Curso de Dança realiza manifesto durante reunião do Consuni
Professores e estudantes reivindicam contratação de docentes e investimentos em estrutural
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O curso de Dança – Licenciatura, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi criado em 2006 e funcionava no Espaço Cultural, na praça Sinimbu. Há três anos, a comunidade universitária do curso decidiu pela mudança para o prédio do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca), no Campus A.C. Simões.
Um dos objetivos da mudança foi ter mais espaço e maior vivência com as outras licenciaturas da universidade. Como enfatizam os integrantes da comunidade acadêmica de Dança, o curso não é só a expressão artística, mas também pesquisa, extensão e educação.
Foi para reivindicar mais estrutura e principalmente a contratação de docentes que os representantes do curso realizaram uma manifestação, com cartazes, percorrendo a reitoria da Ufal e ocupando a Sala dos Conselhos, nessa terça-feira (6), pela manhã.
A vice-reitora, Eliane Cavalcanti, que presidia a sessão do Conselho Universitário, convidou a representação de docentes e estudantes a explicarem aos conselheiros e conselheiras os motivos do protesto. “Somos cinco professoras apenas do corpo docente de dança. A Dança é a nossa profissão. Queremos melhores condições de trabalho e de estudo para desenvolver nossas atividades”, declarou a professora Camila Saraiva.
“O nosso maior problema é não ter docentes. Somente cinco professores para dar conta de uma carga horária de três mil horas da licenciatura é inviável. Com a mudança do Projeto Pedagógico do Curso, cresceu a quantidade de disciplinas, mas não recebemos mais professores. Estamos vendo que o curso vai entrar em colapso, porque em abril vão entrar os estudantes do Sisu 2024 e esse quadro docente não vai dar conta”, declarou o estudante Jerônimo Silva
Segundo o estudante, algumas unidades colaboram, como ICBS, Cedu, Educação Física, mas isso não supre as necessidades específicas do curso de Dança. “Agradecemos a boa-vontade em ceder professores para algumas disciplinas, mas existem aulas que só podem ser ministradas por quem é da Dança. Não queremos ter essa formação precarizada, por conta da sobrecarga e do cansaço do nosso corpo docente”, reforça Jerônimo.
“É desumana essa sobrecarga. Vocês que são professores sabem como é difícil ensinar nessas condições, acumulando cinco ou mais disciplinas e ainda precisando dar conta da extensão, da pesquisa e da gestão. Dança tem que realizar pesquisas e nós não estamos tendo condições de produzir sem a orientação, porque nossas docentes não têm tempo. E olha que elas desempenham muito bem o trabalho que realizam. Imaginem se tivessem mais condições e menos sobrecarga”, ponderou Cybelle Barros, do Centro Acadêmico de Dança.
“O contexto do nosso curso é muito crítico e não é de agora que reivindicamos essas questões. Dessa forma, não teremos condições de oferecer disciplinas para quem já é do curso e para os novos estudantes que estão chegando. Estamos pedindo ao Conselho Universitário que tenha uma atenção para o nosso curso. A arte tem um grande valor. Nós somos licenciatura. Não se resume a dançar, a gente educa!”, enfatizou Amy Ruffino, que também integra o Centro Acadêmico do curso de Dança.
O pró-reitor de Graduação, Amauri Barros, informou que já houve uma primeira reunião com os representantes do curso de Dança, na última sexta-feira (2). “O curso de Dança realmente precisa desse reforço no corpo docente e, enquanto instituição, devemos dar essa resposta. As artes são fundamentais para a formação integral do ser humano e nós sabemos do valoroso trabalho realizado pelo corpo docente”, disse o pró-reitor.
A professora Elaine Pimentel, diretora da Faculdade de Direito, solidarizou-se com o curso de Dança e colocou à disposição os espaços da FDA no período vespertino. “Sabemos que é uma ajuda temporária, mas como temos aulas de Direito pela manhã e à noite, e durante à tarde a nossa Unidade fica vazia, podemos oferecer as salas de aula e o pátio para ajudar na questão de infraestrutura”, contribuiu a diretora.
A vice-reitora, Eliane Cavalcanti, agendou reunião com o grupo para a próxima sexta-feira (9), às 10h, na reitoria. “Parabenizamos os professores e estudantes por defenderem o curso de Dança. Precisamos ter esse diálogo mais próximo e um acompanhamento efetivo dos problemas que dificultam o funcionamento pleno desta importante licenciatura. A Dança existe e vai continuar a existir. Contem conosco”, finalizou a vice-reitora.