Equipe Enactus Ufal é campeã de concurso nacional sobre alimentação

Premiação ocorreu no Eneb 2025; planta, considerada um inseticida natural, promove segurança alimentar e uso sustentável da terra

Por Maria Villanova (texto) e Ryan Charles (fotos) – estudantes de Jornalismo
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Time Enactus Ufal vencedor de concurso: Maria Fernanda, Pedro Paz, Gabriele Gomes e Luan Carvalho
Time Enactus Ufal vencedor de concurso: Maria Fernanda, Pedro Paz, Gabriele Gomes e Luan Carvalho

Que tal um composto natural que, além de auxiliar no controle de pragas, contribui para o desenvolvimento sustentável, a agricultura familiar e o prolongamento da vida útil de frutas, verduras e legumes? Essa é a premissa do Econim, projeto campeão do Hackathon Alimentação em Foco, e desenvolvido pelo time Enactus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A premiação aconteceu no Enactus Brasil (Eneb 2025), maior evento de empreendedorismo social jovem do país, e marca uma história de trabalho e superação de desafios.

A equipe, composta pelos alunos Gabriele Gomes e Maria Fernanda (Administração), Pedro Paz (Geografia) e Luan Carvalho (Ciências Biológicas), desenvolveu o projeto de um composto elaborado a partir do estudo sobre a folha do nim (Azadirachta indica) que, apesar de ser considerada uma espécie invasora e prejudicial à Caatinga, possui elementos que podem auxiliar no desenvolvimento sustentável da região. A madeira do nim, por exemplo, é utilizada por artesãos da Ilha do Ferro, localizada no município alagoano de Pão de Açúcar, na elaboração de esculturas e demais objetos.

“A partir das minhas pesquisas e vivências, percebi que se o nim causa problemas ambientalmente, significa também que ela tem um potencial biotecnológico. E pesquisando, percebi que existem pessoas que utilizavam a árvore para controle de pragas, como um inseticida”, contou Luan, que representou a equipe em Belém, Pará, onde foi realizado o Eneb. E acrescentou: “São duas problemáticas trabalhadas: a destinação econômica do nim e a redução do desperdício de alimentos. Foi assim que desenvolvemos o Econim, como um composto natural que contribui para o aumento da vida útil de frutas, verduras e legumes”.

A elaboração do projeto também trabalhou conceitos aprendidos dentro do ambiente acadêmico, colocando-os em prática para a utilização da população, contribuindo para o exercício do papel social da Universidade.

“Dentro do curso de Administração, falamos sobre ESG, sustentabilidade, governança, mas de uma maneira mais acadêmica. Quando trabalhamos em um projeto, dentro da Enactus, procurando soluções, entregamos para a sociedade algo que ela vai aproveitar”, revelou Gabriele. Lucas reforça esse pensamento: “Na geografia, aprendemos que somos nós, seres humanos, que impactamos o meio ambiente e nossas ações devem ser baseadas nisso. O Econim trouxe uma perspectiva local e como os problemas locais podem ser resolvidos dentro do mesmo ambiente.”

Concorrendo com iniciativas das cinco regiões do país, a apresentação do EcoNim conquistou o prêmio por ter o diferencial de ser um projeto ousado e criativo, que transforma uma planta considerada vilã em protagonista na solução da problemática do desperdício de alimentos, dentro do contexto da valorização da agricultura familiar.

“Eu recebi muitos elogios no evento e foi muito bom conquistar algo tão grande em equipe”, disse emocionado Luan, ao relembrar a premiação. Ele foi o representante da equipe em Belém, Pará, e, além do prêmio, também trouxe na bagagem ainda mais ideias para as próximas etapas do projeto.

Conexão e parceria foram diferenciais

Outro destaque que contribuiu para o sucesso do Econim foi a parceria entre os integrantes, unidos por um ideal de fazer a diferença no mundo. Maria Fernanda se emociona ao relembrar os momentos de interação e pesquisa.

“Somos um time forte. As reuniões eram incríveis, aprendemos muito uns com os outros, em nossas vivências. Destaco aqui também todo o suporte recebido do professor Carlos Everaldo, que foi nosso conselheiro e suporte”, disse Fernanda, se referindo ao docente da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (Feac) da Ufal.

A conexão de ideais também foi um diferencial do projeto, com a complementação entre pensamentos e aprendizados obtidos em sala de aula. Enquanto os estudantes de Geografia e Biologia apresentavam pesquisas relativas ao meio ambiente, sobre a problemática do Nim, a utilização das folhas e os benefícios apresentados; as alunas de Administração apresentavam elementos sobre a aproximação com a comunidade, estudos sobre a implementação do projeto, sua viabilidade econômica, social e a própria interação com os beneficiários, mostrando uma sintonia campeã.

Novos rumos

Agora, a equipe busca formas de viabilizar o Econim, buscando parceiros para empreender e investir na pesquisa, além de formas de conversar e se aproximar de comunidades para a implementação do projeto e a busca de resultados

“Nossos próximos passos são, justamente, planejar esse processo de ir até a comunidade e ter essa troca. Validar o produto com testes, avaliações laboratoriais sobre a qualidade e investigar se os alimentos podem ser ingeridos depois. Estamos buscando parcerias e, hoje, vemos a Ilha do Ferro como um local em potencial para experimentarmos a viabilidade do projeto, pelo fato de lá já se trabalhar com a madeira do nim”, reforçou Luan.

Para saber mais sobre a participação dos estudantes no concurso, acesse aqui

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável