Pesquisa busca identificar marcadores genéticos da hanseníase em Alagoas
Estudo visa apontar grupos de maior risco para o desenvolvimento da doença e das incapacidades físicas e propor estratégias de intervenção
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Com o compromisso de enfrentar os desafios crescentes da hanseníase no Brasil, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeal) apoiou um estudo liderado pela pesquisadora Carolinne Marques do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que busca identificar marcadores genéticos associados à doença, em Alagoas, e que vai mais além, com o desenvolvimento de produtos tecnológicos.
“Nosso estudo propõe realizar uma análise epidemiológica, clínica e genética da hanseníase em Alagoas, compreendendo como o perfil genético do indivíduo pode influenciar na ocorrência desta doença tão impactante. E, assim, desenvolvermos produtos tecnológicos aplicáveis aos profissionais de saúde e aos pacientes com a doença”, frisou a pesquisadora da Ufal.
A hanseníase é uma doença infecciosa que acomete principalmente populações em vulnerabilidade social e que, quando diagnosticada tardiamente ou tratada incorretamente, pode levar a incapacidades físicas e deformidades irreversíveis. O principal intuito do estudo, portanto, é apontar grupos de maior risco para o desenvolvimento da doença e das incapacidades físicas, e assim propor estratégias de intervenção.
“Na abordagem epidemiológica da nossa pesquisa, identificamos, em Alagoas, taxa de detecção anual de hanseníase com média de 13,27 por 100 mil habitantes, indicando alta endemicidade”, explicou a professora, ao complementar que o perfil da doença entre os anos de 2009 e 2019, em menores de 15 anos, e para o indicador de incapacidade física, apresentou-se estacionário.
Outros desdobramentos do estudo
Pensando na importância da identificação precoce no contexto da hanseníase, o projeto vem desenvolvendo aplicativo voltado para profissionais da saúde, o DiagHans, com foco no auxílio diagnóstico e predição das incapacidades. Essas estratégias poderão auxiliar os especialistas no enfrentamento da doença e impactar o diagnóstico precoce e assertivo. Mas não é só isso.
O estudo, que integra o Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), também vem criando materiais educativos como cartilhas, folders e um podcast exclusivo sobre a doença, o Hanscast, incluindo temáticas apontadas pelos profissionais como mais relevantes no contexto deste distúrbio.
Ao concluir suas contribuições, Carolinne Marques frisa que os materiais educativos elaborados no estudo podem ser prontamente aplicados no Sistema Único de Saúde (SUS), colaborando para a capacitação dos profissionais da saúde e da atenção básica no âmbito da hanseníase.
Janeiro Roxo e o combate à hanseníase
Durante o mês de janeiro, mais precisamente no dia 26, temos o Dia Mundial de Combate a Hanseníase, e desde o ano de 2016 foi criada a campanha Janeiro Roxo, do Ministério da Saúde, que promove ações em todo o país para disseminar o conhecimento sobre a doença, buscando alertar e conscientizar a população sobre o seu caráter silencioso e estigmatizante.
O Brasil ocupa, hoje, a segunda colocação em notificações de novos casos de hanseníase e o primeiro lugar nas Américas. Em 2022, por exemplo, foram detectados 19.635 casos novos da patologia, com distribuição heterogênea e maior concentração de casos nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, de acordo com o Ministério da Saúde.
Como a doença ainda representa um problema de saúde pública no Brasil, o enfrentamento e eliminação da hanseníase e a disseminação do conhecimento e diagnóstico são de extrema relevância para o seu combate efetivo.