Sinpete oferece uma programação variada para os visitantes

Um dos destaques é o planetário móvel do Programa Caminhos com Ciência

Por Lenilda Luna - jornalista e Renner Boldrino - fotógrafo
Sinpete vai até o dia 22, com programação em Maceió, Arapiraca e no Sertão
Sinpete vai até o dia 22, com programação em Maceió, Arapiraca e no Sertão

Muito movimento entre os vários estandes do galpão de exposições, montado no Campus A.C. Simões, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió, para a Semana Institucional de Pesquisa, Tecnologia e Inovação na Educação Básica (Sinpete), que está na terceira edição, com o tema “Inovação Sustentável: Educação, Tecnologia e Empreendedorismo para a Conservação dos Biomas Brasileiros”.

No segundo dia de evento, nesta quinta-feira (17), estudantes de várias escolas circulavam curiosos para acompanhar o máximo de palestras e apresentações. As ações para estimular o protagonismo, a criatividade, o raciocínio científico e a inovação foram distribuídas em formatos atrativos, despertando o interesse dos visitantes. Um público formado principalmente por adolescentes que aproveitaram também para conhecer o ambiente universitário.

Minecraft X Roblox

Até as plataformas de jogos bastantes conhecidos entre os mais jovens receberam uma releitura educativa, sem perder a característica de entretenimento que atrai tantos usuários. Foi assim que os estudantes Débora Hadassa e Arnold Félix criaram uma batalha entre o Minecraft e o Roblox, para mostrar que é possível aprender química de forma bem divertida.

Débora é estudante do 3º período de Química na Ufal e participa do Projeto de Pesquisa Divulgação e Popularização Científica, coordenado pela professora Monique Gabriella Angelo da Silva. “Eu escolhi o Roblox porque faz parte da minha infância e, assim como várias crianças, meus pais ficavam preocupados com o tempo consumido em jogos digitais. Eu queria provar que é possível aprender usando essas tecnologias”, relata a estudante.

Ela está participando como expositora no Sinpete pela primeira vez e ficou muito entusiasmada com a curiosidade dos estudantes do ensino fundamental e médio. Para ela é importante que os professores acompanhantes dos alunos também se interessem em usar esses recursos em sala de aula. “Ainda há um preconceito com as plataformas de jogos. Mas os professores estão vendo como é importante utilizá-las como recurso didático”, destaca Débora.

Já Arnold, que é estudante do Mestrado Profissional em Química em Rede Nacional (Profqui), na Ufal, escolheu o Minecraft como objeto de pesquisa. A dissertação que ele está desenvolvendo tem como tema: Minecraft Education na formação de professores de química da educação básica. A orientação é da professora Monique Gabriella (IQB), e o coorientador é o professor Fernando Pimentel (Cedu).

Arnold destaca que justamente pelo Minecraft ser uma plataforma de mecânica simples, faz tanto sucesso entre crianças e adolescentes. “Essa linguagem já é desta geração, faz parte da rotina dessas crianças e jovens. Nosso desafio é ensinar aos professores e professoras como utilizarem o recurso de forma didática e que eles tenham familiaridade com esse ambiente. Dá para usar o Minecraft Education em qualquer disciplina. Os estudantes podem aprender brincando e se divertindo ”, ressalta o mestrando.

Cem anos de planetários

Um outro ponto que está recebendo muitos visitantes é o planetário móvel do Programa Caminhos da Ciência. A cúpula, montada na área central do galpão onde acontece o evento, não tem como passar despercebida. É um convite para entrar no ambiente e mergulhar no aprendizado. Uma imersão nas imagens de qualidade em 4K, projetadas em 180º e 360°, combinado com músicas e narrações que facilitam a concentração no tema.

Os professores Jhonatan David, biólogo, e Luis Carlos Soares, geógrafo, são os planetaristas que recebem os grupos e adaptam a apresentação conforme a faixa etária dos estudantes. “Minha vida com planetário tem 12 anos. Nossa proposta foi tornar essa ferramenta itinerante para alcançar mais crianças e adolescentes e ampliar as disciplinas abordadas ”, conta Jhonatan.

Ele apresentou alguns dos recursos utilizados, que já são bem conhecidos em aulas de astronomia, mas que podem projetar informações sobre outras áreas de conhecimento. “Num planetário, podemos viajar pelo corpo humano, por exemplo. Também podemos viajar pelo planeta Terra, sobrevoando florestas ou mergulhando no fundo do mar, para debater as questões ambientais”, ressalta ele.

O professor Luis Carlos destacou que, apesar de os planetários existirem há cem anos, ainda são pouco utilizados como ferramenta de aprendizagem no Brasil. “O planetário é a melhor forma de materializar os conceitos astronômicos. Nas projeções, os estudantes conseguem observar em detalhes a superfície da Lua, por exemplo, com visualização das crateras e outros detalhes do relevo”, destaca o professor.

Luis relata que os planetários surgiram na Europa há cem anos, mas no Brasil, faz apenas 50 anos que esses equipamentos começaram a ser utilizados. “É um recurso muito novo e já popularizado no mundo, embora existam apenas 115 planetários no nosso país. Acredito muito no potencial dos planetários, tanto que esse é o tema da tese de doutorado que estou desenvolvendo na Universidade Federal de Sergipe”, informa o professor.

Venha participar

O Sinpete vai até o dia 22, com programação em Maceió, Arapiraca e no Sertão, que pode ser conferida aqui. As escolas inscreveram grupos para visitas guiadas, mas o espaço está aberto para todas as pessoas que quiserem participar das atividades, nos turnos da manhã e à tarde. A expectativa é atingir um público de 50 mil pessoas nos sete dias de evento.