Estudo revela percepções do público em relação aos parques nacionais brasileiros
Pesquisa é inovadora na análise de sentimentos em português despertados através das redes sociais
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Quais sentimentos despertados pelo público sobre os Parques Nacionais brasileiros através das redes sociais? Como este engajamento pode contribuir na sua gestão? Estes foram alguns pontos discutidos na pesquisa realizada pela Dra. Carolina Neves Souza, membro do Laboratório de Conservação do Século XXI (Lacos21), através do Programa de Pós Graduação em diversidade biológica e conservação dos trópicos do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de Alagoas (PPG-DIBICT/UFAL). Utilizando de dados de rede social e da análise de sentimentos provocados, a pesquisa examinou as interações homem-natureza e como elas podem melhorar a gestão das áreas protegidas (AP) do Brasil.
O estudo identificou várias áreas críticas de preocupação entre os usuários do X, antigo Twitter, incluindo incêndios florestais nos parques, segurança, atropelamentos de vida selvagem, regramentos, concessões (conhecido por alguns usuários como privatizações) e falta de recursos financeiros para a gestão eficiente das APs. A análise de sentimentos também foi capaz de capturar percepções negativas dos usuários, sobre parques nacionais específicos, fornecendo informações sobre possíveis problemas e conflitos presentes nos parques estudados.
"Este estudo demonstra como a análise de sentimentos em dados de rede social é uma ferramenta analítica poderosa e pode proporcionar insights valiosos para a gestão eficaz das APs brasileiras, ajudando a identificar áreas de preocupação e orientando estratégias de conservação.”, contou a Dra. Carolina Neves
O estudo se destaca pela importância acadêmica dessa abordagem, que combina conceitos e metodologias nas áreas de conservação ambiental, ciência de dados, processamento de linguagem natural e comunicação ambiental, sendo inovador, já que é o primeiro a analisar os sentimentos em português sobre as APs brasileiras.
Em suas considerações, a Dra Carolina Neves ressalta que a utilização das redes sociais na gestão da biodiversidade brasileira oferece uma gama de oportunidades para aprimorar a conservação e o manejo das áreas protegidas (APs), em vários pontos: como complementação dos monitoramentos anuais realizados pelos órgãos gestores, como o Sistema de Análise e Monitoramento de Gestão (SAMGE).
O estudo também mostra que integrar as percepções e atitudes da população a esses sistemas de avaliação e monitoramento proporciona insights holísticos sobre as necessidades de melhorias das APs, além de contribuir para a avaliação da efetividade das políticas de conservação e monitoramento anual da visitação.
As redes sociais também podem auxiliar nos planos de comunicação das APs, identificando áreas que exigem maior dedicação da equipe gestora, proporcionando uma comunicação mais eficaz sobre a valorização dos locais de visitação e conservação, trazendo maiores esclarecimentos à população sobre as APs e obtendo uma maior compreensão e apoio público às políticas de conservação e manejo das APs.
“Este estudo é importante porque a partir da análise dos sentimentos e das interações da população nas redes sociais pode contribuir para a melhoria da gestão das áreas protegidas brasileiras, em especial a sua comunicação e adoção de medidas eficazes para a sua proteção, além de ser um convite para que a sociedade também contribua na sua conservação”, pontuou a doutora em ecologia Ana Malhado, que orientou o estudo.
O estudo não apenas fornece informações valiosas para a conservação ambiental, mas também destaca os desafios metodológicos associados ao trabalho em português, reconhecendo as barreiras específicas enfrentadas pelos pesquisadores brasileiros. Superar esses desafios pode abrir novas oportunidades para a ciência brasileira, promovendo a inclusão e diversidade na pesquisa científica, e que a partir dele, mais estudos e iniciativas práticas sejam desenvolvidos para promover o crescimento deste campo de estudo e para a proteção das áreas protegidas brasileiras.
Para ter acesso ao estudo, clique aqui