Turma de Farmácia lança e-book com 19 plantas medicinais
Livro digital é uma atividade da disciplina Fitoterapia e traduz a linguagem técnica presente nos documentos da Anvisa
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Guia prático: preparo e uso racional de chás medicinais é o nome do e-book produzido por umas das turmas da disciplina Fitoterapia do curso de Farmácia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O material, produzido sob a orientação da professora Sâmia Andrícia Souza da Silva, já está disponível e tem como objetivo melhorar o acesso a informações presentes em documentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O livro digital pode ser acessado gratuitamente aqui.
De acordo com a professora, foram escolhidas para o projeto 19 plantas citadas com maior frequência pelos informantes dos estudantes e que possuíam monografias nos documentos oficiais da Anvisa. São elas: alcachofra, boldo-do-chile, boldo verde, camomila, capim santo, carqueja, colônia, erva cidreira, erva doce, espinheira-santa, eucalipto, funcho, goiabeira, hortelã miúda, maracujá, pitangueira, quebra-pedra e romã.
Com o olhar voltado para preparar os futuros profissionais farmacêuticos para implementação de ações de educação em saúde, os estudantes foram convidados a transformar a linguagem técnica, presente nos documentos da Anvisa, em uma linguagem mais acessível, tendo os informantes como público-alvo.
De acordo com a professora Sâmia, o formato digital foi escolhido para facilitar a inclusão de imagens das plantas, com o intuito de facilitar a identificação delas, ampliar o acesso às informações para além dos informantes dos estudantes e que, em algum momento, o material possa ser utilizado em ações de educação em saúde. “O objetivo é disponibilizar informações validadas pela Anvisa sobre o uso das citadas plantas na forma de remédio caseiro, visto que, hoje, temos inúmeras páginas de internet apresentando fórmulas milagrosas e diversos preparos caseiros, na maioria das vezes, não confiáveis. A elaboração de um e-book, também foi a forma que encontramos de valorizar o conhecimento popular mostrando que temos conhecimentos científicos que ratificam este uso popular”, reforçou.
A docente afirma que, entre outras coisas, o e-book é um material de consulta com linguagem acessível, traz informações sobre indicação de uso da planta medicinal, ensina como se faz o preparo correto, qual a dosagem correta, além de mostrar também os possíveis problemas que podem surgir ao usar a planta. Outro ponto que consta no e-book é a indicação de quem não deve utilizá-la ou que é mais susceptível a desenvolver problemas com uso.
“Essa parte final, ajuda a desmistificar algo que está muito presente no imaginário popular: ‘porque é natural não faz mal’. Apresentar os possíveis problemas na utilização de plantas medicinais pode auxiliar na criação de um olhar mais criterioso para esta prática e, até mesmo, estimular os usuários a informarem este uso durante um atendimento de saúde”, destacou.
Atividade e produção
Sâmia é docente da Ufal há quase 20 anos e ministra as disciplinas Farmacognosia 1 e 2 e Fitoterapia, ofertadas na graduação em Farmácia. Doutora em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, ela coordena o Grupo de Estudos em Plantas Medicinais (Geplam), o Laboratório de Farmacognosia do ICF e a Liga Acadêmica de Ativos do Instituto de Ciências Farmacêuticas, unidade acadêmica que integra o Campus A.C. Simões.
Segundo a docente, o material que resultou no Guia prático: preparo e uso racional de chás medicinas fez parte da nota AV1. A concepção, a busca pelo conteúdo e a escrita foram desenvolvidos durante o primeiro bimestre da disciplina e o material produzido individualmente na perspectiva de ser uma avaliação formativa. “Eu sempre incluo, no início da disciplina, uma atividade na qual os estudantes devem entrevistar um parente ou pessoas próximas, sobre o uso autorreferido de plantas medicinais, para comprovar que esta é uma prática muito comum na nossa sociedade e, também, para aguçar a curiosidade dos estudantes sobre o assunto”, enfatizou.
Na aula seguinte, dentro da dinâmica do processo de aprendizado, os estudantes relatam as informações que obtiveram dos seus informantes, o que se constitui no ponto de partida para desenvolver os conhecimentos sobre a área: “Depois passamos pela legislação específica, principais documentos oficiais, tipos de preparados caseiros de plantas medicinais e principais formas farmacêuticas dos fitoterápicos. Nesta turma, tivemos recorrência de plantas que eram relatadas com usos e/ou modos de preparo diferentes, o que nos chamou atenção”.
A professora afirma que, na perspectiva da aprendizagem ativa e avaliação formativa, a ideia de produzir um material que contemplasse essas 19 plantas, padronizando e melhorando o preparo para que as informações pudessem retornar aos informantes, possibilitou que os estudantes priorizassem o acesso às informações dos documentos que orientam o uso de plantas medicinais e exercitassem os conhecimentos que estavam sendo apresentados ao longo da disciplina. Tudo baseado nesses documentos disponibilizados pela Anvisa, fonte de informação para profissionais da saúde.
Além disso, ao ilustrar o e-book com fotos das espécies vegetais para facilitar a identificação das plantas, os estudantes buscaram, inicialmente, em fontes inespecíficas da internet. “Nesta etapa, ficou evidente a diversidade de espécies que podem receber o mesmo nome popular, o que acabaria sendo um problema”, alertou Sâmia, ao complementar que, posteriormente, foram consultadas fontes específicas na área de botânica, como herbários e projetos de botânica, em busca de fotos que apresentavam licença para uso não comercial e que, de fato, representassem corretamente as espécies selecionadas
A produção foi independente e contou com apoio das pessoas listadas no e-book. A equipe envolvida no projeto foi formada pelos estudantes: Ana Cláudia Nascimento Sobreira, Ana Beatryz Ascendino dos Anjos, Déborah da Silva Henriques, Eloisa Bortolote Oliosi, Gustavo dos Santos Melo, Gustavo Rafael Angelo Diniz, Idalina Vitória da Silva, Kamyla Ellen Correia da Silva, Kawã Victor Alves Freire da Silva, Sâmella Hackssa Araújo de Oliveira Nascimento, Wagner Arestides, Luciano e Yasmin Montenegro de Lima.