Ufal promove acolhimento para estudantes novatos com deficiência

O acolhimento, realizado pelo Núcleo de Acessibilidade (NAC)  destinou-se aos 24 estudantes aprovados no Sisu, pelo Sistema de Cotas, matriculados em variados cursos do Campus A. C. Simões

Por Diana Monteiro - jornalista e Renner Boldrino - fotógrafo
- Atualizado em 06/02/2025 01h18
Equipe do NAC promoveu acolhimento no dia 30 de janeiro
Equipe do NAC promoveu acolhimento no dia 30 de janeiro

Formar e qualificar para o disputado mercado de trabalho são compromissos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), enquanto instituição de ensino superior pública e gratuita, tendo a inclusão largo espaço em sua plataforma de trabalho executada por meio de diversos programas e serviços. Um dos destaques para a educação inclusiva na instituição alagoana são as ações realizadas pelo Núcleo de Acessibilidade (NAC), direcionadas à Pessoas com Deficiência (PCDs), visando a otimização da rotina acadêmica e a vida universitária desse público-alvo.

Dentro da rotina de trabalho, o NAC do Campus A.C. Simões promoveu  no dia 30 de janeiro mais uma atividade de acolhimento às Pessoas com Deficiência (PCDs), que  ingressaram na Ufal nesse semestre letivo, aprovadas  pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu), dentro do Sistema de Cotas. De um total de 39 estudantes, o Campus da capital matriculou em variados cursos de graduação, 24 PCDs. O Campus Arapiraca, na sede, recebeu oito estudantes, a Unidade Palmeira dos Índios, três e a Unidade Penedo, dois alunos.  O Campus do Sertão, na sede Delmiro e na Unidade Santana do Ipanema, cada uma recebeu um estudante PCD.  

A solenidade teve como local o auditório da Reitoria e contou com a participação do pró-reitor estudantil, Alexandre Lima, que fez uma explanação geral sobre o que a Pró-reitoria Estudantil (Proest) oferta ao segmento para facilitar e otimizar a vida universitária, principalmente, de pessoas com deficiências. Ele destacou as parcerias existentes, a promoção de cursos de capacitação e os serviços ofertados para estudantes, de uma forma geral, desde o suporte acadêmico até o de cuidados à saúde.

Presentes à atividade, representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e do Coletivo dos Estudantes com Deficiências. “É muito importante esse momento de acolhimento porque demonstra para os alunos que têm necessidades dos serviços esse contato com a Proest para o suporte acadêmico”, frisou Adeildo Wachill dos Santos, do DCE e graduando do curso de Letras-Libras.

Além da coordenadora de Qualidade de Vida Acadêmica (CQAVA) da Proest, Adriana Guimarães Duarte, o acolhimento foi conduzido pelos pedagogos Edivan Claudino e Fernando Mendonça e pela assistente social, Daniele Marinho, que integram a equipe multidisciplinar responsável pela ação institucional. “A cada início de semestre letivo são realizadas atividades de acolhimento aos alunos que ingressam na instituição, para conhecimento dos serviços em atividade, principalmente, os disponibilizados por todos os NACs da instituição alagoana”, reforçou a coordenadora geral.

Conheça o NAC

O NAC está na estrutura administrativa da Pró-reitoria Estudantil (Proest), e tem como missão a implementação de ações para a inclusão de pessoas com deficiência, transtornos do neurodesenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Por meio de Núcleos setorizados contempla os quatro campi da Ufal. No Campus A.C. Simões está instalado na Proest (prédio da Reitoria). No Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca), a sala do NAC fica ao lado da secretaria da unidade. O Campus Arapiraca oferta ao seu segmento discente núcleos instalados na sede Arapiraca, onde funciona a Sala da Gerência Estudantil (GAE), na Unidade Penedo e na Unidade Palmeira dos Índios. O Campus do Sertão dispõe de um Núcleo de Acessibilidade na sede Delmiro e outro na Unidade Santana do Ipanema.

De acordo com Adriana, que também está na coordenação geral do NAC, o objetivo dos núcleos é promover a remoção de barreiras físicas, pedagógicas, atitudinais, comunicacionais e digitais, para garantir uma trajetória acadêmica com mais qualidade de vida e cuidados para esses estudantes com deficiências. “A parceria existente com coordenações de cursos, envolvendo diretamente o corpo docente, possibilita, inclusive, a elaboração de um Plano Educacional Individual (PEI), que serve de auxílio ao aluno nas temáticas abordadas na graduação. São PCDs cadeirantes, surdos, deficientes visuais, autistas e deficiente intelectual.  Há também superdotados, mas o NAC nunca foi procurado para o suporte acadêmico”, destacou.

Superação e expectativas

A importância da atividade de acolhimento feita pela Proest foi enaltecida pelo estudante Washington da Silva Moura, que ingressou no curso de Serviço Social este semestre. “Tomar conhecimento das informações é muito importante para nós, por sabermos que há esse apoio da Ufal com programas de inclusão, assim como,  suporte  para o nosso desempenho acadêmico e  rotina universitária”, enfatiza. Cadeirante, Washington é atleta da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal) e, disse já conhecer o Campus A.C. Simões, antes mesmo de ingressar na Ufal. Animado, fala sobre a sua grande a expectativa: “Eu espero sair um bom profissional e que dê tudo certo para seguir carreira no curso que escolhi”.

Com sequelas de dois AVCs hemorrágicos, em menos de um ano de um para outro, quando tinha 24 anos de idade, Renata Naira Ramos Laranjeiras Leite também ingressou como aluna no curso de Serviço Social. Atenta à explanação feita pelo NAC, ela considerou o acolhimento uma importante iniciativa da Ufal para Pessoas com Deficiências. “Querendo ou não, a pessoa com deficiência se sente muito perdida, principalmente na acolhida de acessibilidade básica com outras pessoas, para interação universitária, por exemplo. A acolhida traz uma possibilidade para o conhecimento aos programas da universidade e de  como acessar as informações. Saber que há um núcleo específico para auxiliar, tirar dúvidas, encaminhar, é muito positivo, mesmo eu tendo baixa mobilidade. Importante saber do quanto os programas de inclusão da Ufal possibilitam as pessoas com deficiências a estudar e realizar um sonho de ter uma profissão”, enfatiza.

Atualmente com 36 anos, na Ufal é o primeiro curso que Renata faz, mas já é graduada em Educação Física. Além de ter atuado nessa área de formação,  era atleta de voleibol. Devido a uma malformação na artéria venosa de grau 5,  a estudante disse que, até acontecer o primeiro AVC, nunca havia sentido nenhum sintoma que apontasse alguma fragilidade em sua saúde. Ela aproveita para contar um pouco de sua história:

“Passei mal dando aula na academia aí foi quando descobri o primeiro sangramento, mas me recuperei  e depois de 15 dias voltei à minha atividade profissional.  Posteriormente, fui me submeter a um procedimento cirúrgico e por negligência médica, tive outro sangramento maior, o que me deixou com lesão e me tornou PCD. Fiquei em coma e por um período com paralisia. Recuperei-me, mas fiquei com sequela. Mas tudo que vivi me levou a acordar para muita coisa. Estou no meu segundo curso com grandes expectativas e perspectivas na busca para um futuro profissional”, diz a estudante, animada com o rumo que deu a sua vida.

A aluna PCD Rebeca Vitória Carvalho Tenório se fez representar na atividade de acolhimento pelos seus pais, Rosimeire dos Santos Carvalho e Paulo Jorge Gomes Filho, que escutavam atentamente toda explanação feita pela equipe do Núcleo. Rebeca, tem deficiência intelectual e estava, na oportunidade, em aula no curso de Letras - Português. Para os pais, o suporte acadêmico que sua filha terá na Ufal é de grande importância. Eles também parabenizaram a iniciativa da instituição em não só ter à disposição serviços de suporte, como também, levar ao conhecimento o que dispõe para o específico público-alvo.   

Serviços e programas de inclusão

Em novembro de 2023 a professora Adriana Duarte assumiu a do Núcleo de Acessibilidade (NAC) da Ufal. Ela afirmou que 2024 foi o ano da reestruturação do Núcleo. A equipe multidisciplinar (dois pedagogos, duas assistentes sociais e dois psicólogos) que estão atuando diretamente no NAC Maceió, vem dando apoio aos NACs dos demais campi. Ano passado, segundo Adriana, também foi feito um trabalho de informação às coordenações com orientações para o Plano Educacional Individual (PEI) dos alunos.

Segundo a coordenadora, 2024 foi o ano de se saber como lidar com esse público universitário (PCDs),  que vem cada vez mais aumentando na universidade,  e informa que nas metas traçadas há projetos em andamento visando à  acessibilidade. Adianta que ainda este mês o NAC  estará enviando cartazes para as coordenações de cursos para que estudantes, professores, coordenadores,  tenham os contatos dos seus setores e demais setores do NACs , visando agilizar a participação aos serviços em desenvolvimento. “A partir do momento em que o aluno entra em contato com o Núcleo de Acessibilidade,  ele é acolhido por uma dupla da equipe para os devidos encaminhamentos”, diz Adriana.

Ela aproveita para citar os vários serviços disponíveis, horários de funcionamento e o suporte dado por cada um, a exemplo do Mobi Ufal. O programa é destinado à mobilidade do aluno e visa criar uma rede solidária, promovendo maior segurança e interação entre estudantes com deficiência durante seus deslocamentos pela universidade. Uma iniciativa que fortalece a inclusão social e a integração entre todos os alunos. O serviço funciona de 7h às 22h e é executado por uma equipe de oito alunos. 

Está também disponível para o segmento estudantil de uma forma geral, o Centro de Inclusão Digital (CID). O espaço oferece cursos de Informática para estudantes de graduação, ampliando o acesso ao mundo digital e preparando-os para o mercado de trabalho, além de auxiliar no desenvolvimento acadêmico e profissional. Outro serviço ofertado pela Proest é o Laboratório de Acessibilidade (LAC), localizado na Biblioteca Central (BC) da Ufal. Tem como principal função adaptar materiais didáticos para estudantes com deficiência, além de realizar serviços de audiodescrição mediante solicitação.

Toda última sexta-feira do mês, a Pró-reitoria Estudantil (Proest), realiza uma live no YouTube, discutindo temas voltados à melhoria do desempenho acadêmico de estudantes. O programa "Sextou com Paape" também é uma oportunidade para compartilhar estratégias de apoio e inclusão acadêmica.

A importância dos programas de auxílios financeiros para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, também foi destacada. Até dia 14 deste mês estão abertas, por meio de edital de cadastramento socioeconômico, as inscrições para os auxílios disponibilizados na Universidade.

Como Acessar

Para conhecer mais sobre as ações e os recursos de acessibilidade disponíveis, basta acessar o perfil oficial da Proest no Instagram,  @proestufal, e acompanhar as novidades e informações sobre programas, cursos e outros serviços voltados à inclusão e ao bem-estar dos estudantes da Universidade Federal de Alagoas.

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.