Mestrado em Ensino na Saúde conquista a primeira patente no INPI
Registro veio com jogo educativo sobre cuidados com escorpiões
- Atualizado em 16/05/2025 16h15

A primeira patente do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (MPES), da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Alagoas, veio com o trabalho do técnico em laboratório, Victor Câmara, e das docentes Andrea Marques Fregadolli e Ana Alves Bomfim. Durante o curso de pós-graduação, a equipe desenvolveu um jogo educativo sobre cuidados e medidas preventivas contra escorpiões.
O anúncio da conquista pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) saiu no mês de abril e foi bastante comemorado pela comunidade do MPES. O registro de uma patente representa a exclusividade sobre o produto, ou seja, quem tiver interesse em reproduzir precisa negociar a autorização de uso com os titulares.
“Recebi com grande entusiasmo essa excelente notícia da minha primeira patente. Registro um agradecimento especial às professoras Andrea Fregadolli e Ana Bomfim [da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas] pela assistência, paciência e excelente orientação durante todo o processo. Que esse trabalho possa ser um exemplo inspirador de como a união, a vontade, a criatividade, o trabalho em equipe e a excelência acadêmica podem gerar bons frutos”, destacou Victor.
Além de ser servidor da Ufal, Victor atua como analista epidemiológico na Coordenação Geral de Análise de Situação de Saúde (CGASS) da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió. E foi desse local de trabalho de onde surgiram os dados sobre acidentes por escorpiões que o levaram a abordar o tema no mestrado.
“Acidentes com animais peçonhentos são agravos de notificação compulsória. Dentro desse grupo, temos os acidentes por escorpiões que, segundo dados do Sinan [Sistema de Informação de Agravos de Notificação], representam, aproximadamente, 96% dos casos em Maceió. Comparando com os dados nacionais, Maceió figura como a capital com o maior número de agravos com escorpião, ocupando o primeiro lugar quando se considera as capitais do Brasil”, explicou o servidor.
Atento a esses números, ele decidiu desenvolver um jogo voltado para esclarecer a população. “Os escorpiões são animais peçonhentos que se adaptaram a viver bem próximo dos seres humanos. Crianças e idosos tendem a apresentar maior vulnerabilidade às picadas desses animais, por apresentarem massa corpórea menor e a peçonha se espalhar muito rápido. Por isso, o nosso foco foi, por meio da diversão, levar conhecimento sobre acidente escorpiônico, visando prevenção e, caso acontecer o acidente, saber o que fazer”, acrescentou.
O jogo de tabuleiro é bem didático e colorido. Vem com cartas, dados e peças para os jogadores se movimentarem. A cada rodada, é possível avançar ou retroceder o número de casas, caso o jogador encontre a dica com medidas preventivas ou com a penalidade por não ter tomado os cuidados necessários. Todas as informações utilizadas no material foram retiradas do manual produzido e disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
“O jogo é para todas as idades. Pode ser jogado em família, na escola, pois o objetivo é ensinar sobre como lidar ao encontrar o escorpião, como agir em casos de acidente e quais medidas tomar para evitar que os animais apareçam”, afirmou o servidor da Ufal.
Além do jogo educativo patenteado, Victor também desenvolveu um aplicativo para facilitar o ensino sobre escorpiões para estudantes de medicina. O material é utilizado, internamente, na Secretaria de Saúde de Maceió durante as atividades do estágio em Saúde Coletiva, no qual ele atua como preceptor.
Resultados positivos
Professora Andréa Fregadolli, atual coordenadora do MPES, auxiliou o servidor na construção do jogo e celebrou a aprovação da primeira patente. “Fiquei muito emocionada e vibrei bastante com a notícia, por ter sido construída por um discente durante a minha disciplina de Desenvolvimento e Pesquisa de Produtos Educacionais”, afirmou.
Antes da submissão ao INPI, a docente relata que o jogo passou pelo processo de validação da Uncisal e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), sendo aprovado pela banca examinadora que considerou a proposta excelente e com potencial para se tornar um brinquedo de sucesso no mercado brasileiro e internacional, visto que foi submetido em quatro idiomas (português, inglês, francês e espanhol).
E para se chegar ao resultado, o processo não foi fácil. Victor relata que foram muitas alterações e ajustes durante a elaboração. “Tivemos muito cuidado com as informações e com a estética para que fosse um produto receptivo ao público, com valor agregado. Na plataforma do INPI, já se registrou potenciais interessados. O jogo tem um potencial muito bom para ser utilizado por municípios, estados, escolas públicas ou privadas, além de empresas”, destacou.
Conforme Andrea, a determinação e o compromisso do servidor foram fundamentais para essa conquista. “Já me emocionei muito com o trabalho do Victor. Às vezes, pensamos em desistir porque as dificuldades são grandes e parece que estamos sempre remando contra a maré, mas quando esses destaques dos estudantes surgem, para nós, docentes do MEPS, é uma satisfação, uma renovação de alma inexplicável, e nos sentimos inspirados. As últimas turmas do nosso programa de pós têm nos dado muito orgulho”, comentou a professora.
E para conseguir tantos resultados positivos ao longo do mestrado, o servidor da Ufal reconheceu a importância do apoio recebido. “Gostaria de dedicar esse trabalho a todos os colegas que fizeram parte da minha trajetória, em especial, aos meus orientadores Diego Dermeval e Francisco Passos, e às professoras Andréa Fregadolli e Ana Bonfim. O MPES é um programa sério e de excelência acadêmica voltado ao ensino em saúde pública, onde, no final, quem sai ganhando é sempre a população por intermédio dos produtos criados pelos estudantes”, ressaltou.
Para saber mais sobre o Mestrado Profissional em Ensino da Saúde (MPES) da Ufal, visite a página eletrônia do programa.
