Dia das Mulheres e Meninas na Ciência será lembrado em evento na Ufal

O Brilhante Meeting vai receber novas bolsistas de escolas públicas e debater sobre os espaços das mulheres nas ciências e também sobre saúde mental

Por Manuella Soares - jornalista
- Atualizado em 07/02/2025 19h50

Querer ser cientista é um sonho considerado por muitas meninas e mulheres. E essa possibilidade vem crescendo ao passo em que é incentivada por quem já está nas ciências. Um incentivo assim parte do projeto Brilhante Mente, da Ufal, que vai comemorar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência na data dedicada a elas, 11 de fevereiro.

Será um evento para dar as boas-vindas às novas bolsistas de escolas públicas que foram selecionadas para conhecer mais sobre a Física Estatística e Computacional Aplicada à Neurociência. A atividade intitulada Brilhante Meeting está marcada para iniciar às 9h, no auditório do Instituto de Física da Ufal (IF).

A programação do evento inclui a Roda de Conversa: Mulheres na Ciência, com Sendy Nascimento, Jéssica Lima e Thaís Feliciano. À tarde haverá um momento de interação entre as bolsistas do projeto, denominado Circuito Brilhante e vai encerrar com a palestra da psicóloga Camila Carnaúda, falando sobre O autocuidado no cotidiano: desafios e estratégias em saúde mental.

“Esperamos incentivar ainda mais meninas e mulheres a participarem do projeto e de outras atividades para encorajar meninas e mulheres na ciência!”, convidam as monitoras.

Brilhante Mente

O projeto de extensão coordenado pelas professoras Fernanda Selingardi Matias e Maria Socorro Seixas Pereira, do Instituto de Física da Ufal foi aprovado pelo CNPq e conseguiu financiamento de quase R$ 600 mil para fomentar a inclusão, capacitação e permanência de mulheres e meninas nas áreas de exatas ao longo de 36 meses.

De acordo com as professoras, o objetivo principal é criar uma rede de apoio de pessoas que se identificam com o gênero feminino, promovendo interação, colaboração e encorajamento científico, emocional e intelectual. O grupo reúne alunas de escolas públicas de Alagoas, estudantes de licenciatura e bacharelado em Física e outras áreas de ciências exatas, engenharias e computação, além de alunas de pós-graduação, pesquisadoras e professoras universitárias e de escolas.

As participantes vão poder aprender conceitos fundamentais em física, matemática, estatística e computação, assim como o desenvolvimento de habilidades de pesquisa científica, escrita, comunicação oral, linguagens de programação e análise de dados. O projeto pretende desertar o interesse das meninas e mulheres para as carreiras nas áreas exatas, mas, mais do que se familiarizar com tecnologia e neurociência, existe um incentivo que tem a ver com identidade:

“Esperamos que as participantes reconheçam em si mesmas, nas suas colegas e nas professoras e pesquisadoras suas mentes brilhantes e sua capacidade de aprender e de realizar pesquisa [ou qualquer outra tarefa] brilhantemente”.

Gênero e genialidade

Para submeter o projeto ao CNPq, as pesquisadoras contextualizaram sobre a falta de diversidade de raça, classe e gênero na ciência como um problema sistêmico da nossa sociedade. E para motivar que meninas e mulheres ingressem e permaneçam no ambiente acadêmico, elas reforçaram dados que alertam para a necessidade de preservar o que as meninas cultivam lá na primeira infância.

“Um estudo publicado na revista Science, em 2017, mostrou que dos 5 aos 7 anos ocorre uma mudança na percepção das meninas sobre o gênero de uma pessoa considerada brilhante. Aos 5 anos, meninas e meninos associam ao seu próprio gênero o personagem de uma história considerado ‘muito muito inteligente’. No entanto, já aos 6 e 7 anos, as meninas associam significativamente menos vezes brilhantismo ao seu próprio gênero. Esses dados abrem espaço para uma série de questionamentos sobre como mostrar para as meninas que meninas e mulheres são brilhantes”, cita o projeto. 

Outro propósito do projeto é mostrar a importância do esforço e da dedicação nas atividades relacionadas à pesquisa e à tecnologia para não reforçar a ideia de que “para ser cientista é necessário ser um gênio”. Por isso, o Brilhante Mente incentiva “o trabalho colaborativo, o raciocínio lógico, a criatividade e a proatividade das participantes. Esse conhecimento tem ampla aplicabilidade em áreas como física, ciência de dados, engenharia, ciência dos materiais e tecnologia, com destaque para as aplicações biomédicas e neurocientíficas, como diagnóstico de doenças neurológicas, inteligência artificial, robótica e interfaces cérebro-máquina.

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