Evento Miudezas promove escuta e debate sobre infâncias dissidentes
Simpósio reuniu estudantes, pesquisadores e psicólogos para refletir sobre desafios e possibilidades das infâncias plurais
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Acolhimento, aprendizado e espaço de escuta definiram o 1° Simpósio Alagoano de Infâncias Dissidentes, o Miudezas, promovido pelo grupo de estudo Infâncias Subversivas, Insurgências e Subjetividades (Isis), vinculado ao Instituto de Psicologia (IP) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O evento aconteceu na última quarta-feira (24) e lotou o auditório Vera Rocha, no Campus A.C. Simões, em Maceió.
Com o tema “Por infâncias plurais e possíveis: de quais crianças estamos falando na Psicologia?”, o evento foi idealizado por Eduardo Wesley, aluno egresso do curso e, atualmente, mestrando no IP, numa busca para viabilizar e pluralizar as discussões acerca do tema. “Quando entro no mestrado, venho discutir infâncias dissidentes, pensar como essas infâncias são posicionadas nas dinâmicas sociais. O nome “Miudezas” vem de alguns estudos que trabalham infâncias sob essa perspectiva, colocando-as nesse lugar de pequenas “miudezas”, mas que produzem, em massa, fenômenos sociais”, explicou Eduardo.
Para o coordenador do Isis, Leogildo Freire, o evento existe pela necessidade de ampliar o diálogo para além do ambiente acadêmico. “Nosso objetivo é dar visibilidade a uma pauta que, muitas vezes, é invisibilizada ou tratada como secundária. Por isso, decidimos organizar este evento para que a temática deixe de ser transversal e passe a ocupar o centro das discussões, fortalecendo a mobilização e a integração entre universidade e sociedade”, afirmou.
Caminhos para uma infância segura
A programação contou com a presença de psicólogas que têm a infância como foco de suas pesquisas. A psicóloga Elane Santos conduziu a mesa ‘O brincar como ferramenta de construção de identidades na infância’; enquanto Lanna Vieira mediou a mesa ‘Infâncias em trânsito: estratégias de cuidado em saúde de crianças dissidentes’. Lanna explica que seu trabalho parte do reconhecimento da criança como sujeito pleno e agente de transformação social. “Buscamos olhar para a criança enquanto ser existente, permitindo que ela viva de forma livre e digna, na família e na escola, independentemente de como se porte no mundo. O intuito é que a criança seja criança, com direito ao cuidado e à existência plena”, destacou.
Emocionado, Eduardo diz que ver a proporção que o projeto tomou é de grande significância, uma vez que ele foi uma criança dissidente. Ao ressaltar que é na infância que se constrói a vida adulta e observar que os participantes se sentem tocados pela temática, ele compreende que está dando visibilidade para algo que, de fato, precisa ser estudado, visto e analisado. “Quando falamos em infância dissidente, não falamos apenas de crianças LGBTQIAPN+. Falamos de todas que, de alguma forma, fogem da norma. Sempre digo que pesquisa é visceral, e esse projeto, essa pesquisa e esse evento falam muito sobre mim, sobre quem eu também gostaria que tivesse sido visto e ouvido”, concluiu.