Estudantes apresentam pesquisas em Encontro de Pesquisadores em Dança
Trabalhos fazem parte do projeto de extensão Mostra Alagô
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Cinco estudantes do curso de Dança da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) tiveram a oportunidade de apresentar trabalhos de pesquisa na 8ª edição do Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores em Dança (Anda), realizado no início deste mês, em Salvador (BA).
Os trabalhos resultam do projeto de extensão Mostra Alagô 5, aprovado no Programa Vivências Artísticas e coordenado pela professora Kamilla Mesquita.
As pesquisas apresentadas foram Memória ancestral: o ambiente natural como neio de criação em dança, de Italo Souza; As margens que dançam: as danças dissidentes do Vergel do Lago, de Cleane Santos; Nosso ouro, nossa maior riqueza: cadê o sururu que estava lá?, de Vitória Safi; Ecos do sofrimento, flashes e memórias: fluxos contínuos para a criação em dança, de Kaique Leonardo; e A mina que guarda conhecimentos: desdobramentos da cena como proposta didática, de Gisela Américo e Jeronimo Silva.
Os trabalhos dos estudantes estão relacionados à criação de um espetáculo intitulado Mina 18, motivado pelas questões políticas e ambientais acerca das minas de exploração de sal-gema. A subsidência de cinco bairros de Maceió em função da exploração mineral da Braskem causou vários impactos socioambientais que têm sido expressados em pesquisas e manifestações artísticas. “São trabalhos embasados nas pesquisas teóricas, mas também nas pesquisas artísticas de cada um dos estudantes”, informou a professora Kamila.
A apresentação das pesquisas em um evento da importância do Encontro Nacional da Anda motivou bastante os estudantes. “Ter a oportunidade de representar a Ufal e o curso de Dança em outro estado foi uma virada de chave muito grande. Eu tive condições de superar meus medos como estudante, porque falar em público sempre foi uma insegurança minha, mas depois desse evento eu me sinto muito mais confiante. Só de estar lá eu já me senti orgulhosa”, disse Gisela Américo.
O estudante Ítalo Souza também aproveitou bastante. “Participar de um congresso nacional de pesquisadores em dança foi algo importantíssimo na minha vida profissional. Poder ver e ouvir toda pluralidade que a Dança tem, fez com que eu pudesse me aprofundar ainda mais no contexto do curso, fazendo com que eu saísse ainda mais da minha zona de conforto”, declarou.
O Congresso da Anda reúne estudantes e professores do Brasil. “Conhecer suas pesquisas é muito potente e me motiva a permanecer na área da pesquisa. Os relatos e apresentações abriram mais o meu olhar e me mostraram diversos caminhos que ainda posso seguir estudando e pesquisando. Quanto a apresentar, foi muito gratificante estar ali e poder falar um pouco sobre uma pesquisa que ainda se encontra em andamento, mas que já tem tantos resultados”, relatou Vitória Safi.
A temática levada pelos estudantes da Ufal, que chama a atenção do público para o colapso da Mina 18, uma das várias que estão abertas e com risco de afundamento, foi desafiadora. “Trazendo a minha experiência e levando um pouco do Mina 18 com minha pesquisa, eu acredito que foi de grande importância para o meu desenvolvimento pessoal e profissional na área da dança e da pesquisa. Acredito também que a Mostra Alagô abriu um leque de possibilidades e me tirou o medo grande. Eu fiquei bem nervosa na hora de apresentar, mas eu gostei! Me senti preparada para outros eventos e espero que haja outras oportunidades”, ressaltou Cleane Santos.
Para Jeronimo Silva, participar do Congresso da Associação Nacional dos Pesquisadores em Dança é uma honra para qualquer pessoa que pesquisa e estuda dança. “Eu, em especial, como entrei durante o começo da crise sanitária da covid-19, não tive a possibilidade de ir em eventos acadêmicos por conta do isolamento social, até as aulas no começo eram on-line. Mas, agora, no último período, vejo que recebi um presente duplo sendo bolsista do Mostra Alagô 5 e podendo representar meu curso com minhas pesquisas dentro do curso de Dança. Foi lindo perceber que na Anda tinha a sigla Ufal para todos os cantos e todos comentando; foi literalmente o nosso lema Vamos alagar a cidade com dança vivido na prática”, concluiu o estudante.
Vivências Artísticas
Kamilla Mesquita explica que o Edital Vivências Artísticas é interno e de fomento à pesquisa e criação artística. “Foram selecionadas algumas propostas de projetos criativos e para cada projeto selecionado são concedidas bolsas, para que os estudantes-artistas-pesquisadores desenvolvam, ao longo de um ano, suas pesquisas criativas sob orientação de um docente-coordenador. O curso de Dança teve dois projetos selecionados, sendo um deles o projeto Mostra Alagô: Mina 18, que vem desenvolvendo pesquisas artísticas em torno dos impactos socioambientais da exploração de sal-gema em Maceió".
Ela destaca a importância da iniciativa: “Apesar de termos ainda algumas críticas construtivas em relação ao Edital, que não prevê qualquer orçamento para os custos de uma produção artística [cenário, figurino, iluminação, etc], vemos esta iniciativa da Proexc [Pró-reitoria de Extensão e Cultura] como algo bastante positivo, afinal a formação cultural de caráter extensionista e o estímulo à criação artística de nossos estudantes é algo de extrema importância, tanto para a formação de nossos estudantes, como também pelo impacto que tais ações de cunho artístico cultural promovem na sociedade”, ponderou Mesquita.
A pesquisa em Dança na Ufal
A docente informa ainda que as pesquisas dentro do curso de licenciatura em Dança desenvolvem-se em vários âmbitos. “Há os TCCs que se caracterizam como Trabalhos de Conclusão de Curso, podendo ser no formato de monografias ou Artigos Acadêmico; há também as pesquisas de iniciação científica, com o Pibic; Além dos grupos de pesquisa coordenados pelas docentes-pesquisadoras e os projetos de extensão que, em sua maioria, desenvolvem pesquisas de caráter teórico-prático”, relatou a professora.
O Projeto Mostra Alagô: Mina 18 tem como objetivo principal a criação de produto cênico: uma obra de dança. “Mas para além da criação artística, o projeto abarca todo o processo de pesquisa que atravessa o processo de criação; além do caráter pedagógico da pesquisa que abrange também as estratégias de mediação do espetáculo junto ao público de escolas públicas por meio de oficinas culturais. Foi essa parte da pesquisa que levamos para o Encontro da Anda”, finalizou Mesquita.