Crianças lançam mais uma edição do projeto Misturolândia na Bienal
Iniciativa reuniu 23 pequenos autores de escolas públicas e privadas que escreveram as próprias histórias
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Muita emoção e a sensação de dever cumprido. Esse foi o clima sentido no Quilombo Literário por pais, familiares, educadores e pequenos autores que vivenciaram um momento pra lá de especial no lançamento da quinta edição do livro do projeto Misturolândia, realizado na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. A iniciativa reuniu 23 pequenos autores de escolas públicas e privadas, que escrevem e ilustram suas próprias histórias ao longo de um ano, cheio de muitos encontros e de oficinas criativas.
O Misturolândia é um projeto de etensão da Universidade Federal de Alagoas e, segundo Carlos Everaldo Costa, coordenador do projeto, o objetivo é despertar na criança a imaginação e respeitar sua criatividade: “Na escola, às vezes, é dado um tema que é super importante. Mas aqui a gente tenta deixar o tema livre, porque no final das contas todo adulto, em algum momento da vida, fez uma historinha ali e essa historinha se perdeu. Então esse é pelo menos a intenção de ter um registro dessas histórias num conjunto com o que elas fazem. Então, para produzir o livro, a gente realiza um trabalho durante um ano com várias oficinas, onde foram feitos passeios em Jaraguá, visitas a museus”, destacou o docente.
Ele conta que, para a edição deste ano, a produção da obra contou até com uma visita a um cemitério: “Esse ano foi interessante, porque a gente visitou até o Cemitério da Piedade por conta da história da Mulher da Capa Preta e fomos ainda à casa do Mestre Verdelhinho, que é um mestre de cultura. Fizemos oficinas de gastronomia, finanças pessoais, ou seja, foram várias oficinas durante o ano para que as crianças pudessem se inspirar e, a partir daí, criar sua própria história e ilustração”, comentou.
Suporte à produção
Para dar suporte à produção literária, a obra contou com apoio de pedagogo, psicólogo, assistente social, designer, administradores e contadores.
A pedagoga Leide Brito, que já está no projeto há 10 anos, reforçou que o Misturolândia busca criar um ambiente acolhedor, diferente da rotina escolar: “É um trabalho lindo, maravilhoso com as crianças, onde a literatura é campo de tudo isso. Aqui, elas têm liberdade para criar. É um momento prazeroso para as crianças e não tem aquela essência de escola, porque é outro ambiente”, explicou.
Com a palavra, os pequenos escritores
Entre os escritores, existem aqueles que estão há mais tempo e aqueles que são estreantes, como é o caso de Maria Flor Martins, de 13 anos, que apresentou a história Lírio, o gato super-herói. De acordo com ela, a história é de criança para criança e fala de seu gatinho de estimação que leva o mesmo nome do personagem da obra.
“Ele é um pouquinho velho, mas a história que eu contei é muito boa. Ele vira um gato super-herói e é adotado por uma menina chamada Vitória”, adiantou Flor, destacando que quem quiser saber da história na íntegra precisa ler o livro.
Para ela, participar do projeto é uma mistura de satisfação com orgulho do sua própria conquista: “É muito gratificante, porque você fica orgulhosa do seu próprio progresso. Ver que você escreveu uma história e que as pessoas vão ler essa história, que talvez gostem” contou ela, ao completar que a mensagem que quer passar é que as pessoas precisam acreditar nelas mesmas.
A jornalista Simoneide Araújo, tia-mãe de Maria Flor, disse que ao ser convidada para participar do projeto já sabia que a sua pequena escritora toparia essa aventura: “Quando eu falei pra ela, os olhos dela brilharam. E a partir daí começamos a participar de todas as oficinas realizadas pelo projeto, como a oficina sustentável, a oficina de culinária. Ela se envolveu direitinho e do jeitinho dela”, frisou, Simoneide, complementando que, com orientação das pedagogas, Flor conseguiu produzir o texto sozinha.
A escritora mirim, Bianca Souza da Costa, de 10 anos, falou um pouquinho da história escrita no projeto: “A minha história é Causos Contados por Lara. São causos que ela conta sobre a cidade dela de Maceió, só que são causos inventados com pessoas que ela conhece”, contou.
A escritora de 12 anos, Júlia Pontes, apresentou a continuação da história As Aventuras de Iago, o Gatinho Valente: “Eu acho que a história do Iago que eu fiz na primeira vez ficou muito bom e eu sabia que tinha mais coisa aí, porque o Misturolândia é um projeto muito legal que dá pra tirar da caixinha as ideias e fazer essas coisas darem certas.”
João Guilherme, de 6 anos, o mais novo do grupo, e sua irmã Maria Isabel, de 12 anos, também participaram desta edição do projeto: “A minha historinha é dos primos Lucas e Léo. Eles perderam o caminho que eles foram de bicicleta e pararam na floresta, lá eles encontraram o leão”, contou o pequeno João.
Seu pai, Madson Monte, que veio acompanhado da família toda, destacou que o processo foi muito interessante e construtivo: “A gente visita, museus, pontos turísticos de Alagoas, tem oficinas com ele para estimular, e aos poucos a gente vai vendo essa história aparecer”, afirmou.
Para ele é uma grande responsabilidade, inclusive já inserir nele a importância da leitura e da escrita. Muito orgulhoso, o pai contou que a irmã do pequeno João Guilherme também participou do livro: “Minha filha, Maria Isabel tem 12 anos. Esse ano ela escreveu a historinha As três Borboletinhas exploradoras e já é o volume 2”, destacou.
Sobre a Bienal
A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas é realizada pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo de Alagoas, com correalização da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes) e patrocínio do Senac e do Sebrae Alagoas.
Sob a curadoria do professor Eraldo Ferraz, diretor da Edufal, o maior evento cultural e literário do estado também tem como parceiros a plataforma de eventos Doity, a rede de Hotéis Ponta Verde, o Sesc, a Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), além das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), de Turismo (Setur) e de Comunicação (Secom) de Alagoas.
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