Colégio de Aplicação Telma Vitória é campo de estágio, pesquisa e extensão
Unidade de educação infantil localizada na Ufal oferece atendimento, em horário integral, para 95 crianças de 2 a 6 anos de idade
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Criado na década de 80, como Sementes do Amanhã, o Colégio de Aplicação Telma Vitória vem expandindo sua atuação ao longo dos últimos anos. Em 2022, o local deixou de ser somente unidade de educação infantil e se transformou em campo de estágio, pesquisa e extensão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A mudança agregou conhecimento a professores e estudantes e possibilitou a oferta de novos serviços à comunidade.
O colégio atende, atualmente, a 95 crianças de 2 a 6 anos de idade. São ofertadas atividades educativas e recreativas em horário integral, com o acompanhamento de profissionais com múltiplas formações. As iniciativas buscam desenvolver as crianças não apenas no aspecto cognitivo, mas também estimular as interações e desenvolver a autonomia delas diante das mais diversas situações, como, por exemplo, na alimentação ou higiene pessoal.
“Esse espaço é considerado um espaço de referência. A ideia é capacitar estudantes universitários para que eles possam se formar profissionalmente, mas também beneficiar as crianças. Hoje nós temos projetos com os cursos de Enfermagem, Educação Física e Serviço Social. São projetos de extensão que atendem diretamente os nossos alunos”, explicou Aline Ferreira, pedagoga e diretora do Colégio de Aplicação Telma Vitória.
Conforme Surama Angélica da Silva, vice-diretora da unidade, os projetos têm sido bastante úteis, por exemplo, no suporte para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Surama explica que houve um crescimento substancial, ao longo dos últimos anos, do número de crianças diagnosticadas com TEA. Atualmente, a unidade atende a 12 crianças comprovadamente dentro do espectro autista. Outros casos estão em investigação.
“Temos recebido professores tanto da Ufal quanto da Uncisal, que trazem projetos para desenvolver junto com as crianças. Esses projetos têm sido de extrema importância, como, por exemplo, o desenvolvido pela professora Cristiane Toscano, da Educação Física, que leva as crianças para lá, junto com nossos profissionais de apoio. As respostas têm sido bastante positivas”, acrescentou a vice-diretora Surama Angélica da Silva.
Tanto Aline Ferreira quanto Surama Angélica da Silva contam com entusiasmo seus projetos futuros. O principal deles é a implantação de um berçário, que possa atender aos pais que não têm onde deixar seus filhos em idade pré-escolar. Atualmente, o Colégio de Aplicação Telma Vitória disponibiliza quatro agrupamentos escolares: Maternal 1 e 2 e Primeiro e Segundo Período, para um público com idade entre 2 e 6 anos.
“O nosso intuito é essa ampliação, mas para que ela possa acontecer, é necessário o projeto para um novo espaço físico e a ampliação de códigos de vagas [que permitiria a contratação de mais profissionais]. Se a gente ampliasse, com certeza, haveria demanda. As pesquisas mostram que cerca de 50% da população que necessita de berçários não consegue ser atendida em instituições públicas”, destacou Aline Ferreira.
Outro projeto de médio e longo prazo é a implementação das séries subsequentes ao ensino infantil. A ideia das diretoras da unidade é que, no futuro, o colégio possa vir a ofertar o ensino fundamental e, até mesmo, o ensino médio, como acontece em outros locais semelhantes no Brasil. Elas lembram, porém, que a medida também depende da ampliação do espaço físico e da contratação de mais professores para suprir a necessidade.
“Hoje, a criança sai daqui no segundo período, com seis anos. Com esse projeto, em vez de procurar outra escola, a gente abriria a primeira turma para fundamental e, aos poucos, iria ampliando, mas, para isso, é preciso ter as condições para que a gente consiga atender a essas pessoas”, pontuou a vice-diretora Surama Angélica.
O Colégio de Aplicação Telma Vitória dispõe, hoje, de cinco salas de referência para as crianças. Além desses espaços, a unidade conta com sala de reunião e espaço para a coordenação pedagógica. O funcionamento do colégio se dá em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), que disponibiliza, como contrapartida, servidores que possam atuar nas salas de aula e em atividades que dão suporte ao funcionamento do local.
“Os profissionais enxergam as crianças como pessoas plenas de direito”
A servidora pública Thâmara Gonzaga, que integra a Assessoria de Comunicação da Ufal, mantém duas filhas no Colégio de Aplicação Telma Vitória: as pequenas Ana Maria, de 5 anos, e Mariana, de 2 anos. Para ela, o principal diferencial do espaço é a possibilidade de desenvolvimento integral das crianças. Thâmara se diz encantada com a forma como suas filhas são tratadas e, mais ainda, como elas se desenvolveram na unidade.
“Os profissionais enxergam as crianças como pessoas plenas de direito, assim como todo ser humano, respeitando cada etapa, particularidade e característica da infância. As práticas pedagógicas estimulam todos os sentidos, inteligências e emoções”, explicou.
De acordo com Thâmara Gonzaga, outro diferencial do Colégio de Aplicação Telma Vitória está nas oportunidades de aprendizagem realizadas. “Por ser na Ufal, as crianças têm a chance de vivenciar tudo que a Universidade oferece. Ana Maria já participou de aula em laboratório de química, já foi ao complexo esportivo da Ufal, já teve aula com estudantes de Música, de Educação Física, entre tantas outras atividades”, expôs a servidora.
O mesmo sentimento é compartilhado pela pedagoga Marseille Lessa, que ingressou no espaço no ano de 1987, quando ele funcionava nas imediações da Avenida Buarque de Macêdo, no Centro de Maceió. Marseille conta que ainda hoje guarda boas memórias dos momentos vividos no espaço e como essa vivência contribuiu para sua formação.
“O período que passei na unidade me marcou muito, porque eu consigo me lembrar de inúmeros momentos que vivenciei. Lembro, por exemplo, do gosto do feijão que comia no refeitório, com abóbora, com cenoura, com gosto de casa. Eram momentos gostosos. É tão forte isso que eu nunca encontrei esse sabor em outro lugar. Lembro de vivências no período junino, correndo naquele espaço. Também adorava brincar na areia”, afirmou.
Marseille Lessa - que fez sua graduação, mestrado e cursa o doutorado na Ufal - acrescenta: “As vivências eram sempre muito lúdicas, incluindo a participação da minha mãe. Eu me sentia acolhida naquele espaço. O que eu vivi na creche me fez pensar, muito antes de cursar a graduação, em proporcionar aquilo para as minhas filhas”.
Para Aline Ferreira, diretora do Colégio de Aplicação Telma Vitória, esse retorno dos pais e ex-alunos é motivo de orgulho. “Quando eles dão para gente essa devolutiva, de dizer que foi um período que marcou a vida deles, que foi importante, que foi divertido, que eles brincaram, que tiveram infância, para mim, faz muita diferença. Profissionalmente, aqui tem sido desafio, mas também serve para amadurecimento e aprendizado”, concluiu.
Seleção
Se em sua origem, as vagas do Colégio de Aplicação Telma Vitória eram dirigidas para filhos de servidores e estudantes da Ufal, essa realidade vem se modificando ao longo dos últimos anos. Atualmente, as seleções são públicas, com editais disponibilizados nos canais de comunicação oficiais da Universidade. Qualquer interessado pode concorrer a uma das vagas, que são definidas por sorteio.
Matéria publicada na Revista Saber Ufal de 2023. Veja aqui essa e outras matérias.