Estudantes apresentam jogo independente em feira de games no Japão
Estratégia de divulgação focada no marketing orgânico chamou atenção para o jogo criado por irmãos que estudam na Universidade
- Atualizado em
A paixão por jogos levou os irmãos Jean e João Lima, estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a se dedicarem ao desenvolvimento de um game e a assumirem o desafio de projetar a criação no competitivo ambiente dos jogos virtuais. De acordo com Jean, os conhecimentos adquiridos no curso de Relações Públicas foram fundamentais e deram a base para planejar a realização de ações que conseguissem despertar o interesse para o Saborusgame, o jogo independente criado pela dupla.
A estratégia de marketing deu tão certo que eles saíram do município de Pilar, Região Metropolitana de Maceió, e foram participar da Tokyo Game Show (TGS), um dos maiores eventos de games. A feira ocorre na cidade de Chiba, no Japão, desde 1996. A edição 2024 foi realizada no final do mês de setembro. Lá, eles participaram da categoria que contempla criações independentes.
“A TGS é um dos maiores eventos do mundo dos games e estar lá representa a chance de mostrar Saborus para um público global. Isso tudo é resultado de muito esforço e criatividade, provando que, mesmo com pouco, é possível alcançar grandes coisas”, destaca Jean, estudante de Relações Públicas na Ufal.
O jogo, relata o desenvolvedor, é uma aventura de terror que conta a história de uma galinha tentando escapar de um abatedouro sombrio. Para criar, ele diz que buscou inovar e usou todas as ferramentas disponíveis para desenvolver algo único, mesmo com a falta de recursos. Para saber mais sobre o game, acesse este link. Para quem quiser jogar a demo, o acesso é este aqui.
Jean comemorou muito a participação no evento: “Foi incrível! As pessoas não acreditavam quando a gente falava que nosso estúdio contava apenas com duas pessoas. É uma exclusividade conseguir espaço nesse tipo de evento, pois estúdios do mundo todo tentam uma vaga. Foi lindo!”, afirmou. Ele ressaltou que o estúdio deles era o único nordestino no evento. A título de comparação, informa que havia mais um estande brasileiro, de São Paulo, e era de uma empresa com cerca de 20 funcionários.
Para conseguir viajar, os irmãos contaram com o apoio da Prefeitura de Pilar e dos gestores das secretarias municipais de Transporte e de Urbanismo. “Gostaríamos de agradecer à Prefeitura de Pilar, por fazer parte desse sonho ao patrocinar nossas passagens aéreas, a Leonardo Gomes, secretário de Transporte, e José Valter, secretário de Urbanismo, por garantirem nosso transporte mesmo estando do outro lado do mundo”, agradeceram.
Criação e divulgação do Saborus
A partir de 2025, o jogo desenvolvido pelos estudantes da Ufal estará disponível em alguns dos principais consoles de videogame, mas como bem falou Jean, nada foi fácil e rápido como parece.
Até chegar ao Japão, ele conta que foram dias de muita dedicação. “Eu comecei a desenvolver Saborus no interior de Alagoas com poucos recursos e apenas um computador. Sempre fui apaixonado por games, e aprendi programação e inglês por conta própria, usando vídeos e cursos on-line. Mesmo enfrentando várias dificuldades, consegui transformar Saborus em um projeto que chamou a atenção internacional”, conta orgulhoso ao destacar que, em momentos anteriores, já participou de outros eventos na América do Norte e na América Latina, e que isso foi essencial para dar visibilidade ao projeto.
E é aí que entra o conhecimento conquistado na Ufal. Desde se fantasiar de galinha durante os eventos até estudar o público para encontrar a melhor forma de se comunicar em cada rede social, tudo foi considerado pela dupla de estudantes de modo estratégico para potencializar a divulgação do produto criado por eles.
“Alcançar visibilidade internacional e tudo mais é totalmente ligado a estratégias de relações públicas. Eu e meu irmão [estudante de Biologia] tivemos que ser bem criativos quando se tratava de marketing para Saborus, porque simplesmente não tínhamos condições de pagar por campanhas tradicionais”, afirma Jean. “Com isso, desenvolvemos várias estratégias de marketing orgânico, focando em redes sociais e comunidades de jogos. Participávamos de fóruns, criávamos conteúdo interessante sobre o desenvolvimento do jogo e interagíamos diretamente com quem mostrava interesse. Usamos ao máximo o poder do boca a boca e das recomendações naturais”, detalha o futuro Relações Públicas.
Ele explica a importância de se conquistar visibilidade para um produto, ainda mais sendo uma criação independente, uma vez que a área de marketing costuma receber grandes investimentos por parte das empresas.
“Foi um processo trabalhoso, mas que deu resultados. Sem gastar com anúncios pagos, conseguimos fazer o jogo ganhar visibilidade internacional e atrair uma comunidade engajada que acreditava no projeto. Essa abordagem foi essencial para manter o projeto vivo, mesmo com recursos limitados, e mostrou que, com planejamento e dedicação, é possível atingir grandes públicos de forma orgânica. E isso tem muito a ver com a prática profissional de relações públicas”, concluiu.