Estudante vai fazer intercâmbio na África com pesquisas de combate ao racismo

Erick Silva será o único representante de Alagoas entre os 50 estudantes do Brasil que foram selecionados

Por Manuella Soares - jornalista
- Atualizado em
Erick Silva será o único representante de Alagoas entre os 50 estudantes do Brasil que foram selecionados
Erick Silva será o único representante de Alagoas entre os 50 estudantes do Brasil que foram selecionados

Um intercâmbio para discutir a educação das relações étnico-raciais. Essa experiência será vivida pelo estudante do curso de Filosofia da Ufal Erick Silva, a partir de dezembro, na Universidade de Cabo Verde (África). O aluno conquistou o primeiro lugar no edital do Ministério da Igualdade Racial que selecionou 50 estudantes de todo o Brasil.

“Um momento de imensa alegria e realização. Não só por ter sido o único representante de Alagoas, mas por saber que todo o esforço, dedicação e as horas investidas em meus estudos e pesquisas valeram a pena. Essa conquista fortalece ainda mais o meu compromisso em continuar estudando e lutando por uma educação que valorize as identidades negras e promova o combate ao racismo”, destacou.

O objetivo do intercâmbio é estimular e promover a troca de conhecimentos, experiências e políticas públicas que contribuam para o combate ao racismo e para a valorização da História e Cultura Africana e da Diáspora Africana. Erick conta que sua familiaridade e interesse pelo tema percorrem todo o período da licenciatura, com aprofundamento no Grupo de Estudos Sobre Educação Antirracista (Gear), coordenado pela professora Juliele Sievers.

Durante o intercâmbio ele vai desenvolver atividades em eventos científicos, visitas guiadas a escolas e locais históricos, e diálogos com movimentos sociais locais. O estudante da Ufal também vai desenvolver sua proposta de pesquisa, que tem como foco pensar um ensino de Filosofia para além do modelo tradicional, integrando epistemologias negras.

“É uma oportunidade que me faz refletir sobre a importância de ocupar espaços que historicamente nos foram negados. Sinto que essa vivência em Cabo Verde, um país com uma rica história de resistência e luta, me proporcionará um crescimento tanto acadêmico quanto humano”, reforçou o aluno, falando sobre suas expectativas: “Estou motivado a trazer esse aprendizado de volta para a sala de aula e para os debates sobre educação e raça no Brasil”.

Base na Ufal

Erick Silva pretende representar a Ufal nos estudos para a construção de um ensino de Filosofia que valorize a ancestralidade e as lutas históricas. Para isso, ele conta que tem se preparado com o incentivo da mãe e da avó, além do apoio da orientadora Juliele, docente e parceira nos trabalhos acadêmicos.

Entre os artigos desenvolvidos juntos, Erick e Juliele publicaram o intitulado Os Atravessamentos entre a Necropolítica e o Pacto Narcísico da Branquitude, que será apresentado em breve como Trabalho de Conclusão de Curso na licenciatura em Filosofia da Ufal.

“Érick participa ativamente de nosso Grupo de Estudos sobre Educação Antirracista, que forneceu as bases do projeto que ele desenvolverá no intercâmbio. Esperamos que através dele conheçamos melhor a Universidade de Cabo Verde e consigamos estreitar relações institucionais através das atividades que desenvolvemos aqui e que eles desenvolvem por lá, sobretudo em relação à educação antirracista”, comentou a professora.