proposta de alavancar projetos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), e também foi desenvolvida em várias universidades do país.
“Para nós é muita emoção por se tratar de um marco dos 20 anos de cursos e oficinas, retomando um trabalho da Ufal, por iniciativa do então pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Josealdo Tonholo, para qualificar projetos, sendo a instituição alagoana pioneira nessa finalidade. Estamos fazendo uma homenagem ao professor Sílvio Gamboa, falecido em novembro do ano passado, que teve um relevante trabalho de contribuição à Ufal, assim como, nas demais universidades onde o curso foi ministrado com o mesmo objetivo”, destacou a professora Joelma de Oliveira Albuquerque, da licenciatura em Educação Física do Campus Arapiraca, que conduziu a atividade acadêmica recentemente no âmbito da Ufal.
O pesquisador Sílvio Gamboa pertencia ao corpo docente da Universidade de Campinas (Unicamp) e foi professor visitante no Centro de Educação (Cedu) da Ufal. A professora Márcia Chaves, também responsável pela atividade de extensão, foi do Instituto de Educação Física e Esporte (Iefe), unidade acadêmica do Campus A.C. Simões, onde se aposentou.
Denominado de Introdução aos Projetos de Pesquisa: fundamentos lógicos, o curso de extensão resulta da articulação entre o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Física, Esporte e Lazer (Lepel), o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), Residência Pedagógica e o Programa de Pós-graduação em Ensino e Formação de Professores (PPGEFOP).
A professora Joelma Albuquerque, responsável pela retomada da ação extensionista, foi aluna e orientanda do professor Gamboa, tanto na graduação quanto na pós-graduação, e também participou várias vezes do curso ministrado por ele e Márcia Chaves. Joelma é egressa da Ufal e destaca a importância da iniciativa para dar continuidade ao legado deixado pelo pesquisador, que deu bons resultados, cuja experiência está registrada em livro. “Após 10 anos de oferta desses cursos e oficinas, o professor Gamboa desenvolveu e acumulou tantas coisas, as quais foram publicadas em forma de livro pela Editora Argos. Fui convidada por ele para escrever a orelha da obra exatamente por ter acompanhado desde o início a dinâmica dos cursos. E foi o que eu escrevi: ali estava o resultado de um amplo e profundo diálogo com pesquisadores de todo o país”, revelou.
E complementa: “O professor Sílvio Gamboa foi um grande colaborador da Ufal e um pesquisador de incrível generosidade. Se hoje eu posso ministrar o curso, foi pela generosidade e estímulo dele. Eu tinha feito tantas vezes o curso que ele me disse que eu estava apta a ministrá-lo”.
Construção do campo científico
A docente revela que a proposta do novo curso surgiu com base nos balanços sobre os projetos de pesquisa apresentados, tanto nos processos de seleção, como em bancas de qualificação, que, de uma forma ou outra, apresentavam deficiências lógicas e formais. “Uma retomada das questões básicas da pesquisa poderá subsidiar os alunos nas melhorias de seus projetos e no aproveitamento eficiente dos tempos exíguos exigidos para a qualificação e desenvolvimento das pesquisas, preservando, no possível, a qualidade dos processos, graças à contribuição dos elementos lógicos do trabalho científico”, completou.
No Campus Arapiraca, Joelma Albuquerque coordena o Lepel, a área do Pibid Educação Física e é professora do PPGEFOP. “O curso sobre a construção do campo científico nas áreas profissionais, particularmente os projetos de pesquisa, tem por objetivo atender às necessidades históricas relativas ao processo de construção do campo científico, iniciando pela elaboração de projetos de pesquisas de alunos de iniciação científica, ingressantes nos programas de pós-graduação e demais interessados em aprimorar seus projetos a fim de encaminhá-los às agências de fomento da pesquisa científica”, reforçou.
A pesquisadora aproveita para reafirmar que a positividade da oferta do curso consiste em dar continuidade ao legado deixado pelo professor Sílvio Gamboa, que foi uma enorme contribuição para uma mudança na lógica de construção de projetos de pesquisa, valendo-se da filosofia, e não como mera aplicação de técnicas de pesquisa. “Disponibilizar o conteúdo do curso para as pessoas, assim como o legado do professor Gamboa, pensado para fortalecer os projetos na Ufal. Assim, pela sua relevância, pela sua consistência, as contribuições dadas pelo pesquisador continuam necessárias, atuais e colaboram para a construção da ciência em nossa instituição e em outras universidades”, comemorou a professora Joelma.
Mestre e doutora em Educação, a ministrante do curso leciona no Campus Arapiraca as disciplinas Fundamentos Históricos e Filosóficos da Educação Física, Epistemologia e Pensamento Pedagógico da Educação Física, Metodologia do Ensino da Ginástica para todos e Aprendizagem e Desenvolvimento na Educação Física. Além de Prática Pedagógica da Cultura Corporal, Prática Pedagógica da Ginástica para Todos e Atividade Curricular de Extensão, com o Projeto de Ginástica Circense.
Sobre a nova etapa da ação de extensão que marcou o pioneirismo da Ufal para a finalidade proposta, Joelma afirma que o grupo Lepel trabalha com a ideia da pesquisa matricial em rede. Ou seja, que parte de uma matriz de problemas, respondidos em conjunto pelos pesquisadores em diferentes níveis de formação, mas com unidade teórico-metodológica. “Assim, o curso tem sido uma ótima oportunidade de o grupo alinhar a organização da pesquisa, além de ampliarmos nossa rede de diálogo com pesquisadores do Ifal [Instituto Federal de Alagoas] e Uneal [Universidade Estadual de Alagoas], por exemplo, que também estão participando do curso”, comemorou.
Desenvolvimento
O curso de extensão Introdução aos Projetos de Pesquisa: fundamentos lógicos está cadastrado no Sigaa e foi realizado de forma presencial, às terças-feiras à noite, no Campus Arapiraca, entre os meses de agosto e setembro com encerramento no último dia 12. Gratuito e com carga horária de 20 horas, contou com 40 participantes e todos receberam certificado.
Apresentar conceitos básicos relacionados com os projetos de pesquisa científica e recuperar as noções básicas da ciência e suas relações com outras formas de conhecimento são alguns dos objetivos do curso realizado. Nele foram abordados os temas: Determinações históricas, A transformação do campo profissional para o campo científico, Os fundamentos lógicos da pesquisa científica, Tarefas de estudo em casa, O mundo da necessidade, o problema, as questões e a pergunta, A elaboração das respostas desde o ponto da ciência e As relações entre os métodos da pesquisa e da exposição.
A atividade acadêmica contou com o apoio de Celi Taffarel, do PPGEFOP do Campus Arapiraca e da equipe de professores do Programa Lepel, organizador do curso. A equipe envolvida foi formada pelo professor Ailton Prates, da Ufal, professora Deysianne França, do Ifal, e pelos mestrandos do PPFEFOP, Pedro Melo, Matheus Santana e Mariana Amorim de Arruda Silva.
“A previsão é que façamos um novo módulo do curso com outro tema, que também aprendi e aprimorei com o professor Sílvio Gamboa no processo da pesquisa sobre a produção do conhecimento em Educação Física: a organização de bancos de dados e a análise epistemológica acerca do conhecimento já produzido, dialogando com os projetos Pibic aprovados pelo grupo Lepel neste ciclo. Este era o primeiro passo que o professor Gamboa indicava para iniciar um projeto de pesquisa”, explicou Joelma Albuquerque, comemorando o êxito da atividade de extensão.