Empresas Juniores da Ufal se fortalecem e movimentam mais de R$ 1 milhão por ano
Universidade conta, atualmente, com 19 empresas, localizadas tanto em Maceió quanto no interior do estado
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A busca por experiências inovadoras e vivências que vão além das salas de aula tem levado um número cada vez maior de estudantes a empresas juniores em Alagoas. O estado conta, atualmente, com 36 organizações classificadas nesta modalidade, das quais 19 estão vinculadas à Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Esse mercado crescente já movimenta cifras que ultrapassam a casa de R$ 1 milhão por ano.
No portfólio dessas empresas, estão outras que enxergam na universidade a possibilidade de solução para antigos e novos desafios. No mercado local e regional, por exemplo, são atendidos clientes como as redes de restaurantes Parmegiano e Pizza Fone, o Hotel Água de Côco, a envasadora de água mineral Solara, além do Grupo “Três Corações”, conhecido pela produção de diversos tipos de café.
Mas há ainda parceiros internacionais. As empresas juniores Jangadeiros e Batuque, ambas de Maceió, cruzaram o oceano e desenvolveram projetos na França, proporcionando uma vivência disruptiva para os universitários envolvidos e levando o nome da Ufal à Europa. Os resultados alcançados são fruto de muito trabalho, garante Thayná Farias, presidente da Federação das Empresas Juniores de Alagoas (Fejea).
“O mercado está cada vez mais competitivo e é responsabilidade dos jovens buscar meios para aprimorar suas habilidades. O Movimento Empresa Júnior alia teoria à prática, além de desenvolver o estudante como cidadão. Ele contribui bastante para a formação e o desenvolvimento de habilidades do futuro, como o pensamento crítico e a resolução de problemas, além de habilidades técnicas”, acrescentou Thayná Farias.
As empresas juniores são reguladas pela Lei 13.267, criada no ano de 2016, e, para serem classificadas nesta modalidade, devem atender a uma série de critérios, como estar vinculadas a instituições de ensino superior ou técnico. O principal objetivo delas deve ser o desenvolvimento pessoal e profissional de seus membros por meio da vivência empresarial, com serviços ligados diretamente aos cursos aos quais estão vinculados.
“A criação e a organização de uma empresa júnior são disciplinadas por lei federal. Para receber o selo de empresa júnior, é preciso apresentar pelo menos 13 documentos, que demonstram desde a vinculação com as instituições de ensino até a regularidade com a Receita Federal. Atendidos os requisitos, essas empresas passam por auditorias e compõem o hall da Confederação Brasileira de Empresas Juniores”, pontuou Thayná Farias.
Para Edgar Branco, diretor de Negócios da Proteq, empresa júnior que há 11 anos atua nas áreas de Engenharia Química, Ambiental e Sanitária, a organização busca suprir a demanda por experiências na área empresarial e, assim, complementar os conhecimentos adquiridos na universidade, garantindo uma interface com o mercado de trabalho.
“Na graduação, nós passamos muito tempo em sala e pouco tempo vivenciando experiências empresariais. A Proteq, então, surgiu como forma de desenvolver o trabalho sem abdicar da universidade. Hoje nós temos 31 pessoas que integram a Proteq, de forma voluntária, como rege a legislação. Além disso, temos a coordenação e a orientação de alguns professores, que ajudam a gente nos projetos”, contou Edgar Branco.
O estudante ainda acrescenta: “A empresa transforma a vida das pessoas, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional. Ela abre portas e oferece uma gama de vivências. Além disso, também contribui para construir maturidade profissional e ajuda a desenvolver competências pessoais, como comunicação, porque há áreas relacionadas a como lidar com o cliente. E é um espaço de descoberta para as pessoas”, concluiu.
O mesmo sentimento descrito por Edgar Branco é compartilhado pela estudante Bianca Martins, que integra a Empresa Júnior de Arquitetura e Engenharia Civil (Ejec) da Ufal, há 27 anos no mercado alagoano. “[Passar por uma empresa júnior] é uma experiência que você só vive aqui. A universidade ensina muita coisa, mas a vivência empresarial a gente só consegue na empresa. Por exemplo, a experiência de trabalhar com clientes, desenvolver projetos e negociar a gente só consegue aqui na Ejec”, afirmou.
Entre os projetos desenvolvidos pela Ejec está a concepção da Bienal do Livro de Alagoas em 2023. Mas os membros da organização pontuam que outras grandes parcerias foram estabelecidas ao longo do tempo. “Desenvolvemos projetos para a Casal [Companhia de Saneamento Básico de Alagoas], para empresas locais e para o Grupo “Três Corações”, explicou o estudante universitário André Magalhães, que também integra a Ejec.
Atualmente, a Fejea conta com 450 integrantes, vinculados a 36 empresas juniores. Além da Ufal, integram a Federação alunos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), do Centro Universitário Cesmac, do Centro Universitário Tiradentes, da Faculdade Pitágoras, da Seune e da FIC.
“Enquanto federação, nós temos campanhas ao longo dos bimestres, com o objetivo de promover a formação de jovens talentos e estimular o alcance de resultados. Há muitas integrações não só com empresas juniores de Alagoas, mas do Brasil. Há uma rede integrada com a participação de várias instituições”, destacou Thayná Farias, presidente da Fejea.
O grande desafio enfrentado hoje pelas empresas juniores do estado é o fomento. “É um desafio diário proporcionar vivência empresarial aos nossos jovens talentos. A gente vê o movimento como catalisador, proporcionando uma experiência inovadora, a qual consegue transformar o cenário atual da juventude em Alagoas. Para o fortalecimento dessa rede é ideal que tenhamos apoio de todo o ecossistema, afinal temos como missão lutar por uma Alagoas mais empreendedora e inovadora”, observou a estudante.
Para o futuro, a presidente da Fejea se mostra bastante otimista: “Nós traçamos o nosso planejamento estratégico e vamos buscar que o Movimento de Empresas Juniores tome uma proporção ainda maior. O desafio é manter o legado de ter jovens engajados na causa do empreendedorismo, manter as relações com as instituições de ensino e trazer apoio governamental e do mercado, além de gerar visibilidade para esse movimento”.
Por fim, Thayná Farias destaca que sua passagem por uma empresa júnior e pela Fejea despertaram nela a vontade de seguir pelo empreendedorismo. “Pretendo trilhar essa área. Sou apaixonada e realizada em entregar soluções para quem tem alguma dificuldade. Pretendo empreender e criar uma empresa que me conecte com meus valores”, concluiu.
Confira aqui a Saber Ufal Nº 5 - 2023