Sapatos simbolizam 2 mil mortes no 7º ato do Ufal em Defesa da Vida
Como forma de representar a morte de 2 mil vítimas de homicídios no estado alagoano em 2009, o 7º ato do Ufal em Defesa da Vida fez exposição de centenas de sapatos na entrada da Reitoria da Universidade. Marco comemorativo da abolição da escravatura, 13 de maio foi o dia escolhido pelo movimento, para enfatizar a violência sofrida pela população negra, alvo principal da violência no Estado.
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Jhonathan Pino, jornalista
Estiveram presentes no evento o vice-reitor Eurico Lôbo, os Pró-reitores Pedro Nelson, da Pró- reitoria Estudantil, Silvia Cardeal, da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas e Trabalho (Progep) e Eduardo Lira, de Extensão, as professoras Ruth Vasconcelos e Fátima Albuquerque, organizadoras do movimento, além de representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal) e da Associação dos técnicos da Ufal (Atufal).
Como forma de conscientizar os presentes, alunos dos cursos de Dança e Teatro fizeram intervenções artísticas e representaram a violência sofrida pela população negra. Denivan Costa, aluno do sétimo período do curso de Dança foi um deles. Ele fez uma performance solo entre os sapatos expostos.
“Essa performance surgiu como matéria do curso e depois utilizei na rua. Hoje fiz essa doação para representar as 2 mil mortes no Estado. É necessário que os artistas se doem mais para representar a difícil realidade em que vivemos. Eu moro no Jacintinho e vivo com essa realidade no cotidiano” disse Denivan.
Vítimas da violência participaram do ato
Uma das famílias presentes no ato lamentou a ausência de familiares das vítimas: “É muito triste participar de um ato que representa a morte de 2 mil pessoas e nem os familiares destas pessoas estarem presentes”, ressaltou Maria Cicera Pino, mãe de Johnny Wilter. Ele era ex-aluno de Geografia da Ufal e foi morto em maio de 2008 em frente à Universidade por um policial.
José Cicero Pino, pai do Johnny, enfatizou a importância da participação da população em eventos como esse “a sociedade tem que tomar parte dessa questão. Tiraram a vida do meu filho, mas podia ser de qualquer um”, falou José Cicero.
Alunos do colégio Monteiro Lobato também participaram do ato: “trouxemos treze alunos para a conscientização dos jovens sobre a realidade de violência que os cerca. Sempre comentamos sobre esse perigo no colégio”, ressaltou coordenador do colégio, Isaías Rocha.
A professora Ruth agradeceu a todos que contribuíram com a campanha. “A nossa intenção é sensibilizar os dados. É dar um impacto a esta estupidez das estatísticas que levam à Maceió o maior índice de violência no país, ressaltou Ruth, que também lamentou o baixo número de pessoas presentes: “esperávamos um número maior de alunos, professores e técnicos neste ato, mas não vamos desistir de lutar pela sensibilização das pessoas”, disse Ruth.
“Esse ato é uma ação promovida pela Proest e que põe em reflexão a cada um de nós que não gostaríamos de está convivendo com a violência. A Universidade estará sempre presente nestes atos, pois nós precisamos não só fazer parte da formação cidadã, como também estar inseridos em questões de maior amplitude”, declarou o vice-reitor.