Pesquisa que integra nanotecnologia e fitoterapia recebe prêmio internacional

Equipe de estudantes do doutorado em Biotecnologia na Ufal foi premiada na categoria comunicação oral; trabalho teve foco no tratamento de feridas

Por Ascom Ufal
Estudo propôs o melhoramento da solubilidade, estabilidade e biocompatibilidade de nanopartículas metálicas a partir da utilização de plantas medicinais com potencial ação anti-inflamatória
Estudo propôs o melhoramento da solubilidade, estabilidade e biocompatibilidade de nanopartículas metálicas a partir da utilização de plantas medicinais com potencial ação anti-inflamatória

Estudantes de doutorado do Programa de Pós-Graduação da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), tiveram reconhecimento internacional com um estudo que busca otimizar procedimentos para tratar feridas.

pesquisa "Explorando recursos naturais para melhorar o desempenho de nanopartículas metálicas na perspectiva do tratamento de feridas", de autoria de Fabianny Torres, Davi Porfírio e José Vinícius, sob orientação da docente Anielle Silva, foi premiada na categoria comunicação oral durante o 4º Congreso Latinoamericano de Heridas, Estomas e Incontinencias, promovido pela Confederación Multidisciplinaria Latinoamericana de Heridas, Ostomías e Incontinencia (COMLHEI) e pela Asociación Transdisciplinar de Heridas, Estomas e Incontinencia (ATHEI). O evento foi realizado em Buenos Aires, Argentina, entre os dias 13 e 15 de novembro, e reuniu representantes de todos os países da América Latina e outras regiões do mundo, abordando a temática “Inovação científica e prática clínica avançada: elevando o padrão de atendimento para feridas, estomas e incontinência na América Latina”.

“O estudo propôs o melhoramento da solubilidade, estabilidade e biocompatibilidade de nanopartículas metálicas a partir da utilização de plantas medicinais com potencial ação anti-inflamatória, antimicrobiana ou cicatrizante que são popularmente conhecidas em nossa região”, explicou Fabianny.

Enfermeira egressa da Escola de Enfermagem (Eenf) da Ufal, onde também realizou o mestrado, Fabianny desenvolve estudos em busca de melhoramento biológico de nanopartículas, mais biocompatíveis, e sua aplicação para o desenvolvimento de produtos para o tratamento de feridas. Servidora da Ufal lotada no Ambulatório de Cicatrização de Feridas Complexas do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU), ela explica a importância de se pesquisar novas formas de tratamento:

“As feridas são um problema de saúde pública e a resistência microbiana aos antibióticos é uma preocupação mundial que impulsiona a busca por opções terapêuticas mais eficazes. A pesquisa promove integração entre nanotecnologia e fitoterapia, alinhando-se à sustentabilidade e à inovação, tendo como principais achados a obtenção de nanocompósitos antimicrobianos menos tóxicos, mais biocompatíveis e com perspectiva de potencial aplicação no desenvolvimento de coberturas para o tratamento de feridas”, destacou.

Na continuidade do estudo, informa a pesquisadora, o grupo trabalha com a perspectiva de buscar parcerias para ampliar os testes de caracterização do produto, bem como avaliar viabilidade celular, citotoxicidade e atividade cicatrizante.

Com orientação da professora Anielle Silva, que trabalha com o desenvolvimento de nanopartículas metálicas para aplicação agropecuária e para a saúde, além do estudo premiado, Fabianny e Davi Porfírio participaram do evento na Argentina e apresentaram outros trabalhos decorrentes de pesquisas realizadas pelo grupo do Renorbio Ufal.

Pesquisa para melhorar o atendimento

Atuando como técnica administrativa da Ufal no HU, Fabianny Torres ressalta a felicidade em poder pesquisar sobre desenvolvimento biotecnológico em sua área de atuação, tendo em vista encontrar produtos inovadores no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS).

“O ambulatório de feridas é um campo vasto para o desenvolvimento de pesquisas. Temos uma equipe de excelência e cada paciente atendido nos impulsiona a melhorar nosso serviço e nossa formação. Em minha prática diária, sempre me senti motivada e com uma inquietude de pesquisador, em busca de respostas para o que nos incomoda. No mestrado, realizei um ensaio clínico, fase 1 com gel, para o tratamento de feridas. O doutorado me permitirá melhorar esse produto através da nanotecnologia”, relatou.

Davi Porfirio, atualmente, é professor substituto da Faculdade de Medicina (Famed) da Ufal. No mestrado, desenvolveu pesquisa para identificação de S. aureus resistente à Meticilina em pacientes atendidos no Ambulatório de Feridas do HU. Em seu doutorado, desenvolve e avalia nanopartículas com potencial atividade antimicrobiana na perspectiva do tratamento de feridas.

As atividades da pesquisa, atualmente, estão em fase de bancada e são desenvolvidas no Laboratório de Pesquisa e Tratamento de Feridas (LPTF) da Escola de Enfermagem, onde os alunos receberam apoio para realizar suas atividades experimentais. Além do LPTF, os laboratórios da Faculdade de Nutrição (Fanut), Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), Instituto de Física (IF), Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU) são utilizados para o desenvolvimento dos experimentos.

Tal cooperação mostra a importância da interdisciplinaridade e da colaboração mútua para o crescimento da pesquisa acadêmica. Os doutorandos destacam e agradecem a colaboração do aluno de iniciação tecnológica, José Vinícius Melo da Silva (Eenf), e o acolhimento da direção e professores de cada unidade acadêmica.