Egresso da Ufal é único brasileiro financiado pelo Google Academic Research

Alagoano Rafael Ferreira vai aprimorar aplicativo desenvolvido em Núcleo da Ufal que já foi usado em oito mil escolas do Brasil

Por Ascom Ufal com Assessoria do Nees (Foto: @zine.cc)
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Rafael Ferreira Melo
Rafael Ferreira Melo

Somente um pesquisador brasileiro foi selecionado pelo Google Academic Research Awards 2024, programa do Google que financia pesquisas em tecnologia e computação que impactam positivamente a sociedade em áreas como educação, saúde e meio ambiente. Rafael Ferreira Melo, pesquisador do Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (Nees), vinculado ao Instituto de Computação da Universidade Federal de Alagoas (IC/Ufal), vai aprimorar uma ferramenta que envolve inteligência artificial e correção de redações para a educação básica.  

Em todo o mundo foram selecionados 95 pesquisadores, a maioria de universidades dos Estados Unidos e Europa. Rafael, representante do Brasil, é alagoano, formado pela Ufal, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e da Cesar School. O Google divulgou o resultado essa semana, após uma análise minuciosa que envolveu equipes de engenheiros e pesquisadores da multinacional norte-americana. Além de Rafael Mello, apenas outros dois pesquisadores da América Latina terão o trabalho financiado pela empresa. Jesús Siqueiros e Carlos Hernández, da Universidade Nacional Autônoma do México, aprovaram uma pesquisa de IA e sustentabilidade. 

O estudo de Rafael foi selecionado na categoria de pesquisas que focam IA para tornar a educação equitativa, acessível e eficaz. O título em inglês da pesquisa dele é Using LLM and AIED Unplugged to Support the Teaching at the Right Level Program in Brazil (Usando LLM e AIED Unplugged para ensinar no nível certo no Brasil).

“Fiquei muito feliz em ter sido aprovado pois é uma seleção bastante concorrida e que envolve cientistas do mundo todo”, destacou Rafael. Entre os critérios do Google para selecionar as pesquisas estão qualidade, inovação e impacto do projeto, adequação aos princípios éticos da IA e qualificação dos docentes responsáveis pelos trabalhos.  

“Com o financiamento vamos avançar na pesquisa para aproveitar modelos de linguagem mais recentes para aprimorar a ferramenta que desenvolvemos no Nees de correção de redações, a APA. A ideia é agora usar modelos mais atuais de IA generativa como o Gemini, do Google, para melhorar o algoritmo de correção dos textos”, adiantou o egresso da Ufal, destacando o entusiasmo em desenvolver pesquisas para melhorar as políticas públicas de educação no Brasil. 

O projeto de Rafael aborda também o conceito de “AIED Unplugged”, uma metodologia inovadora criada pelos pesquisadores do Nees para integrar tecnologias de IA em ecossistemas educacionais sem exigir modificações de infraestrutura, acesso à internet ou alfabetização digital avançada.

Projeto piloto já foi aplicado em oito mil escolas

O APA, projeto desenvolvido pelo Nees, é o Acompanhamento Personalizado de Aprendizagem (APA), aplicativo que usa inteligência artificial para aprimorar as habilidades de escrita de estudantes do ensino fundamental. Por meio dele, textos manuscritos dos alunos são digitalizados e avaliados individualmente. Os professores recebem feedback personalizado.

A partir das avaliações, os docentes podem programar melhor as intervenções para recuperação da aprendizagem. O uso do aplicativo não depende de acesso estável à internet nem exige habilidades digitais significativas, permitindo que estudantes e professores de lugares remotos sejam favorecidos pela tecnologia.  O projeto piloto do APA foi aplicado em mais de oito mil escolas públicas de ensino fundamental do Brasil, envolvendo cerca de 160 mil estudantes.